Segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC), o setor registrou vendas de 6,1 milhões de toneladas em setembro, um crescimento de 4,6% sobre o mesmo mês de um ano antes. No acumulado dos nove primeiros meses, as vendas somaram 50,3 milhões de toneladas, aumento de 3,0% comparado a igual período de 2024. A venda por dia útil atingiu 252,8 mil toneladas, uma queda de 1,9% ante setembro de 2024, porém no acumulado dos nove primeiros meses verifica-se incremento de 3,7%.
O resultado marcou um mercado de trabalho ainda aquecido e ainda impactado pelos juros altos, inadimplência e endividamento elevados. A taxa de desemprego atingiu o menor patamar (5,6% no trimestre encerrado em agosto), com recorde nas séries históricas da população ocupada, empregos formais e massa salarial (alta de 1,4%).
O impacto da incerteza macroeconômica é sentido na construção civil, que ficou mais pessimista no terceiro trimestre, determinada pela queda de confiança nos segmentos de Preparação de Terrenos e Obras de Acabamento e pela menor demanda na contratação de serviços. A Selic elevada intensificou a concorrência dos ativos financeiros frente aos ativos imobiliários. Essa restrição de crédito se refletiu na atividade do setor da construção: os lançamentos caíram 6,8% no segundo trimestre do ano, com a retração ainda mais acentuada no programa Minha Casa, Minha Vida, que registrou queda de 15,5% no mesmo período. Como resultado direto, o número de unidades financiadas pelo SBPE para construção caiu 55,4% no acumulado até agosto/25 em relação a 2024.
As vendas de materiais caíram em agosto/25 e na revisão da projeção de crescimento para o fechamento do ano de 2,8% para 1,8%. O ajuste é reflexo da manutenção dos juros básicos da economia (Selic em 15%) em patamares elevados, o que impacta o varejo e as obras de reforma e autoconstrução. As expectativas de inflação para o ano reforçam a necessidade de manter a Selic em nível restritivo, limitando o impulso da economia e, consequentemente, as perspectivas de demanda. Diante do cenário de incerteza, a indústria do cimento permanece focada em alavancar a demanda via habitação e infraestrutura. A projeção atual, no cenário de referência, aponta para um crescimento do consumo do produto de 2,0% no ano de 2025.
Na esfera da Habitação, o setor projeta expansão e atualização das faixas de renda do MCMV para elevar a meta do governo estimada em 2 milhões de unidades entre 2023 e 2026. Essa projeção deve incrementar o consumo de cimento entre 2,5 e 3 milhões de toneladas por ano no período, avanço fundamental para mitigar o déficit habitacional de 6 milhões de unidades. Adicionalmente, o novo modelo de crédito imobiliário e o programa de reforma de moradias do governo deverá injetar ao menos R$ 20 bilhões no mercado imobiliário, visando sustentar o crescimento dos financiamentos em um cenário de escassez de funding da caderneta de poupança.
Em referência à infraestrutura, o saneamento continua atraindo investimentos. Na frente de rodovias, o pavimento de concreto segue avançando como solução de maior durabilidade, mais sustentável e alinhada com as diretrizes de descarbonização do Ministério dos Transportes. O Brasil tem apenas 12,4% da malha rodoviária pavimentada, o que demonstra a urgência do investimento em soluções de qualidade superior.
Ademais, estados brasileiros como Paraná, Santa Catarina, Goiás e o Distrito Federal tem se notabilizado por fortes investimentos em pavimentação com uso de concreto. Essa solução tem sido replicada nas ruas e avenidas de cerca de 200 municípios brasileiros, destacando atributos como redução das ilhas de calor, maior luminosidade, entre outros.
“A indústria do cimento demonstra resiliência ao manter uma performance positiva, sob uma base de recuperação de vendas iniciada em 2024. Contudo, o aumento das incertezas na economia cria um ambiente de cautela. Nossas projeções para 2025 refletem essa moderação, mas o foco em habitação social (MCMV) e soluções de infraestrutura sustentáveis, como o pavimento de concreto, são vetores cruciais que continuarão a contribuir com o consumo e o desenvolvimento econômico, social e ambiental do País”, diz Paulo Camillo Penna, presidente do SNIC.