A engenharia brasileira está mais descentralizada.De acordo com o Ranking 500 Grandes da Engenharia Brasileira 2025, publicado pela Revista O Empreiteiro, o Sudeste ainda concentra cerca de 70% do faturamento total do setor, mas o Sul e o Centro-Oeste despontaram como as regiões de maior crescimento percentual em 2024.
Essa mudança revela um reposicionamento da cadeia produtiva da engenharia, com a emergência de novos polos regionais, atraídos por investimentos em energia renovável, saneamento e infraestrutura de transporte.
O eixo São Paulo – Minas Gerais – Rio de Janeiro – Espírito Santo segue como o principal motor da engenharia nacional.As grandes construtoras e projetistas do país — como OEC, Acciona, Concremat, Progen, Barbosa Mello e Engemix — mantêm sede ou grandes contratos na região, responsáveis por mais de R$ 100 bilhões em faturamento anual.
Fatores que explicam a liderança:
Mas o dado mais interessante do ranking é que, mesmo dominando o faturamento, o Sudeste cresce em ritmo menor (cerca de 4,5% ao ano), sinalizando um processo de maturação e redistribuição do mercado nacional.
As regiões Sul e Centro-Oeste registraram as maiores taxas percentuais de expansão do setor em 2024.Esse avanço está relacionado à chegada de grandes obras e à presença crescente de empresas médias e especializadas em infraestrutura.
O Sul do país vem se consolidando como polo de engenharia industrial e energética.Empresas como Milplan, MIP, Hipermix, Concrebras e Sotepa ampliaram operações no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, impulsionadas por projetos de:
O Rio Grande do Sul, em especial, atraiu novos investimentos após o fortalecimento de políticas de transição energética e a expansão de redes logísticas conectadas ao agronegócio.
Já o Centro-Oeste se tornou o epicentro de obras de infraestrutura e logística ligadas ao agronegócio.Empresas locais e regionais — como CMT Engenharia, Concremax, Imper Concreto e Construpower — vêm crescendo em ritmo acelerado, aproveitando o boom de obras de duplicação de rodovias, ferrovias, pontes e terminais de escoamento de grãos.
Cuiabá e Goiânia emergem como novos polos empresariais, atraindo prestadores de serviços de engenharia civil, montagem e fundações.
Embora ainda representem uma fatia menor do faturamento total, o Nordeste e o Norte consolidam uma presença cada vez mais estratégica.
No Nordeste, o destaque vai para Cosampa, Dois A Engenharia e Carmona Cabrera, que lideram obras de saneamento e urbanização, além de contratos de energia eólica no litoral da Bahia e do Ceará.
No Norte, a região de Belém e Manaus concentra obras de infraestrutura logística e portuária, e empresas como Santos Concreto Usinado e R D Mix estão entre as que mais cresceram no setor de concreto e serviços industriais.
Essas regiões são vistas como a “nova fronteira da engenharia brasileira”, por combinarem obras de alto impacto social com demandas crescentes por soluções sustentáveis e ambientais.
Três movimentos explicam essa redistribuição do mercado:
Na prática, o avanço da engenharia no interior e em novas capitais representa uma democratização do setor, antes limitado a poucos polos econômicos.
A tendência é de crescimento sustentável e distribuído.Enquanto o Sudeste seguirá como centro decisório das grandes construtoras, o Sul e o Centro-Oeste devem liderar o ritmo de expansão, acompanhando a industrialização do agronegócio e a transição energética.
Já o Nordeste e o Norte deverão se consolidar como polos de infraestrutura verde, com foco em saneamento, energias limpas e projetos urbanos resilientes.
O mapa da engenharia brasileira está mudando.De um setor concentrado em poucos estados, o país passa a abrigar um ecossistema mais diversificado, competitivo e sustentável.
Essa desconcentração é o retrato de uma nova fase da engenharia nacional — em que tecnologia, sustentabilidade e interiorização caminham juntas para construir um Brasil mais integrado.