O que pensam os “CEOs do hidrogênio”?

O que pensam os “CEOs do hidrogênio”?
17 de setembro de 2025

Apesar das turbulências e revisão de projetos, executivos seguem confiantes de que o energético terá papel central na descarbonização global

Há quem declare que a indústria recém nascida do hidrogênio já está morta. Toda semana, manchetes anunciam projetos cancelados mundo afora, mas o outo lado da moeda mostra um setor em maturação acelerada, ainda que cercado de incertezas.

É o que aponta um estudo da McKinsey com mais de 70 líderes do Hydrogen Council.

Ao ouvir presidentes de companhias de energia, óleo e gás, transporte e tecnologia, a consultoria sugere que apesar das turbulências macroeconômicas e da revisão de projetos, os executivos seguem confiantes de que o energético terá papel central na descarbonização global.

Esse otimismo não é ingênuo. Os CEOs reconhecem que o setor atravessa o “pós-hype”, em que os anúncios abundantes dos anos de 2022 e 2023 dão lugar “a um processo natural de seleção”.

Dos mais de 1,7 mil projetos globais anunciados, apenas aqueles com casos de negócio robustos, apoio regulatório e contratos de aquisição firmados devem sobreviver.

O investimento comprometido (incluindo FID, projetos em construção e projetos operacionais) em hidrogênio limpo já ultrapassou US$ 110 bilhões em 510 projetos, US$ 35 bilhões a mais que em 2024, um crescimento médio de mais de 50%.

Cinco sinais dos executivos

Primeiro, os CEOS enxergam a descontinuidade de parte dos projetos como inevitável — e até saudável —, pois agora é o momento de concentrar recursos em empreendimentos industriais em larga escala.

De acordo com os executivos, muitos desses projetos maduros envolvem players com histórico de grandes obras, o que traz maior confiança de execução.

Segundo, eles pedem pragmatismo em meio ao “arrefecimento” na narrativa pública.

Mais de 80% dos CEOs afirmam que o hidrogênio está subvalorizado e que, como aconteceu com solar e eólica, a consolidação virá pela força de políticas públicas e projetos sólidos.

O terceiro ponto é o mais sensível e desafiador, a garantia de demanda. Não basta construir oferta, se não houver compradores dispostos a assinar contratos de longo prazo. 

Hoje, os compromissos vinculativos alcançam 3,6 milhões de toneladas por ano (mtpa), cerca de 60% do pipeline comprometido.

Para 2030, projeta-se até 14 mtpa de capacidade global — mas só haverá operação se a demanda se consolidar, em um primeiro momento no refino e fertilizantes, sem perder de vista as oportunidades para combustíveis marítimos.

Quando questionados sobre outras possíveis vias para viabilizar a adoção do hidrogênio limpo, cerca de 90% dos entrevistados indicaram que a combinação de diferentes rotas de produção de hidrogênio de baixo carbono poderia ser, ao menos no curto prazo, um facilitador para uma adoção mais ampla.

Em quarto lugar, os CEOs olham para o arcabouço regulatório como determinante.

E citam, nos EUA, a definição dos créditos fiscais; na Europa, a aplicação da RED III; no Japão e na Coreia, os contratos por diferença (CFDs) e leilões de energia limpa.

Fonte: Eixos.com.
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