No ano passado, a Basf reduziu em um terço os dividendos, e ações continuam significativamente abaixo do nível anterior ao início da guerra, maior grupo químico do mundo, está perto de um acordo de cerca de 7 bilhões de euros para vender sua unidade de tintas e revestimentos ao grupo de investimentos americano Carlyle, em uma das maiores transações corporativas da Alemanha neste ano.
Segundo fontes que acompanham o assunto, a Carlyle superou outros grupos de capital privado em um leilão pela unidade de negócios e agora mantém negociações exclusivas com a Basf. Elas alertaram, contudo, que o acordo ainda não foi finalizado e que as conversas podem fracassar, já que vai levar tempo para acertar os detalhes finais.A venda da divisão traria novos recursos para a Basf, que enfrenta sua pior crise em anos devido ao forte aumento dos preços de energia desde a invasão da Ucrânia pela Rússia.
No ano passado, a empresa reduziu em um terço seus dividendos. As ações da Basf têm apresentado desempenho praticamente estável neste ano, mas continuam significativamente abaixo do nível anterior ao início da guerra.O negócio de revestimentos da Basf tem entre seus principais clientes as montadoras alemãs, que enfrentam grandes dificuldades. A unidade conta com mais de 10.300 funcionários e gera 3,8 bilhões de euros em vendas anuais, segundo informações do site da empresa.
De forma geral, as empresas químicas europeias têm enfrentado um período prolongado de retração, afetadas por excesso de capacidade produtiva, demanda mais fraca que o esperado e forte concorrência de rivais chineses. Grupos como ExxonMobil e o saudita Sabic avaliam sair de parte de suas operações químicas na Europa, enquanto, no início do ano, a LyondellBasell vendeu quatro fábricas europeias.
A Basf, sediada em Ludwigshafen, vinha conduzindo um processo de leilão pela unidade de revestimentos, que atraiu o interesse de outros fundos de private equity, incluindo o KPS Capital Partners.
Na semana passada, a Basf concluiu a venda de sua unidade de tintas decorativas no Brasil para a Sherwin-Williams por US$ 1,15 bilhão e afirmou que está avaliando a venda de seu negócio de enzimas para ração animal.
A Basf também confirmou a intenção de se desfazer de uma participação em sua divisão de agroquímicos, à medida que continua a separar ou vender áreas de negócios voltadas a setores específicos da indústria. A empresa afirmou que pretende deixar a divisão de agroquímicos pronta para abertura de capital em 2027.
O Carlyle já investiu em outros ativos do setor, com destaque para a aquisição da divisão de produtos químicos do conglomerado holandês AkzoNobel por 10,1 bilhões de euros – até hoje o maior negócio da Carlyle na Europa.
Desde então, a empresa rebatizou o negócio como Nouryon e transformou a produtora de sal e produtos químicos Nobian em empresa independente em 2021. Basf e Carlyle se recusaram a comentar o assunto.