FONTE: Eixos.com.
NESTA EDIÇÃO. MBCBrasil defende expansão de biocombustíveis para oferecer energia de baixo carbono segura e acessível na transição brasileira e internacional.
País precisa alinhar discurso em meio ao avanço no Congresso de novo licenciamento ambiental.
E ainda: EPE projeta queda de 10% nas emissões dos transportes até 2034.
O Brasil tem nos biocombustíveis e na bioeletrificação soluções prontas para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e cumprir ambições climáticas. Esta foi uma das mensagens de um encontro organizado por produtores de bioenergia e fabricantes de veículos no início da semana em São Paulo.
Promovido pelo Acordo de Cooperação Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil (MBCBrasil), o seminário apresentou os próximos passos da articulação que busca políticas públicas para expandir o uso de biocombustíveis no Brasil — e, agora, no mercado internacional.
Um estudo apresentado pela professora Glaucia Souza, da Universidade de São Paulo (USP) e coordenadora do Programa Bioen da Fapesp, aponta que bioenergia já corresponde a 50% dos recursos renováveis globais e que será preciso expandi-la 2,5 vezes até 2030 para que o mundo alcance emissões líquidas zero até 2050.
Esse avanço na participação de etanol, biodiesel, biogás e bioeletricidade, entre outros, na matriz poderia contribuir com um corte de quase 800 milhões de toneladas de CO2 fóssil ou 10% das emissões atuais do transporte, estima a pesquisa que contou com financiamento da produtora de biocombustível Be8.
“[Os biocombustíveis] desempenham um papel essencial na transformação do setor de transporte, não só pela redução de emissões de CO2, mas também pela possibilidade de integração com tecnologias existentes, proporcionando um impacto direto no desenvolvimento socioeconômico”, afirma Souza.
“Juntos, podemos transformar o Brasil em um exemplo mundial de como os biocombustíveis serão uma das soluções para a descarbonização”, defende José Eduardo Luzzi, coordenador do Conselho de Administração do MBCBrasil.
O executivo aponta que a transição energética está cercada de desafios, entre eles, garantir preços acessíveis para o consumidor e segurança no abastecimento. Duas coisas que a bioenergia brasileira pode entregar, segundo ele.
Outra questão é superar acusações contra a produção de biomassa, seu impacto ambiental e suposta concorrência com a oferta de alimentos.
Esta é, aliás, a nova fronteira que o Brasil vem buscando transpor. Governo, indústria e academia têm lançado mão de esforços em fóruns internacionais para apresentar argumentos em favor de uma transição bioenergética.
Um desses movimentos mais recentes ocorreu na Organização Marítima Internacional (IMO, em inglês), no debate para definição das rotas de descarbonização das embarcações que fazem o frete internacional.