Demanda de data centers pode atingir 13,2 GW

Demanda de data centers pode atingir 13,2 GW
31 de julho de 2025

Entre 2020 e junho de 2025, o Brasil registrou 52 pedidos de conexão de data centers à rede de transmissão de energia elétrica, sendo que entre maio de 2024 e junho deste ano, foram feitas 40 requisições. Há pedidos nos Estados do Ceará, Bahia, São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro. De acordo com as informações repassadas pelos consumidores ao governo federal, há uma demanda máxima acumulada que poderá alcançar 13,2 gigawatts (GW) até 2035, se todos obtiverem pareceres de acesso favoráveis no Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Com sua matriz predominantemente renovável, o país pode atrair grandes investimentos do setor, que cresce com os avanços da inteligência artificial – uma pesquisa no ChatGPT consome dez vezes mais eletricidade que uma feita no Google.

“Essas grandes cargas, como data center e hidrogênio verde, trazem uma transformação da infraestrutura física das redes e do acesso a elas e com isso novas tecnologias podem ganhar mais espaço, assim como a necessidade de uma regulação que apoie novos serviços”, diz Rodrigo Borges, diretor líder de mercados da consultoria Aurora Energy Research.

Nas suas estimativas, o consumo de data centers no Brasil atinge menos de 1% do total e chega a 1 GW de capacidade. Em dez anos, deve crescer cinco vezes, com 50% dos projetos na região Sudeste, 25% no Sul e 25% no Nordeste, seguindo as solicitações enviadas ao Ministério de Minas e Energia.

O governo discute uma medida provisória (MP) para atrair investimentos na área. O mercado é dominado hoje por Estados Unidos e China, que respondem por 90% dos data centers usados para inteligência artificial, segundo dados da Universidade de Oxford

Para o diretor de planejamento do ONS, Alexandre Zucarato, o país tem a oportunidade de repensar o processo de instalação dessas grandes cargas. “Essas cargas gigantescas são conectadas por eletrônica de potência à rede e é preciso ter um quadro realista de como elas se comportam em eventuais perturbações. Conectar grandes cargas pode ter impactos sobre flexibilidade, sobre contratação de reserva de potência. É preciso repensar a lógica de acesso de cargas, ela foi pensada para cargas que crescem organicamente. Isso muda a dinâmica e precisa estar bem acoplado à expansão da transmissão”, diz.

O avanço de um segmento que, segundo estudo da McKinsey pode precisar de US$ 6,7 trilhões em todo o mundo para acompanhar a demanda por poder de computação, traz dúvidas sobre o custo sobre o setor elétrico e todos os usuários do sistema.

Nos Estados Unidos, a PJM, maior operadora de rede elétrica do país, que atende mais de 60 milhões de consumidores, vai pagar US$ 16,1 bilhões aos produtores de energia para atender a demanda prevista para o período de junho de 2026 a maio de 2027, um aumento de 10% sobre o ano anterior. Isso deve representar uma alta entre 1% a 5% nas contas de luz. A operação da PJM inclui o Estado da Virginia, que tem a maior concentração de data centers do mundo.

Não é um problema localizado. Concessionárias de serviços públicos dos Estados Unidos buscaram aprovação regulatória para US$ 29 bilhões em aumentos de tarifas no primeiro semestre – alta de 142% sobre igual período de 2024, segundo o PowerLines, grupo de defesa da acessibilidade energética.

Além do custo da energia elétrica, um outro dado importante é o custo de refrigeração dos equipamentos e a disponibilidade hídrica necessária para esse fim. “A temperatura média em que esses centros são instalados é uma variável importante e tem sido olhada pelos investidores”, diz o presidente da ISA Energia, Rui Chammas.

Fonte: Valor Econômico.
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