CBMM começa novo ciclo de investimentos

FONTE: Valor Econômico

Capacidade de produção da empresa irá a 210 mil toneladas de nióbio até final de 2026; aportes de R$ 7 bilhões incluem geração de energia

A CBMM já prepara novo ciclo de investimentos em sua operação. A maior produtora de produtos de nióbio do mundo vai aportar R$ 7 bilhões a partir de 2022. Os recursos serão usados para aumentar a sua capacidade produtiva na planta em Araxá, Minas Gerais. Atualmente, a companhia pode produzir 150 mil toneladas. A meta é chegar ao volume de 210 mil toneladas por ano ao fim de cinco anos.

Neste ano, a companhia estima produzir 100 mil toneladas e se aproximar dos níveis de 2019. Naquele ano, a CBMM colocou no mercado 91 mil toneladas de produtos de nióbio. Em 2020, com a pandemia e a queda nos mercados consumidores, o volume comercializado ficou em 72 mil.

O presidente da empresa, Eduardo Ribeiro, disse que os aportes serão necessários para atender os novos mercados que a companhia está criando, como o de baterias para carros elétricos.

“Até 2030, queremos ter 35% do nosso negócio nesse segmento. Hoje, 90% da produção é destinada ao mercado siderúrgico, com ferronióbio. Não adianta criarmos novas frentes se não pudermos atender, por isso esse investimento maior”, disse o executivo, ao Valor.

Segundo Ribeiro, o planejamento para os próximos 6 a 7 anos será concluído agora e a meta é vender 180 mil toneladas de produtos de nióbio em 2030. Por isso, a expansão da capacidade já. “Estamos estruturando o planejamento de longo prazo e para isso, precisamos atingir vendas de 100 mil toneladas neste ano. Para chegar a esse volume estamos investindo em tecnologia para aumentar o tamanho do mercado.”

No ciclo de investimento anterior, o executivo ressaltou que foram aplicados R$ 3 bilhões para sair de 100 mil toneladas de produtos para 150 mil toneladas. Ribeiro explicou que os aportes de agora são maiores em razão de novas plantas que serão construídas na unidade de Araxá e investimentos em uma usina eólica no complexo para a geração de parte da energia que será consumida. Ele acrescentou que a CBMM já tem um acordo de fornecimento com a Cemig, o que garante o abastecimento do complexo de Araxá.

“No ciclo anterior já tínhamos estrutura, o que fizemos foi ampliar. Agora, o projeto vai ser todo “greenfield” (construído do zero), inclusive a infraestrutura de energia e de água. Teremos nova planta de beneficiamento e isso exige um investimento maior.”

Além disso, o executivo acrescentou que somente com o novo depósito de rejeitos a companhia vai gastar R$ 2 bilhões. Essa nova estrutura será totalmente a seco.

“Não é uma tecnologia nova, mas é a mais recomendada para a nossa atividade. É claro que 100% de disposição a seco não é possível pois temos uma quantidade de fino muito grande no beneficiamento do nióbio. A meta é empilhar até 70% do rejeito a seco.”

Ele disse que para essa estrutura já há licença de instalação. A parcela de rejeito fino será disposta numa barragem a jusante. O depósito a seco está previsto para ficar pronto no final de 2026 ou início de 2027. “Irá acompanhar nosso novo ritmo de produção.”

Ribeiro ressaltou que a CBMM, no ano passado, foi muito afetada pela pandemia em função da maior parte da produção ser destinada a segmentos como a siderurgia e o aeronáutico. “Mas, o efeito negativo sobre o resultado financeiro foi menor. O Ebitda teve 5% de queda em 2020, passando de R$ 5,4 bilhões para R$ 5,1 bilhões. Tentamos preservar o nosso caixa para atravessar o ano bem.”

Já a receita, que se retraiu de R$ 8,6 bilhões em 2019 para R$ 7 bilhões no ano passado, deve chegar a R$ 10 bilhões. “Caso o ritmo do primeiro semestre seja mantido na segunda metade do ano.”

O plano de investimento anterior foi concluído bem no início da pandemia e, segundo Ribeiro, preparou a companhia para a entrada em novos mercados. O executivo acrescentou que os acionistas da empresa, entre eles a família Moreira Salles, uma das donas do Itaú Unibanco e de outros negócios relevantes, como Alpargatas, aprovaram, neste ano, o planejamento que abre novas frentes de negócios para a companhia.

A meta da CBMM é fazer do negócio de bateria elétrica o segundo maior segmento dentro da companhia. Somente com esse mercado, a estimativa é de comercializar por ano 45 mil toneladas de óxidos de nióbio até 2030. Segundo Ribeiro, a companhia já estruturou parcerias com companhias mundiais para o desenvolvimento de baterias para o setor de mobilidade.

O acordo mais antigo é com a japonesa Toshiba que utiliza o óxido de nióbio no desenvolvimento as baterias desde 2018. Neste ano, a empresa fez a primeira rodada de investimentos na Echion Technologies, empresa britânica que desenvolve materiais avançados para baterias de íons de lítio.

São sócios dos Moreira Salles, com 30% do capital da CBMM, dois consórcios asiáticos – um da China e outro liderado por Japão.