FONTE: Valor Econômico

Fabricante encerra hoje investimento de R$ 750 milhões em Pindamonhangaba

Diante de um mercado que não para de crescer há quatro anos, a fabricante de chapas de alumínio Novelis coloca no mercado brasileiro, a partir de hoje, mais 100 mil toneladas de produtos em sua fábrica localizada em Pindamonhangaba (SP). Puxado principalmente por fabricantes de latas para bebidas, o crescimento da demanda não deu descanso ao time da empresa, que já trabalha em novo aumento de capacidade da fábrica, única da América Latina.

No projeto que acaba de ser concluído, a companhia controlada pelo grupo indiano Aditya Birla investiu R$ 750 milhões. O que virá pela frente será bem mais robusto – algo na casa de R$ 2,5 bilhões, disse Francisco Pires, presidente da Novelis América do Sul.

O mercado de latas, para onde a Novelis despacha quase 90% da produção, cresceu 7,4% no ano passado e esse percentual poderá ser superado em 2021 e até atingir dois dígitos. A diferença é vendida ao mercado de especialidades – transporte (fabricantes de veículos de cargas), folhas (embalagens diversas), farmacêutico (blisters), higiene e beleza (tubos diversos) e construção e arquitetura (chapas de revestimento).

“A expansão foi concebida para atender à crescente demanda de mercado e assegurar o nosso crescimento e o de nossos clientes de forma sustentável”, afirma o executivo. Segundo Pires, o mercado de latas cresce no Brasil e no mundo, reforçado pela substituição de outras embalagens (plástico e vidro) e aumento do consumo nos lares. A demanda em especialidades também sobe.

A atual capacidade de produção da empresa (580 mil toneladas por ano) já opera no limite – no primeiro semestre foram vendidas 316,4 mil toneladas, o que representou crescimento de 21% sobre o mesmo período de 2020. A expansão, iniciada em novembro de 2018 e atrasada quatro meses devido à pandemia, deixa a Novelis apta a fazer 680 mil toneladas de chapas laminadas.

Na linha de produção, o investimento foi focado especialmente no aumento de placas de alumínio, processo anterior ao de laminação, para se obter as chapas. No suprimento de matéria-prima, foi ampliada a capacidade da unidade de reciclagem de alumínio (ver texto abaixo). Parte dos recursos foi também para uma conexão à ferrovia da MRS e operar via portos do Rio e de São Paulo.

“Havia um gargalo na fase de produção da placa”, disse Pires. Por isso, com a demanda em alta, a Novelis teve de recorrer a importação de placas para poder atender os pedidos dos clientes. A maior parte veio de uma co-irmã situada na Inglaterra. “Essa é a vantagem de ser parte de uma companhia global”, afirma.

No país e América do Sul, os grandes clientes da Novelis são as fabricantes de latas Ball (líder mundial), Crown, CanPack e Ardagh, além da unidade própria da Ambev em Sete Lagoas (SP). As exportações são mínimas, pois o mercado local tem absorvido praticamente toda a produção.

Além de ampliar linhas de produção, o setor de latas ganhou duas novas fábricas – uma da Crown, em Rio Verde (GO), e outra da Ball, em Frutal (MG). Duas outras estão previstas para Minas Gerais – uma delas em Uberaba.

Em 2020, foram vendidas para as fabricantes de cervejas, refrigerantes, sucos e outras bebidas (até vinho e água) 32 bilhões de latas, conforme a Abralatas. A oferta das fabricantes já se encontrava bem apertada antes da demanda.

Segundo Pires, o novo passo de crescimento será um novo ciclo e vai contemplar o que há de mais moderno em tecnologia. “Estamos avançando com o estudo de viabilidade tecnológica e econômica, pois será um grande projeto. Em meados de 2022 vamos submeter à aprovação dos acionistas”. E acrescenta: “sempre estamos um passo à frente do mercado”.

Visando novas expansões, a empresa adquiriu, ao lado, dois anos atrás, uma área adicional de 380 mil metros quadrados.

No projeto que acaba de ficar pronto, foram gerados durante a obra 2.500 postos de trabalho. Na operação da fabrica foram contratados 90 profissionais – 60 próprios e 30 de terceiros.

A multinacional Novelis, com sede em Atlanta, EUA, obteve receita líquida de US$ 12,2 bilhões no ao fiscal 2021, encerrado em 30 de março. A divisão América do Sul, que opera o maior complexo de laminação de alumínio da América Latina, fechou o ano fiscal com R$ 9,6 bilhões, com vendas de 578 mil toneladas de laminados de alumínio. Além de Pindamonhangaba, tem a fábrica em Santo André, que faz folhas para diversas aplicações.