Novas licenças confirmam megafábrica de celulose da Bracell em SP
FONTE: Valor Econômico
As novas licenças, prévia e de instalação, emitidas pela Cetesb indicam dois possíveis cenários de produção, chegando a até 3 milhões de toneladas anuais
Novas licenças emitidas pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) confirmam que a Bracell, do grupo Royal Golden Eagle, de Cingapura, está de fato instalando uma megafábrica de celulose em Lençóis Paulista (SP), duas vezes maior do que o originalmente planejado e anunciado pela empresa.
O licenciamento, que é público, mostra que, assim como no projeto original, a unidade poderá produzir dois tipos de celulose: kraft de eucalipto e solúvel, que é o principal mercado da Bracell. Mas os volumes foram elevados.
A previsão inicial era de produção de 1,5 milhão de toneladas de fibra por ano no total, considerando-se 250 mil toneladas da linha já existente, comprada da Lwarcel. As novas licenças, prévia e de instalação, indicam dois possíveis cenários de produção, chegando a até 3 milhões de toneladas anuais.
No primeiro cenário, também de produção total de 1,5 milhão de toneladas anuais, serão até 1,25 milhão de toneladas de celulose solúvel e 250 mil toneladas de kraft (da linha já existente).
No segundo, com a produção concentrada em kraft, que é o principal tipo de celulose produzido no país, a produção poderá chegar a 3 milhões de toneladas anuais no total: 250 mil toneladas da linha já existente e 2,75 milhão de toneladas do projeto de expansão.
A RGE comprou a Lwarcel em 2018 e anunciou planos de expansão da fábrica no interior paulista. Desde o ano passado, há rumores de que o Projeto Star, de R$ 8 bilhões conforme o escopo original, era ainda mais ambicioso.
Em outubro, o Valor informou que, pelo escopo do projeto de engenharia e pelo tamanho da caldeira de recuperação que estava sendo instalada — a maior do mundo —, seria possível alcançar produção de até 2,8 milhões de toneladas de celulose branqueada de eucalipto ou de 1,9 milhão de toneladas anuais de celulose solúvel.
Para os analistas Cadu Schmidt, Andreas Bokkenheuser, Mikael Doepel, Wenzhuo Du, Cleve Rueckert e Khalid McCaskill, a confirmação de que o Projeto Star adicionará mais celulose ao mercado do que se previa inicialmente pode enfraquecer os fundamentos de mercado e levar a uma correção dos preços da fibra curta.
Na semana passada, o UBS publicou um extenso relatório sobre o projeto da Bracell, com imagens de satélite que mostravam que a futura unidade é maior do que o anunciado.