Santos Brasil mira leilões de terminais de combustíveis, soja e fertilizantes

FONTE: Valor Econômico

A empresa acabou de levantar R$ 790 milhões em uma oferta subsequente de ações

A Santos Brasil, que acaba de levantar R$ 790 milhões em uma oferta subsequente de ações, planeja participar de leilões de combustíveis, soja e fertilizantes, em uma tentativa de expandir e diversificar sua operação, hoje concentrada em contêineres, afirmou o presidente da companhia, Antonio Carlos Sepúlveda, em teleconferência com analistas nesta quarta-feira.

“Tem dois tipos de cargas no Brasil que têm apresentado crescimento acima do PIB e até da movimentação de contêineres: granéis líquidos, principalmente combustíveis, que têm muitos leilões em um futuro próximo, a partir do primeiro trimestre de 2021, estamos olhando todos. E outro tipo de carga é o binário soja-fertilizantes, que tem

“Teremos o primeiro leilão no Porto de Aratu em dezembro, de um terminal para soja, e temos outros leilões que virão com essas cargas. Estamos estudando isso há mais de um ano, buscando parcerias, olhando no detalhe os projetos. Esses são os caminhos fora do contêiner”, acrescentou Sepúlveda. Além disso, o executivo afirmou que a empresa planeja crescer na área de logística.

A Santos Brasil também teria interesse em participar de um leilão de desestatização do Porto de Santos, que está em estudo pelo governo federal no momento. “Temos interesse em olhar e participar, a depender do edital, acredito que seremos muito competitivos para participar dessa licitação. Conhecemos muito o Porto de Santos”, afirmou Sepúlveda, ao ser questionado.

A desestatização do Porto de Santos está ainda em fase de estudos pelo governo federal, e ainda não está claro se a participação da Santos Brasil seria permitida, e em quais termos, uma vez que a empresa já é hoje um dos maiores operadores de terminais no porto.

Por outro lado, a Santos Brasil deverá entregar em novembro sua primeira proposta de renegociação de contrato com a Maersk, que é o principal cliente do terminal portuário da empresa em Santos. O acordo entre as empresas vence em março de 2021.

“É relação de muito tempo, que vem desde a Hamburg Süd [comprada pela Maersk]. Há uma convergência muito grande, porque hoje a Maersk tem 40% do volume da costa brasileira, e a Santos Brasil tem 25% da capacidade implantada na costa. A convergência é muito forte, estamos muito confiantes de que vamos conseguir reposicionar contrato com eles”, afirmou o presidente do grupo.

Fase aguda da pandemia

A fase aguda da queda de movimentações provocada pela pandemia de covid-19 já ficou para trás nos terminais operados pela Santos Brasil, afirmou Daniel Dorea, diretor de relações com investidores da empresa.

“Os desafios derivados da pandemia no Brasil e no mundo continuam, mas os sinais de recuperação nos deixam mais confiantes com 2021, em um contexto em que a Santos Brasil renegociará contratos importantes e avaliará oportunidades de crescimento no Brasil”, disse.

A recuperação nos volumes movimentados tem sido sentida desde agosto, primeiro mês em que não houve cancelamentos de escalas de navios. Segundo Dorea, neste ano a temporada de pico nas movimentações teve um atraso, por conta da pandemia.

“Diferentemente de todos os exercícios anteriores, a ‘peak season’ será mais tardia. Menos concentrada no 3º trimestre e mais distribuída no 4º trimestre, nos meses de outubro e novembro. Deve ter tendência de recuperação, puxados por recuperação de estoques da indústria e varejo nas vendas de fim de ano”, afirmou.