Consumo de aço deve crescer 3% em 2021, diz XP
FONTE: Valor Econômico
No segmento de planos, o aumento pode chegar a 4% com a retomada do setor automobilístico
O consumo aparente de aço no mercado brasileiro em 2021 deverá crescer de 2% a 3% puxado pela construção civil. A estimativa é do analista de mineração e siderurgia da XP Investimentos, Yuri Pereira. Segundo ele, em planos, o aumento deve ser em torno de 4%.
Pereira ressaltou que o que vai ditar o ritmo de crescimento no segmento de aços planos é a recuperação da indústria automobilística no país. Até setembro, segundo dados da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a venda de veículos no mercado brasileiro chegou a 1,37 milhão de unidades e foram produzidos 1,33 milhão de veículos. Quando se olha somente setembro, os emplacamentos somaram 207,7 mil unidades e foram fabricados 220,16 mil veículos. Altas em relação a agosto de 13,3% em vendas e 4,4%, na produção.
“Se as siderúrgicas reajustarem os preços do aço acima de 30% para as montadoras, é um bom sinal. Pode indicar que elas [montadoras] esperam vendas de veículos melhores no próximo ano”, disse Pereira.
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) já anunciou que os reajustes para o setor automotivo devem girar em torno de 35% para o próximo ano, muito pela recomposição dos custos de produção do aço. Segundo dados do Instituto Nacional de Distribuidores de Aço (Inda), as despesas com o minério de ferro e carvão subiram 53,73% de janeiro a outubro deste ano no Brasil.
Para distribuidores, as siderúrgicas devem imprimir mais um novo reajuste agora em novembro. A CSN também já anunciou que vai aumentar os seus preços em pelo menos 10%, movimento que deve ser seguido pelas concorrentes, segundo uma fonte de mercado. Atualmente, a diferença entre o produto importado e o nacional é de até 5%, o que viabiliza o quarto aumento na tonelada do aço no segundo semestre deste ano.
A pressão de custos na siderurgia deve permanecer em 2021, segundo Pereira. O analista da XP ressaltou que o preço internacional do minério de ferro deve permanecer no patamar de US$ 100 a tonelada no próximo ano, apresentando queda gradual em 2022, chegando a US$ 90. “Nossa estimativa para 2020 é que o preço do minério de ferro fique em torno de US$ 110 a tonelada. Não acreditamos em queda abrupta até o fim do ano.”
Segundo ele, um dos motivos para a manutenção dos preços do minério na casa dos US$ 100 é a volta de algumas operações da Vale, que estima produzir em torno de 400 milhões de toneladas em 2021. “Nossa estimativa é que a produção da mineradora chegue a 350 milhões de toneladas no próximo ano. O mercado já precificou esse incremento de capacidade.”
O que pode influenciar positivamente no preço é a manutenção dos estímulos à economia chinesa. A China deve anunciar o novo plano plurianual para a economia que prevê aumentos sucessivos do produto interno bruto. Os líderes do Partido Comunista já estão se reunindo a portas fechadas até 29 de outubro para traçar a estrutura do 14º plano econômico quinquenal do país, que terá um amplo impacto em uma série de mercados de commodities até 2025.
“As eleições americanas podem intensificar mais ou não os estímulos do governo chinês à economia, dependendo de quem vencer. O minério a US$ 100 a tonelada em 2021 ainda é reflexos das medidas atuais do governo chinês.”