Primeiro Quintas da CBIC de 2025 debate a falta de mão de obra qualificada na construção
FONTE: CBIC.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) realizou hoje (20), o primeiro Quintas da CBIC, com o tema “Mercado de Obras Industriais: Oportunidades e Desafios”. O evento destacou o papel estratégico desse segmento no desenvolvimento econômico do país, abrangendo áreas como mineração, óleo e gás, energia e infraestrutura.
Em 2024, a Comissão de Obras Industriais e Corporativas (COIC) da CBIC publicou um estudo detalhado sobre o impacto do setor no PIB nacional, identificando oportunidades estratégicas de negócios. Durante o evento, Eduardo Aragon, sócio-diretor da BrainMarket, apresentou o estudo que aponta um volume de investimentos da ordem de R$ 600 bilhões entre 2025 e 2028, mas alertou que a falta de mão de obra qualificada pode comprometer a execução desses projetos.
O impacto da escassez de mão de obra
Segundo Aragon, a contratação de profissionais representa, em média, 30% do total investido em grandes empreendimentos industriais. O custo médio da mão de obra gira em torno de R$ 120 por hora trabalhada, e cada R$ 1 bilhão investido no setor demanda cerca de 2,5 milhões de horas de trabalho. Atualmente, o Brasil conta com 2,9 milhões de trabalhadores formais no setor de construção industrial, o que representa 6,5% do total de trabalhadores com carteira assinada no país.
A rotatividade da mão de obra também preocupa. Nos projetos de CAPEX (investimentos em novos empreendimentos), os trabalhadores permanecem em média seis meses, enquanto em contratos de OPEX (operações e manutenção), esse período é ainda menor, cerca de 2,5 meses. Esse cenário resulta em uma alta taxa de turnover, estimada em 1,7 vezes ao ano.
Diante desses desafios, Ilso Oliveira, vice-presidente da Comissão de Obras Industriais e Corporativas da CBIC, ressaltou a importância de industrializar e mecanizar processos para reduzir a dependência de mão de obra. “O segmento de obras industriais e corporativas não tem informalidade. Se você não tiver 100% formalizado, não consegue colocar um funcionário no site de uma empresa contratante. Precisamos focar não só no treinamento, mas também na modernização do setor”, afirmou.
Mineração e a demanda crescente por trabalhadores
O setor mineral também enfrenta desafios relacionados à qualificação da mão de obra. Alexandre Mello, diretor de Assuntos Associativos da e Mudança do Clima do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), destacou o crescimento da indústria e a necessidade urgente de capacitação profissional. “Tivemos um faturamento de R$ 270 bilhões em 2024 e exportamos 43,4 bilhões de dólares em bens minerais. O setor emprega 221 mil trabalhadores diretos e mais de 2,4 milhões indiretos”, disse.
Mello reforçou que Minas Gerais, Pará e Bahia lideram os investimentos no setor mineral, com aportes que ultrapassam US$ 16 bilhões, US$ 13 bilhões e US$ 10 bilhões, respectivamente. Ele também mencionou os desafios logísticos, já que muitos projetos minerários estão em regiões afastadas dos grandes centros urbanos, dificultando a retenção de trabalhadores.
Preocupação da CBIC e iniciativas para qualificação
O vice-presidente da CBIC, Eduardo Aroeira, enfatizou que a entidade está preocupada com a falta de mão de obra qualificada e busca soluções para o problema. “Temos tentado verificar as melhores práticas no Brasil inteiro e difundi-las. O mercado de obras industriais precisa de um programa específico para qualificação, pois há um risco real de um apagão de engenheiros e técnicos especializados”, alertou.
Já João Paulo Braga, CEO da Invest Minas, destacou que Minas Gerais atraiu mais de R$ 400 bilhões em investimentos nos últimos seis anos, um crescimento expressivo em relação às décadas anteriores. O CEO explicou que esse avanço impacta diretamente o mercado de trabalho. “Estamos próximos de alcançar a marca de um milhão de empregos formais gerados em Minas Gerais nesse período. O desafio agora é garantir que haja profissionais qualificados para ocupar essas vagas”, disse.