Na 247 Data Centers, a estratégia da gestora Autonomy é começar do zero

Empresa brasileira quer competir por big techs com infraestrutura nova, sem entrar em M&As

FONTE: Pipeline.

Na corrida de data centers, a gestora Autonomy Investments criou a companhia 247 com uma proposta clara para competir: infraestrutura ‘brand new’ para acolher as exigências das big techs. “Não estamos olhando ativos para comprar. Esse mercado de data centers precisa de estruturas diferentes das que foram feitas até então”, conta Rafael Garrido, CEO da 247 Data Centers, fundada há cinco meses.

Garrido trabalhou por oito anos na operação latino-americana da Vertiv, empresa norte-americana de infraestrutura para serviços de nuvem. Bruno Pagliaricci assumiu como CTO, após passagens pela Tivit e Odata, num time que contou com recente adesão de Josiel Shimoneck, ex-Scala, e Carlos Alberto Zoppi, ex-Odata.

A 247 quer construir os chamados de data centers de hiperescala, aqueles que com consumo energético muito acima da média para acomodar as altíssimas capacidades de processamento exigidas por big techs. Se uma instalação média criada para atender uma AWS ou Google Cloud (chamados de “cloud service providers”, ou CSPs, no jargão do mercado) costuma gerar um consumo de 10 a 50 megawatts, um hiperescalador pode ultrapassar 100 megawatts, segundo a Agência Internacional de Energia.

Garrido, CEO da 247 Data Centers: ‘Não olhamos ativos para comprar, vamos desenvolver’ — Foto: DivulgaçãoGarrido, CEO da 247 Data Centers: ‘Não olhamos ativos para comprar, vamos desenvolver’ — Foto: Divulgação

“É importante desenvolver projetos com vista no ponto de inflexão do mercado de data centers”, diz Garrido, referindo-se à nova demanda por centros de dados para processar computação pesada. O aumento dos serviços de nuvem, somado à necessidade de treinamento de inteligência artificial, têm se tornado prioridade para as grandes empresas de tecnologia, como Microsoft, Amazon e Google.

O custo estimado de um data center hiperescalador está na casa de US$ 1 bilhão. Estima-se que cada megawatt de energia necessite um investimento de US$ 10 milhões a US$ 15 milhões. Por isso, esse mercado tem contado com firmas de private equity para bancar os empreendimentos. No Brasil, a Ascenty, por exemplo, é resultado de uma joint venture entre Digital Realty e Brookfield, a V.tal é do BTG Pactual e a NextStream é da britânica Actis.

Por trás da 247, a Autonomy Investimentos é uma gestora fundada por Roberto Miranda de Lima com foco no mercado imobiliário – em 2006, a firma ajudou a colocar a MRV na bolsa brasileira, com participação de 16,7%. A 247 Data Centers possui dois terrenos em São Paulo onde vai erguer seus dois primeiros ativos, próximos à região de Jundiaí. Também negocia um espaço no Rio de Janeiro e, no médio prazo, quer descentralizar a operação para estados como Rio Grande do Sul e Ceará.

A companhia não revela qual vai ser a média de consumo de energia dos data centers no Brasil, métrica utilizada pelo mercado para dimensionar o tamanho dos projetos. Mas Garrido explica que todos os espaços poderão atingir capacidade superior a 100 MW no futuro, conforme a demanda dos clientes. Os espaços escolhidos podem ter tamanhos de 80 mil metros quadrados a 200 mil metros quadrados, com inauguração prevista para a partir de 2026. “Nossos projetos são para absorver a demanda de nuvem, com espaço para absorver a tecnologia de inteligência artificial nesses data centers”, diz.