Petroreconcavo vê potencial para ampliar produção de gás e avalia instalar nova unidade de tratamento na Bahia
FONTE: Petronotícias.
O Petronotícias abre o noticiário desta sexta-feira (11) abordando os planos e as projeções de crescimento da petroleira independente PetroReconcavo, uma das empresas que simboliza o renascimento do onshore brasileiro. A companhia atua em diferentes frentes para consolidar cada vez mais sua presença no mercado de gás natural. Enquanto trabalha com sua estratégia para fornecimento de gás em contratos de longo prazo, a PetroReconcavo também planeja expandir seu raio de atuação, iniciando em 2025 o seu primeiro contrato de fornecimento via modal GNL. “Isso é uma diversificação importante e uma forma de acessar o mercado de gás natural fora da malha de transporte da TAG”, contou o vice-presidente Comercial e de M&A da PetroReconcavo, João Vitor Moreira. Na parte operacional, a companhia celebra os resultados alcançados até aqui com a sua Unidade de Tratamento de Gás (UTG) São Roque, na Bahia. Para o futuro, a companhia conduz estudos preliminares para avaliar a possível construção de uma segunda planta do tipo no estado – já que há a expectativa de ampliar a produção de gás na região. “Temos uma estratégia de analisar e propor mais uma unidade de tratamento de gás na Bahia, o que tornaria a companhia independente de terceiros no processamento de gás natural”, afirmou. “Seguimos com o objetivo de aumentar nossa produção atual, que ainda apresenta perspectivas crescentes, conforme aponta nosso relatório de reservas divulgado ao mercado”, concluiu o executivo.
Para começar, poderia atualizar nossos leitores sobre os contratos da empresa para fornecimento de gás natural?
A companhia segue com sua estratégia de perpetuar o fornecimento de longo prazo para alguns contratos de fornecimento para distribuidoras, focando especialmente no mercado nordestino.
Atualmente, temos três grandes contratos. O primeiro é o contrato com a Bahiagás, que vai até o final de 2026. Temos outros dois contratos bastante interessantes, que demonstram uma grande confiança das distribuidoras, que assinaram contratos de longo prazo, e ao mesmo tempo nos permitem ter previsibilidade de preço do gás natural. Esses contratos estão bastante ajustados à realidade atual da comercialização e aos preços da molécula de gás natural, trazendo solidez para os compradores. Além disso, têm um lastro interessante, pois incluem cláusulas de preço mínimo, entre outras. Com isso, mantemos a estratégia de ter um mix de fornecimento com vários distribuidores do Nordeste.
Quais são as novidades da empresa para o mercado de gás?
Um dos destaques recentes é a expectativa de começarmos, até o final do ano que vem, o nosso primeiro contrato de fornecimento via modal GNL. Isso é uma diversificação importante e uma forma de acessar o mercado de gás natural fora da malha de transporte da TAG.
Esse fornecimento será feito a partir do gás natural do Rio Grande do Norte, no nosso Polo Sabiá, utilizando um gás bem especificado que passa por um processo de liquefação direto. O fornecimento será realizado junto ao parceiro GNLink, que já tem outros projetos semelhantes. Esse modal é interessante do ponto de vista de ESG, pois algumas empresas que hoje consomem diesel ou óleo combustível, com maior emissão de CO2, podem migrar para o gás natural. Isso nos dá mais capacidade de diversificação e abre novas possibilidades no mercado de gás natural.
E como está a operação da UTG São Roque?
Falando um pouco sobre nossa operação midstream, estamos muito satisfeitos com os resultados dos primeiros dois meses de operação da UTG São Roque. Ela tem operado melhor do que o esperado, dentro dos parâmetros operacionais, e está tratando uma parte do nosso gás natural, que é colocado diretamente na malha da Bahiagás. O fornecimento está estável e o aprendizado foi rápido. Temos uma interface forte com a Bahiagás, que é um parceiro de longa data, e a adição do gás natural à UTG São Roque libera, assim por dizer, a capacidade do nosso contrato de gás com a própria Bahiagás e a parte que entregamos via UPGN Catu. Esse modelo permite que aumentemos a disponibilidade de moléculas no mercado.
A UTG São Roque representa um modelo simples, adaptado à nossa realidade de produção. Identificamos um campo muito antigo, com potencial de produção por um período entre 20 e 30 anos, e um gás natural que permitiu a criação de uma planta pequena, adaptada e muito eficiente. Esse projeto tem ajudado a reduzir nossos custos de midstream.
Temos um histórico positivo de abertura de mercado, acesso às UPGNs e ganhos de eficiência. O ano de 2024 tem sido marcado por ganhos de eficiência, redução de penalidades e custos, além de maior eficiência no sistema de midstream.
Além da UTG São Roque, quais são os demais planos da empresa para o segmento midstream?
Estamos estudando como ganhar mais independência nesse segmento midstream. Recentemente, anunciamos a assinatura de um memorando de entendimento com a 3R, agora Brava Energia, e seguimos com discussões positivas para compartilhar infraestruturas. Somos o principal usuário da UPGN em Guamaré, no Rio Grande do Norte, e acreditamos que essa parceria deve continuar.
Mas também estamos nos preparando para um cenário em que essa parceria não faça mais sentido tanto para a PetroReconcavo quanto para a Brava Energia. E isso passaria pela construção de uma UPGN própria, se necessário. O Estado do Rio Grande do Norte tem grande capacidade de processamento e seria mais eficiente se encontrássemos uma solução comum.
Para além dos planos no Rio Grande do Norte, quais são os próximos passos dentro do midstream no mercado baiano?
Na Bahia, acredito que é uma condição muito importante que nós encontremos uma estrutura própria. Temos uma estratégia de analisar e propor mais uma unidade de tratamento de gás na Bahia, o que tornaria a companhia independente de terceiros no processamento de gás natural.
Seguimos com o objetivo de aumentar nossa produção atual, que ainda apresenta perspectivas crescentes, conforme aponta nosso relatório de reservas divulgado ao mercado. Importante frisar que não há uma decisão tomada sobre a construção dessa nova UTG, o que existe é um estudo preliminar sobre o tema, que será eventualmente proposto aos nossos tomadores de decisão.
A companhia caminha no sentido de resolvermos as questões associadas ao midstream e o aumento de resiliência no escoamento e tratamento da nossa produção de petróleo e gás. Temos acompanhado a utilização da UTG Catu pela Petrobras e acabamos de renovar o contrato por mais três anos e meio, até o final de 2027. Isso nos dá segurança para estudar e implementar mais capacidade de gás no estado da Bahia, pois acreditamos que o estado ainda tem muito gás para produzir.
Como a companhia está desenhando parcerias com outros agentes de mercado?
Em relação às nossas parcerias, estamos alinhados com praticamente todos os produtores que estão interconectados à malha da TAG. Temos contratos com produtores offshore, como Shell, Galp e Petrobras, além de produtores locais no Nordeste, como a Origem e a Brava. Nossa visão é de colaboração. Esses processos concorrenciais, tanto para a compra de ativos quanto para assinatura de contratos, fazem parte do dia a dia do mercado. Contudo, na medida em que uma empresa passa a operar, todos agem como parceiros. É muito importante pensar nisso. Acho importante destacar que o sistema ainda é ineficiente, com muitos contratos que carregam penalidades e ineficiências. Hoje, acessar a malha de transporte exige muito conhecimento para evitar onerar o preço final do gás.
A PetroReconcavo se destacou ao criar uma comercializadora de gás real, com moléculas para comercializar, assinando contratos com a TAG e criando um ambiente de troca com outros produtores. Isso nos permite alocar nosso gás com eficiência e reduzir penalidades.
Por fim, como estão as perspectivas da PetroReconcavo com o mercado de gás natural?
Estamos otimistas com a demanda de gás no mercado nacional e acreditamos que o mercado está se consolidando. A oferta dos produtores onshore é competitiva, e com a maturidade do mercado, as ações mais recentes, como o Comitê de Monitoramento e outras iniciativas do Governo Federal e da ANP, devem consolidar ainda mais o mercado de gás, que tem muito potencial a ser explorado.