Indústria de energia renovável no Brasil emprega 1,6 milhão de pessoas, com impulso do setor de biocombustíveis

FONTE: Petronotícias.

Um novo relatório da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA, na sigla em inglês), estima que o Brasil fechou o ano de 2023 com 1,57 milhão de empregos na indústria de energia renovável. O documento (disponível neste link) aponta que o país possui uma forte base industrial doméstica para hidrelétricas e biocombustíveis, porém ainda limitada para o desenvolvimento de energia eólica. Diante disso, o setor de biocombustíveis é o principal criador de empregos dentro do mercado de energia renovável no país. Em 2023, o segmento totalizou cerca de 994.260 empregos, de acordo com os cálculos da IRENA. O Brasil é o terceiro maior produtor de biodiesel do mundo, depois da Indonésia e dos Estados Unidos.

A produção de biodiesel foi estimada em 7,54 bilhões de litros em 2023, um aumento substancial em relação aos cerca de 6,42 bilhões de litros em 2022. A capacidade nominal das biorrefinarias tem se expandido constantemente na última década e agora é quase o dobro do que era em 2014. No entanto, a indústria depende fortemente das taxas de mistura obrigatórias do governo, que têm flutuado em resposta a preocupações com o impacto nos preços e na inflação. A IRENA estima 403.700 empregos relacionados ao biodiesel no Brasil em 2023, um forte aumento em relação à cifra revisada de 284.700 no ano anterior.

SOLARTO Brasil ocupa o segundo lugar no mundo em produção de bioetanol. Dados do governo indicam que havia 359.700 empregos na produção de bioetanol em 2022, um aumento em relação aos 344.500 empregos em 2021. Embora os números de 2023 ainda não estejam disponíveis, assumindo que o emprego tenha seguido o crescimento estimado de 8,6% na produção de etanol combustível no Brasil, o número de empregos pode ter aumentado para cerca de 390.560 em 2023. A IRENA inclui, como uma estimativa aproximada, outros 200.000 empregos indiretos na fabricação de equipamentos.

CRIAÇÃO DE EMPREGOS EM HIDRELÉTRICA, SOLAR E EÓLICA

Em termos de capacidade instalada, a hidrelétrica continua sendo a maior indústria de energia renovável do Brasil, mas é muito menos dinâmica que as indústrias de energia solar e eólica, e não é tão intensiva em mão de obra quanto o setor de bioenergia. A modelagem da IRENA estima 177.300 empregos em hidrelétrica. Enquanto isso, o Brasil instalou 11,9 GW de nova capacidade de energia solar fotovoltaica (PV) em 2023, o quarto maior aumento mundial, atrás da China, Estados Unidos e Alemanha. Um total acumulado de 37,4 GW colocou o país na sexta posição mundial. As instalações de PV aumentaram 30 vezes desde 2017.

HidreletricaO Brasil importa a maior parte de seus módulos fotovoltaicos (17,5 GW em 2023). Das 147 fabricantes nacionais de kits de sistemas solares, apenas oito produzem módulos, outras oito produzem inversores e 12, trackers. Entre os fabricantes nacionais, a Valmont Solar desempenha um papel proeminente em sistemas de montagem. Espera-se que uma nova fábrica de sistemas de montagem, que atenderá tanto ao mercado doméstico quanto ao regional da América Latina, crie mais de 300 empregos diretos em 2024. A IRENA estima que os empregos no setor solar fotovoltaico no Brasil sejam de cerca de 264.000 em 2023, em comparação aos 247.100 em 2022.

O país adicionou cerca de 5 GW de capacidade eólica em 2023, o maior volume já instalado no país. O Brasil ficou em terceiro lugar mundial em adições de capacidade em 2023 (e em sétimo lugar em termos de instalações acumuladas). Dois terços da capacidade total estão localizados em dois estados do nordeste: Rio Grande do Norte e Bahia. Com base em uma análise do fator de emprego, a IRENA estima que os empregos na indústria eólica do Brasil cresceram para 80.300, em comparação aos 67.700 em 2022. Quase metade dos empregos (44%) estava na construção, seguida pela fabricação (34%) e operação e manutenção (22%).

CRIAÇÃO DE EMPREGOS NO SETOR RENOVÁVEL EM 2023 FOI O MAIOR JÁ REGISTRADO 

EOLICAEm 2023, houve o maior aumento já registrado em empregos no setor de energia renovável, passando de 13,7 milhões em 2022 para 16,2 milhões, de acordo com a IRENA. O salto de 18% de um ano para o outro reflete o forte crescimento das capacidades de geração de energia renovável, juntamente com a contínua expansão da fabricação de equipamentos. Quase dois terços da nova capacidade global de energia solar e eólica foram instalados apenas na China no ano passado. A China lidera com estimados 7,4 milhões de empregos em energia renovável, ou 46% do total global. A União Europeia segue com 1,8 milhão, o Brasil com 1,56 milhão, e os Estados Unidos e a Índia, cada um com cerca de 1 milhão de empregos.

“A história da transição energética e seus ganhos socioeconômicos não deve se concentrar em uma ou duas regiões. Se todos nós formos cumprir nosso compromisso coletivo de triplicar a capacidade de energia renovável até 2030, o mundo deve se empenhar mais e apoiar as regiões marginalizadas na superação das barreiras que impedem o progresso de suas transições. Uma colaboração internacional fortalecida pode mobilizar um maior financiamento para apoiar políticas e capacitação em países que ainda não se beneficiaram da criação de empregos em energias renováveis”, disse o diretor-geral da IRENA, Francesco La Camera.