Negociação de energia renovável dispara 185% em dois anos e bate recorde no 1º trimestre
Ritmo acelerado indica que, em 2024, fontes renováveis devem bater novo recorde de volume negociado
FONTE: Valor Econômico
As operações com energia solar, eólica e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), conhecidas como energias alternativas no mercado livre de energia brasileiro registraram um crescimento expressivo de 185% nos últimos dois anos, de acordo com dados do Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE).
Somente entre janeiro e março de 2024, foram transacionadas 12,8 mil gigawatt-hora (GWh) dessas fontes renováveis, o que movimentou R$ 1,7 bilhão em aproximadamente 2,1 mil contratos. Esse volume representa um aumento de 19,45% em relação ao mesmo período do ano passado.
O diretor-presidente do BBCE, Alexandre Thorpe, lembra que em 2023, o piso do preço de referência da energia elétrica, conhecido como Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), no jargão do setor, se manteve no mínimo regulatório, o que causou uma baixa volatilidade no setor.
Entretanto, os preços da energia elétrica vêm subindo neste ano, principalmente após uma frustração com o período chuvoso e aumento das temperaturas. Thorpe explica que no atual cenário de maior volatilidade no mercado, impulsionado principalmente por mudanças climáticas, alta demanda por eletricidade e incertezas para o futuro, levou os agentes a reverem suas posições e buscarem segurança através da diversificação de suas carteiras.
“As incertezas climáticas, maior demanda de energia e dos fenômenos El Niño e La Niña geraram uma revisão que todos os participantes tinham feito até de prazo mais longo. Essa incerteza e volatilidade provocam um volume de energia negociada bem alto para os níveis de 2019”, diz Thorpe.
O crescimento da negociação de energia renovável acompanha a expansão dessas fontes na matriz energética brasileira, com destaque para a eólica e a solar. No ano passado, elas movimentaram 49,5 mil GWh no BBCE, o que representa 15% do total transacionado.
A expectativa para 2024 é ainda melhor. Segundo Thorpe, o ritmo acelerado de negociação no primeiro trimestre indica que as fontes renováveis devem bater um novo recorde de volume negociado até o final do ano.
“Vimos no primeiro trimestre um alto volume negociado e alta volatilidade (…). Para o resto do ano de 2024, algumas incertezas continuam, principalmente pelo lado climático continuam, creio que vamos caminhar para um novo recorde”, projeta o diretor-presidente do BBCE.