Com Serra do Salitre, Eurochem ajuda a reduzir a dependência de importações
Com o empreendimento, o grupo EuroChem contribuirá para que o Brasil reduza em 15% a dependência de importações de fertilizantes fosfatados
FONTE: Brasil Mineral
A partir de março de 2024, a EuroChem aumentou sua contribuição para a redução da dependência brasileira de importações de fertilizantes a fim de suprir as necessidades do crescente agronegócio no País, com a inauguração do Complexo Mineroindustrial de Serra do Salitre, o primeiro projeto verticalizado do grupo Eurochem fora da Europa.
Localizado na região do Alto Paranaíba, mais especificamente no município de Serra do Salitre, Minas Gerais, o complexo, no qual o grupo investiu mais de US$ 1 bilhão – incluindo o valor pago pela aquisição do empreendimento da Yara – compreende atividades de mineração, beneficiamento, produção e distribuição de fertilizantes fosfatados e tem capacidade para produzir 1,2 milhão toneladas/ano de concentrado fosfático, 1 milhão toneladas/ano de ácido sulfúrico e 250 mil toneladas/ano de ácido fosfórico, além de 1 milhão de toneladas/ ano de fertilizantes fosfatados.
Com o empreendimento, o grupo EuroChem contribuirá para que o Brasil reduza em 15% a dependência de importações de fertilizantes fosfatados. O complexo Salitre produzirá, dentre outros, três fertilizantes essenciais à agricultura: SSP (Fosfato Super Simples), TSP (Fosfato Triplo Simples) e MAP (Fosfato Monoamônico) que abastecerão as lavouras de soja, milho e cana-de- -açúcar, principalmente.
De acordo com Gustavo Horbach, diretor-presidente da EuroChem para a América do Sul, “trata-se de um ativo extremamente estratégico, pois transforma a EuroChem em um player importante na produção de fertilizantes no Brasil e na América do Sul. Estamos alinhados com o Plano Nacional de Fertilizantes, contribuindo com o fortalecimento da competitividade do setor e, consequentemente, com a soberania alimentar do País”.
Ocupando uma área de 20 milhões de metros quadrados, o complexo do Salitre é composto por uma mina a céu aberto, que conta com reservas de 350 milhões t de minério (apatita) com teor de 4,5% de P2O5, suficiente para uma vida útil de 25 anos na escala atual, uma planta de ácido sulfúrico, com capacidade de 1 milhão t/ ano, e outra de ácido fosfórico, com capacidade de produzir 250 mil t/ano, além de unidades de acidulação e granulação.
“O complexo terá capacidade de distribuir fertilizantes fosfatados de alta qualidade para todo o país. Por conta de questões logísticas, devemos ser ainda mais competitivos nas culturas agrícolas de MG, GO, SP, MS e MT”, afirma David Crispim, diretor de operações do Complexo de Salitre. Com a produção do complexo, a EuroChem deve ampliar sua participação no mercado nacional de fertilizantes, que hoje ainda depende de cerca de 85% de importações.
Muito embora Salitre seja a primeira unidade de mineração da EuroChem fora da Europa, o grupo se valeu da experiência adquirida em suas outras quatro minas, além de nove plantas químicas com capacidade de produção de 20 milhões de toneladas/ano de fertilizantes para acelerar o projeto com mudanças simples de gestão, conforme explica Gustavo Horbach. Uma das novidades introduzidas, para acelerar o cronograma de implantação, foi o “bônus de antecipação”, uma espécie de prêmio concedido para as empresas contratadas e que contribuiu para agilizar as decisões.
Durante a fase de implantação, foram engajadas nas obras cerca de 3.500 pessoas e para a operação a empresa contará com 1.500 funcionários, sendo boa parte da região, o que requereu investimentos em programas de treinamento, em parceria com o Senai. Por não haver um histórico de atividade mineral na Serra do Salitre, a EuroChem buscou desenvolver, junto ao Senai e prefeituras locais, cursos com duração de três a quatro meses para a formação de operadores. Boa parte dos 800 inscritos na primeira turma atuaram no ramp up do empreendimento e agora estão atuando no startup das plantas químicas. “Nosso intuito foi dar oportunidades ao máximo possível para pessoas da região. Trabalhamos de forma integrada e temos o compromisso de atuar de maneira sustentável e contribuir com o desenvolvimento socioeconômico dos territórios onde estamos inseridos, compartilhando valor com as comunidades que nos recebem”, disse Horbach, salientando a longevidade do projeto (25 anos, no mínimo). O curso formou 178 pessoas da região, das quais 134 foram aproveitadas na operação. Foram 345 horas/aula, ministradas pelo Senai.
Para operar a parte química do complexo, a empresa fez a contratação de 420 pessoas, das quais mais de 134 passaram pelos programas de formação na parceria da EuroChem com o Senai de Patrocínio.
Além da contratação de mão de obra local, a empresa buscou fomentar o empreendedorismo, visando adquirir localmente uma parte de insumos e serviços que consome. Com exceção daqueles serviços que requerem maior especialização, a EuroChem procura contratar localmente. Como parte desse fomento ao empreendedorismo, a empresa estimulou a abertura de dois hotéis para servir funcionários e fornecedores da empresa, sendo um em Patrocínio e outro em Serra do Salitre.
David Crispim, diretor de Operações do complexo, salientou os diferenciais do empreendimento, destacando a verticalização (vai desde a extração mineral até a produção dos fertilizantes), adoção de um circuito de efluentes completamente fechado (todo o efluente é tratado e retorna ao circuito) e circularidade (os subprodutos da planta industrial são comercializados).
“Vislumbrando a importância da unidade, foram aportados grandes investimentos e alocados os melhores recursos para concluir o projeto dentro do menor tempo possível. Estamos inaugurando o complexo antes do cronograma previsto, mas vale destacar também que avançamos sem renunciar à segurança, um valor inegociável para a Companhia. Celebramos a marca de dez milhões de horas trabalhadas em segurança no projeto”, completa Horbach. Ele acrescentou que a planta nasce dentro do conceito de economia circular, com características técnicas que possibilitarão o reaproveitamento de subprodutos oriundos do processo produtivo e que poderão ser vendidos ou reintegrados à operação, como gesso e torta de fosfato, por exemplo. Além disso, a operação vai reutilizar 100% da água dos processos produtivos e gerar cerca de 45% de energia própria, com o reaproveitamento dos gases da planta de sulfúrico.
Veja a matéria completa na edição 437 de Brasil Mineral