RN registra em 2023 maior produção de petróleo e gás em quatro anos
FONTE: Tribuna do Norte
Bruno Vital
Repórter
O Rio Grande do Norte registrou a maior produção de petróleo e gás em quatro anos. Em 2023, foram produzidos 508.235 barris equivalentes de óleo por dia (boe/d) na média anual – melhor resultado desde 2019, quando o RN extraiu 571.991 boe/d. O acumulado do ano passado é 0,83% maior do que o registrado em 2022. Os números apontam para um novo momento de retomada da atividade no Estado, avalia o geógrafo Gutemberg Dias, que atua na área de petróleo e gás. Os dados são do boletim da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
No comparativo entre os meses de janeiro de 2023 e de 2024, o aumento na produtividade média foi de 16,2%: subiu de 37.158 boe/d para 41.846 boe/d e as perspectivas para os próximos anos são positivas. Gutemberg Dias, ex-presidente da Redepetro, uma associação de empresas com a missão de fomentar negócios, inovação e conhecimento no setor de Petróleo, diz que o avanço deve-se, em maior escala, às operadoras independentes. “Quando era a Petrobras, a gente olha para os números dos últimos anos e havia um declínio. Tínhamos um ritmo de diminuição da produção, que vem aumentando agora com as independentes”, diz Gutemberg Dias.
Em 2020, a Petrobras anunciou a abertura para venda dos campos terrestres maduros e deu início a um processo de desinvestimentos no Estado. O Polo Potiguar foi repassado a 3R Petroleum em uma operação no valor de US$ 1,2 bilhão e o Rio Grande do Norte passou a predominância de agentes privados no controle da infraestrutura de óleo e gás. A 3R assumiu, em junho de 2023, a infraestrutura de óleo e gás, incluindo o Ativo Industrial de Guamaré, a refinaria Clara Camarão e o Terminal Aquaviário de Guamaré.
O balanço da empresa mostra que a produção da 3R está em ritmo de estabilidade para cima, na performance operacional. No terceiro trimestre do ano passado, foram extraídos 25.681 boe/d, em seguida, no quatro e último trimestre do ano, a produção foi de 25.493 boe/d. Em fevereiro de 2024, a produção teve leve aumento de 6,7%, totalizando 26.800 boe/d. A produção média diária no Complexo Potiguar representa mais da metade (55,9%) de todos os ativos da 3R, que opera também os polos Recôncavo, Rio Ventura, Peroá e Papa Terra.
“A produção se manteve estável comparado ao mês anterior. A performance do Complexo é justificada pela maior eficiência operacional registrada nos Polo Macau, em função de otimizações na gestão da produção, e compensada por intermitências no abastecimento elétrico dos ativos onshore, justificado por problemas operacionais da distribuidora local e por efeitos das fortes chuvas registradas na região durante o mês de fevereiro”, disse a 3R Petroleum em comunicado ao mercado. O Complexo Potiguar engloba os polos Potiguar, Macau, Areia Branca, Fazenda Belém e Pescada.
Outro importante produtor da região, a PetroReconcavo, também registrou aumento nos recursos extraídos acumulados de 2023, no comparativo com o ano anterior. No total foram 187.899 boe/d em 2023 ante 163.632 boe/d no acumulado de 2022, o que representa um aumento de 14,8%. Na comparação entre os meses de janeiro de 2024 e 2023, a produção média foi de 13.773 boe/d para 15.245 boe/d (+10,6%). O Ativo Potiguar da PetroReconcavo iniciou as operações em 2019 no polo, que é operado pela subsidiária Potiguar E&P, a cerca de 50 km de Mossoró.
“O Ativo Potiguar apresentou um crescimento de 14% realizando investimentos em fraturamentos hidráulicos e perfurações de novos poços”, disse a empresa em comunicado. A Companhia opera um total de 55 concessões de petróleo e gás natural nas Bacias Potiguar, Recôncavo e Sergipe-Alagoas, mais 8 blocos exploratórios (5 na Bacia do Recôncavo e 3 na Bacia Potiguar), e detém participação em 2 concessões operadas por terceiro.
José Nilo dos Santos, presidente da Redepetro RN avalia o avanço “como muito positivo e fruto do empenho dos profissionais da área, da determinação dos investidores e do emprego de muita tecnologia”. “O impacto diríamos que vem à reboque, com reflexo direto na geração de empregos, na distribuição de royalties para os proprietários das terras e para os entes federativos, e no fortalecimento da cadeia produtiva”, afirma.
Offshore traz perspectiva positiva para o Estado
Desde 2020, a média anual de produção de barris vem num ritmo crescente. A tendência é de que o cenário continue em alta, avalia o especialista Gutemberg Dias. Isso porque a Petrobras voltou a perfurar no Rio Grande do Norte, no fim do ano passado, com a exploração em águas profundas no poço de Pitu Oeste, na Bacia Potiguar. A perfuração foi concluída em janeiro. A companhia comunicou à ANP que identificou presença de hidrocarboneto, porém ainda inconclusivo quanto à viabilidade econômica.
Gutemberg Dias, que também é professor da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), destaca que o momento é animador para o Estado. “Temos essa expectativa pela offshore. Eles ainda vão perfurar mais poços e eu acredito que é um campo muito promissor, que vai incrementar a produção de óleo no Rio Grande do Norte. Talvez nos próximos cinco anos, o campo de Pitu possa operara gente teria um incremento importantíssimo de óleo, seria enorme para o Estado”, destaca.
Gutemberg pontua ainda que é o cenário pode alavancar o desenvolvimento econômico do Rio Grande do Norte. “A questão do petróleo tem um impacto muito grande na parte econômica, até mesmo em relação às renováveis. O retorno financeiro do segmento de petróleo e gás é muito maior. Temos um incremento grande no ICMS, temos royalties do petróleo e isso dinamiza as economias locais. Em Mossoró hoje, nós já temos percepções dessa retomada, até visualmente. Há 10 anos a gente via o pessoal andando nas ruas de macacão e isso voltou agora”, explica.
Segundo a Petrobras, a perfuração do poço Pitu foi concluída com segurança e seguiu protocolos rigorosos de operação em águas profundas. Também foi reforçado, em nota, que foram respeitadas a população e o meio ambiente da região. O plano é começar a segunda perfuração, dessa vez no poço Anhangá, na mesma concessão (POT-M-762), a 79 quilômetros da costa do Rio Grande do Norte e próximo ao poço Pitu Oeste.
Estão previstos estudos complementares para coletar informações geológicas da área, avaliar o potencial dos reservatórios e planejar as próximas atividades exploratórias.
A Margem Equatorial se estende pelo litoral brasileiro do Rio Grande do Norte ao Amapá, engloba as bacias hidrográficas da foz do Rio Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar. É uma região geográfica considerada de grande potencial pelo setor de óleo e gás. No Plano Estratégico 2024-2028, a Petrobras previu o investimento de US$ 3,1 bilhões para pesquisas na Margem Equatorial. A expectativa é perfurar 16 poços ao longo desses quatro anos.
Os trabalhos na Bacia Potiguar contam com o aval do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A licença de operação para a perfuração do poço de Pitu Oeste e do poço Anhangá foram obtidas em outubro de 2023.
Números
Produção média anual acumulada
2023 – 508.235 boe/d
2022 – 504.011 boe/d
2021 – 491.702 boe/d
2020 – 490.818 boe/d
2019 – 571.991 boe/d
2018 – 603.866 boe/d
2017 – 707.254 boe/d
2016 – 788.932 boe/d
2015 – 840.155 boe/d
2014 – 858.689 boe/d
Fonte: ANP
Números 3R
Janeiro/24 – 26.874 boe/d
Fevereiro/24 – 26.800 boe/d
3º trimestre/23 – 25.681 boe/d
4º trimestre/23 – 25.493 boe/d
Opera os Polos Potiguar, Macau, Areia Branca, Fazenda Belém, Rio Ventura, Recôncavo, Peroá e Papa Terra, e detém participação de 35% no Polo Pescada, sendo este operado pela Petrobras
Fonte: 3R Petroleum
PetroReconcavo
Janeiro/24 – 15.245 boe/d;
Janeiro/23 – 13.773 boe/d;
Acumulado 2022 – 163.632 boe/d;
Acumulado 2023 – 187.899 boe/d.
Opera 55 concessões nas Bacias Potiguar, Recôncavo e Sergipe-Alagoas, além de 8 blocos exploratórios (5 na Bacia do Recôncavo e 3 na Bacia Potiguar), e detém participação em 2 concessões operadas por terceiro.