Projetos ESG e seus resultados no saneamento
FONTE: Portal Saneamento Básico
Primeiramente, projetos ESG são práticas adotadas por empresas com base em critérios ambientais, sociais e de governança corporativa. A implementação bem-sucedida de projetos ESG reduz riscos e impactos sociais, ambientais e financeiros das operações. Dessa forma, atraem investidores e contribuem para a sustentabilidade das atividades.
Assim sendo, poucos setores oferecem tantas oportunidades para o desenvolvimento de projetos ESG como o de abastecimento de água e saneamento básico. De acordo com dados do Sistema de Informações do Segmento Privado do Setor de Saneamento (SPRIS), a gestão ambiental é um dos eixos do ESG mais consolidados entre as operadoras privadas.
Conheça 4 exemplos de projetos ESG no saneamento
- Redução do índice de perdas de água – No Brasil, mais de 30 milhões de pessoas não têm acesso a água tratada. Por isso, as perdas nos sistemas de abastecimento resultam em graves impactos sociais, ambientais e econômicos. No setor, concessionárias privadas vêm priorizando o investimento em processos e tecnologias para reduzir esses índices, ganhar eficiência e operar de forma sustentável.
- Geração de energia limpa – Em 2023, o saneamento básico liderou o ranking de segmentos que compraram energia no mercado livre. Diversas empresas privadas do setor desenvolvem projetos de geração de energia limpa, seja a partir de resíduos, seja em usinas fotovoltaicas. Além de contribuir com as metas de controle do aquecimento global, essas ações resultam em redução de custos. E, eventualmente, em fonte de receitas com a comercialização de energia excedente.
- Universalização do saneamento – Ao incluir metas para a universalização dos serviços de saneamento básico, o marco legal do setor deu um incentivo a mais para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. O ODS 6 tem como meta assegurar a disponibilidade e a gestão sustentável da água potável e saneamento para todas e todos até 2030.
- Gestão sustentável de projetos – A gestão de procedimentos e a formulação de processos pautados em práticas ESG permitem a avaliação de riscos e impactos nas operações de saneamento básico. Com uma gestão estruturada baseada nesses princípios, o setor identifica oportunidades de melhora que trazem resultados ambientais, sociais e de governança para todos os seus públicos de interesse.
Neste artigo, apresentamos algumas iniciativas bem-sucedidas do setor privado no setor que utilizaram como princípios práticas ESG. Com base nos projetos reconhecidos pelo 5º Prêmio Sustentabilidade ABCON SINDCON, realizado em agosto de 2023.
Solução ESG para gestão de perdas de águas
Em suma, os investimentos em saneamento e abastecimento acima da média nos últimos anos, impulsionados pelas concessões privadas, resultaram em obras que tiveram entre seus reflexos as reduções de perdas de água.
Estudo do Instituto Trata Brasil estima que o volume de água perdida nos sistemas de distribuição no Brasil equivale a quase 8 mil piscinas olímpicas de água tratada desperdiçada diariamente ou mais de sete vezes o volume do Sistema Cantareira, em São Paulo.
Cerca de 60% são perdas físicas causadas por vazamentos. A quantidade é suficiente para abastecer mais de 66 milhões de brasileiros em um ano, equivalente a pouco mais de 30% da população brasileira, de acordo com dados de 2020.
Para enfrentar esse problema em suas operações, a BRK Saneatins, em Palmas (TO), desenvolveu o programa “Smart Metering: Equipamentos de medição inteligente para gerenciamento de recursos hídricos”.
O projeto Smart Metering da empresa controlada pela BRK Ambiental apresenta uma tecnologia disruptiva e inovadora. Que permite a leitura remota de hidrômetros e ações de corte e religação de água por meio de redes IoT.
O projeto traz eficiência para o setor, reduz perdas de água, contribui com o meio ambiente, combate fraudes e melhora o relacionamento com os clientes, além dos ganhos em indicadores operacionais. A iniciativa cria um ecossistema de tecnologias aplicáveis ao saneamento.
O Smart Metering apresenta um viés disruptivo com a criação de modelos preditivos para fraude e gestão do parque de medidores. Também precede uma infraestrutura preparada para que as cidades se tornem cada vez mais próximas do conceito de Smart Cities.
ESG para geração de energia no saneamento básico
Uma das principais áreas relacionadas a oportunidades oferecidas pelas práticas ESG no saneamento básico é a geração de energia limpa. Pesquisa realizada pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) mostra que o setor de saneamento encerrou 2023 em primeiro lugar entre os segmentos que compraram energia no mercado livre, com um consumo de 23% do total.
O dado é resultado de um cenário de expansão proporcionado pelo Marco Legal do Saneamento Básico, que estimulou os investimentos de empresas privadas. Os investimentos do setor em geração de energia limpa contribuem para a redução de emissões de efeito estufa (GEE) e, ao mesmo tempo, reduzem custos operacionais e criam oportunidade de receita na comercialização do excedente.
Nesse contexto, empresas do setor já iniciaram o desenvolvimento de projetos voltados para a geração de energia em suas instalações. Esse é o caso da concessionária Águas de Manaus, controlada pela Aegea, que instalou a maior usina de energia fotovoltaica (energia solar) da região Norte.
O projeto faz parte dos esforços do grupo Aegea para o cumprimento da meta de reduzir em 15% o consumo específico de energia 2030. Em uma operação inédita para empresas de saneamento no Brasil. A unidade fotovoltaica da Águas de Manaus tem capacidade para gerar 3,7 GWh por ano, com a redução de emissões da ordem de 2,6 toneladas métricas de carbono (CO2). O número equivale às emissões de 560 automóveis em um ano. Além disso, tem um efeito (impacto) semelhante ao plantio de 43 mil árvores nativas.
ESG e universalização do saneamento
As metas da universalização dos serviços de saneamento também representam o pilar social do ESG no Marco Legal do Saneamento. Ao assumir compromisso com a ampliação dos serviços de saneamento básico, a legislação se alinha aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O ODS 6 tem como objetivo assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água potável e saneamento para todas e todos até 2030.
O projeto “Conexão Social – Programa de Interligações Internas de Esgotamento Sanitário”, da BRK Ambiental Uruguaiana, foi responsável por ampliar de 9% para mais de 97% o serviço para a população do município gaúcho de Uruguaiana nos últimos 10 anos.
O maior desafio enfrentado pela BRK na expansão do atendimento foi incluir as famílias economicamente vulneráveis no sistema de água tratada e coleta de esgoto. Nesse caso, o investimento privado se faz necessário para a realização das conexões das tubulações internas dos imóveis ao sistema de esgoto disponibilizado.
Um esforço conjunto entre diversos agentes (poder público, setor privado e sociedade) foi responsável pela resolução de um problema ambiental e social. A iniciativa atende ao ODS 17, que busca fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.
A concessionária atuou em conjunto com a agência reguladora estadual e a prefeitura de Uruguaiana para a criare possibilidades de aceleração de iniciativas de acesso à rede de esgotamento sanitário do município. Por meio de resolução normativa, foram viabilizados instrumentos para incentivo e até apoio aos cidadãos. Para realizarem a conexão das tubulações de seus imóveis à rede pública de esgotamento sanitário
Tarifa por Disponibilidade
Um desses mecanismos é a Tarifa por Disponibilidade, para todos aqueles imóveis que já contam com as redes coletoras disponíveis para conexão. Como forma de incentivar as conexões regulares, o Procedimento da Tarifa por Disponibilidade funciona com uma parcela de valor superior para aqueles imóveis que não se regularizaram. Em contrapartida, há a isenção da tarifa por determinado período para aqueles que se regularizarem de forma antecipada.
Como o objetivo da expansão dos serviços de saneamento é melhorar a qualidade de vida das pessoas, a resolução normativa permite que o dinheiro arrecadado com a Tarifa por Disponibilidade seja revertido para a conexão de famílias com baixo poder econômico. A partir deste conceito base foi que a equipe da BRK em Uruguaiana tomou uma iniciativa, que mais tarde veio a ser o Programa Conexão Social.
Gestão ESG de processos
Como parte da gestão ESG, a governança é o sistema interno de processos, controles e procedimentos. Que orientam as empresas a tomar decisões que atendam às leis e as necessidades de todas as suas partes interessadas. Isso inclui colaboradores, funcionários, fornecedores, acionistas e investidores.
Então, por meio do programa “Renovando Olhares aos Processos de Tratamento de Esgoto”, a Sesamm, controlada pela holding GS Inima, estruturou a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Mogi Mirim como uma Unidade de Recuperação de Recursos (URR). Desde 2013, em todo processo operacional e de conservação da instalação é utilizada água de reuso.
Para movimentar todas as “engrenagens”, foi instalada em 2019 uma usina fotovoltaica, ampliada em 2022, gerando assim, energia verde consumida no local. Por fim, em 2022, iniciou-se o processo de compostagem do lodo para que este recurso tão rico, seja aproveitado. Servindo de insumo em plantações diversas e evitando o comprometimento de Aterros Sanitários.