Prumo avança em projeto de polo de hidrogênio verde

Dona do Porto do Açu espera licença de planta para janeiro e anuncia construção de usina solar

FONTE: Valor Econômico

A Prumo Logística, controladora do Porto do Açu, em São João da Barra (RJ), avançou nos últimos meses na formação de um polo de hidrogênio verde no Norte Fluminense, onde opera um complexo industrial anexo às instalações portuárias. Entre as iniciativas da companhia, estão acordos para projeto de energia solar. Em dezembro, a Prumo firmou uma parceria com a chinesa Mingyang Smart Energy para a implantação de uma usina fotovoltaica de 220 MWp em uma área de 371 hectares no porto.

A construção da usina solar pode viabilizar a eletricidade renovável necessária para a fabricação de hidrogênio verde. Segundo o presidente da Prumo, Rogério Zampronha, a previsão é de que a usina comece a operação comercial no primeiro semestre de 2027, com investimentos estimados em R$ 750 milhões.

O acordo foi assinado em Brasília, durante o Brazil Investment Forum, evento promovido pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), contou Zampronha em balanço das atividades da Prumo em 2023.

A empresa também espera para janeiro a liberação da licença provisória do “hub” de hidrogênio verde no Porto do Açu. Zampronha destacou que as audiências públicas para a implantação da unidade, que deve ocupar uma área de 1 milhão de metros quadrados, foram realizadas em novembro. O polo de hidrogênio verde é parte do reposicionamento da companhia, que tem mirado a atração de indústrias ligadas à transição energética e à descarbonização.

A própria Prumo entra na cadeia de hidrogênio ao fornecer a água utilizada no mineroduto da sua subsidiária Ferroport para transportar o minério de ferro produzido pela Anglo American em Minas Gerais. A água que chega no porto é separada do minério e filtrada. A Prumo planeja destinar essa água de reúso para o processo de eletrólise utilizado para a produção do hidrogênio verde, salientou.

A Prumo tem assinados memorandos de entendimento com a petroleira norueguesa Equinor, a geradora chinesa de energia Spic e a comercializadora de energia Comerc, da Vibra. “A guerra entre a Rússia e a Ucrânia foi uma aceleradora da transição energética mundial. Brasil está bem posicionado”, afirmou Zampronha.

A subsidiária que controla o porto, a Porto do Açu Operações será gerida a partir de 1º de janeiro por Eugenio Figueiredo, atual diretor financeiro da Prumo. Ele vai acumular as funções, depois da saída de José Firmo do cargo.

Em paralelo, a Prumo estuda instalar um terminal de grãos no porto. O diretor de industrialização, energia e terminais do Porto do Açu, João Paulo Braz, disse que a empresa realizou, com sucesso, testes que movimentaram 98 mil toneladas de soja e 58 mil toneladas de milho, entre outras iniciativas que ampliaram as atividades no local.

Caso a Prumo opte por construir o terminal de grãos, os investimentos devem girar entre R$ 250 milhões a R$ 300 milhões, para movimentar até 3 milhões de toneladas por ano. O potencial de captação de cargas para o porto é de 8 milhões de toneladas por ano que chegariam ao porto, via rodovias, de regiões como Sul de Minas Gerais, Oeste do Espírito Santo e de Goiás.

Com a possível implantação de uma ferrovia com destino ao Açu, esses números dobrariam sem necessidade de duplicar os investimentos, destacou Braz. “Estamos fazendo uma análise detalhada, em conversas com alguns possíveis parceiros, para que a gente consiga construir o terminal de forma sustentável”, disse.

Para ele, o terminal pode ser competitivo porque portos na região estão saturados, com fila de mais de 70 dias para descarga dos navios, elevando custos logísticos. Um navio parado custa de US$ 20 mil a US$ 25 mil por dia, segundo ele. A decisão final de investimento no terminal de grãos deve sair até o fim do primeiro semestre de 2024.