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Apollo deixa negociações e Adnoc segue sozinha em compra da Braskem, dizem fontes
Segundo as fontes, a Empresa Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (Adnoc) pretende comprar a fatia da Novonor (ex-Odebrecht) e constituir uma joint venture com a Petrobras
FONTE: Valor Econômico
A Apollo Global não está mais participando das conversas para compra da Braskem. A Empresa Nacional de Petróleo de Abu Dhabi (Adnoc), que havia se juntado à gestora americana em uma proposta por 100% da petroquímica brasileira, está avançando sozinha nas negociações, apurou o Valor. A saída da Apollo era um desejo tanto do governo quanto da Petrobras.
Segundo fontes que acompanham a venda da Braskem, a Adnoc pretende comprar a participação da controladora Novonor (ex-Odebrecht) e constituir uma joint venture com a Petrobras, que seguirá sócia da petroquímica, com fatias em torno de 50% para cada uma. A estatal brasileira é dona de 36,1% da Braskem, com 47% do capital com direito a voto. A antiga Odebrecht tem 50,1% das ações ON e 38,3% do capital total da companhia.
Com a permanência apenas da estatal árabe na potencial transação, a Petrobras definiu que essa é a proposta que prefere para o futuro da Braskem, explicou uma das fontes. As conversas, neste momento, têm ocorrido entre os governos brasileiro e de Abu Dhabi. O fato de a Adnoc também ser estatal é visto com bons olhos pela petrolífera e pelo governo petista, que já havia sinalizado que não gostaria de entregar um ativo estratégico a um investidor financeiro e estrangeiro.
Contudo, disse uma fonte, a Adnoc ainda encontra resistência em relação ao valor e ao formato de operação oferecidos pela Braskem junto à antiga Odebrecht — que preferia a proposta da Unipar, com preço em princípio maior e previsão de permanência no negócio como minoritária, com fatia de 4%. Pela estrutura de pagamento original oferecida por Apollo e Adnoc, o preço por ação (a valor presente) é inferior aos R$ 47 oferecidos e a Novonor não seguiria entre os acionistas.
A saída da Apollo e o consequente avanço da Adnoc nas tratativas com a Petrobras impulsionaram as ações da Braskem, que lideraram as altas do Ibovespa nesta segunda-feira com ganho de 5,8%, para R$ 23,21.
Para atrair a antiga Odebrecht, os árabes agora estariam dispostos a mantê-la na sociedade, ao lado da Petrobras, com uma participação minoritária, a exemplo do que Unipar e J&F Investimentos haviam proposto.
No domingo, o colunista do jornal “O Globo” Lauro Jardim afirmou que a Petrobras escolheu a proposta feita pela Adnoc como sendo a melhor para a empresa e levou sua decisão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Procuradas, Apollo e Adnoc não comentaram o assunto.
Em comunicado ontem, a Braskem reiterou que não participa de eventuais negociações de Novonor e Petrobras, e pediu esclarecimento às acionistas. A estatal disse que segue realizando uma “due diligence” (auditoria) na petroquímica para eventual exercício do direito de tag along (vender pelas mesmas condições) ou ainda do direito preferência. A leitura é que a Petrobras não vai vender sua fatia.
Já a Novonor informou que não houve qualquer evolução material ou vinculante nas discussões que vem mantendo com as eventuais partes interessadas na aquisição de sua participação indireta na companhia. “A Braskem informa que seguirá apoiando os acionistas e manterá o mercado informado sobre desdobramentos relevantes, em cumprimento com as legislações aplicáveis”, acrescentou na nota002E.