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Hidrogênio pode ser solução para energia excedente no Brasil, defende Engie
Além de investimentos em transmissão e geração renovável, companhia olha para produção e transporte de hidrogênio verde no país
FONTE: EPBR
RIO – A Engie acredita que a produção de hidrogênio verde pode gerar uma nova demanda de energia capaz de resolver a sobreoferta de eletricidade que existe hoje no Brasil. Além de investimentos em transmissão e geração renovável, a companhia olha para produção e transporte de hidrogênio verde no país.
Para o gerente de assuntos regulatórios e de mercado da empresa, Leandro Xavier, aproveitar a energia excedente para produção de hidrogênio é “fazer do limão uma limonada”.
Durante o evento Engie Day, nesta quarta (2/8), no Rio de Janeiro, o executivo afirmou que visão está alinhada com os anseios do governo federal.
“Hoje temos uma sobreoferta de energia renovável. Essa sobreoferta está totalmente alinhada com que o governo está almejando, que é o processo de reindustrialização do país e a questão de fomentar a indústria do hidrogênio verde”.
O Brasil tem atualmente 193 gigawatts (GW) de capacidade instalada. Além disso, há mais de 240 GW previstos em projetos aprovados e em análise, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Entre os projetos em andamento, estão três da Engie. A companhia espera investir R$ 10 bilhões até 2025 para incrementar o portfólio com mais 2 GW, em dois parques, um solar e um eólico, no Rio Grande do Norte, e uma usina eólica na Bahia.
Âncora para expansão das renováveis
Ana Meyer, desenvolvedora de negócios de hidrogênio verde da companhia, também defende que a indústria do energético pode ancorar a expansão das renováveis no Brasil.
“Uma grande oportunidade que vemos é o mercado de hidrogênio impulsionar ainda mais o desenvolvimento das energias renováveis (…) A criação de novas cargas a partir de projetos de hidrogênio, fomentando ainda mais o desenvolvimento de renováveis”, avalia.
Por ser um carregador de energia, Meyer também vê no hidrogênio verde uma opção de exportar energia renovável produzida no Brasil, seja na forma do gás, seja via derivados, como amônia e metanol.
Hoje, o portfólio da Engie no Brasil é 100% renovável, com 75 usinas entre hidrelétricas, solar e eólica, com aproximadamente 10 GW de capacidade instalada, além de 2.700 km de linhas de transmissão já em operação.
A companhia também foi uma das vencedoras do último leilão de concessão de linhas de transmissão, ao arrematar por R$ 249,3 milhões um pouco mais de mil quilômetros de linhas, que vão conectar Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo, atendendo, assim, ao escoamento da energia renovável do Nordeste para o Sudeste.
Hidrogênio verde e industrialização
Além de geração e transmissão, a Engie estuda a produção de hidrogênio verde no Brasil.
A companhia já possui um memorando de entendimento para instalação de uma planta no Porto do Pecém, no Ceará, e um protocolo de intenções com a Invest Paraná, para desenvolver projetos de grande escala de produção de hidrogênio verde no estado.
Globalmente, a empresa possui trinta projetos em larga escala de hidrogênio verde, com o objetivo de chegar a 4 GW em capacidade de eletrólise até 2030.
No caso do Brasil, Meyer destaca que o país, além do potencial de ser um produtor a preço competitivo, também tem a vantagem de ser um possível grande consumidor, por conta do seu parque industrial – o maior da América Latina.
“Temos uma indústria bem consolidada com necessidade de descarbonização, e isso se torna um diferencial quando comparamos com outros países que estão se posicionando como produtores de hidrogênio internacional, como Chile e países do Oriente Médio”, avalia a executiva.
Ela conta que os projetos da Engie, no primeiro momento, olham as indústrias de siderurgia, mineração e química, como primeiros clientes para o H2, além do transporte pesado.
E que a preferência é “buscar desenvolver projetos em formato de hubs, para que consigamos otimizar o desenvolvimento do projeto, e ter diversas aplicações no local”, a exemplo do futuro hub do Pecém, no Ceará.
Transporte de hidrogênio via gasodutos
Na estratégia de longo prazo da companhia, a Transportadora Associada de Gás (TAG) – onde a Engie tem participação acionária de 65% – também estuda o transporte de hidrogênio verde, via adaptação de gasodutos.
No Brasil, ela opera uma malha de gasodutos de 3.700 quilômetros, que liga o norte do Rio de Janeiro, até o Porto do Pecém, no Ceará. Além de uma malha de Urucu a Manaus, no Amazonas, com cerca de 800 km.
“Já pensamos no futuro em preparar nossas infraestruturas para hidrogênio, biometano, biogás e outro tipo de forma de gás que poderíamos transportar na nossa infraestrutura”, Gustavo Labanca, diretor-presidente da TAG.
Globalmente, a Engie opera mais de 37 mil km de gasodutos de transporte e 200 mil km de gasodutos de distribuição. Até 2030, a companhia espera operar uma rede de 700 quilômetros dedicada a hidrogênio.