.
Eldorado inaugura megaterminal em Santos
Produtora de celulose investiu mais de R$ 500 milhões e prevê redução de custos com início de operação do EBLog
FONTE: Valor Econômico
A Eldorado Brasil, produtora de celulose que tem como acionistas a J&F Investimentos e a Paper Excellence (PE), embarcou ontem, para a China, a primeira carga a partir de seu novo terminal portuário multimodal em Santos (SP), fruto de investimentos de cerca de R$ 550 milhões, incluindo outorga. Esse foi o maior desembolso da companhia desde a construção da fábrica de Três Lagoas (MS), em operação desde o fim de 2012.
Já preparado para atender ao projeto de expansão da Eldorado, que produziu mais de 1,8 milhão de toneladas de celulose de eucalipto no ano passado, o EBLog praticamente triplica a capacidade de expedição própria da empresa em relação ao antigo terminal, com 3 milhões de toneladas nominais por ano.
Ocupando uma área de 53 mil metros quadrados e capacidade de armazenamento de até 150 mil toneladas de celulose, o EBLog comporta até 72 vagões, além de possibilitar o embarque de até dois navios simultaneamente e o recebimento de carga tanto via rodoviária quanto ferroviária. Hoje, 98% da celulose transportada pela Eldorado até o Porto de Santos usa caminhões, modal que ainda se mostra mais competitivo. Mas a companhia também avalia outras alternativas, incluindo trem e barcaça – cuja operação acabou suspensa após a crise hídrica.
“O projeto Eldorado já nasceu olhando para a segunda linha produtiva e para um terminal portuário que trouxesse ainda mais competitividade. Não buscamos ser os maiores, mas sim os melhores”, disse ao Valor o diretor executivo comercial e de logística da empresa, Rodrigo Libaber.
Em nota, o presidente da Eldorado Brasil, Carmine De Siervi, disse que a inauguração do novo terminal prepara a companhia “para o futuro, atendendo a demanda de forma mais ágil e eficiente”. A produtora de celulose exporta para mais de 40 países e suspendeu seu projeto de expansão em meio ao conflito judicial entre as sócias, que já dura mais de quatros anos.
Conforme Libaber, o início de operação do novo terminal trará redução de custos, incluindo os ganhos com escala, eficiência e redução de trajeto. “Vamos trabalhar com menos gente e mais celulose”, explicou. “É um dos terminais mais modernos e competitivos para celulose”, acrescentou.
Questionado sobre a dinâmica do mercado global de celulose, o executivo indicou que a China, maior importadora mundial da matéria-prima, tem dado sinais positivos, com demanda em nível considerado “bom” e entrada de novas capacidades de papel.
Nesse ambiente, os preços da celulose de eucalipto se estabilizaram no mercado asiático e os produtos tem conseguido aplicar aumentos mensais. O mais recente, de US$ 20 por tonelada, não é exatamente novo e está dentro do reajuste de US$ 30 por tonelada anunciado para julho, quando só US$ 10 foram efetivamente aplicados.
“Olhando para o segundo semestre, estou otimista com a China. O que preocupa mais é a Europa. É o grande ponto de atenção”, disse Libaber. Os estoques de papel no mercado europeu, explicou o executivo, seguem elevados e não têm sido consumidos no ritmo esperado. A leitura é de que os preços da fibra só devem parar de cair quanto houver normalização na cadeia papeleira.