FONTE: PetroNotícias

Um dos principais projetos em andamento no estado de Sergipe está alcançando novos avanços. Como já noticiamos, a Transportadora Associada de Gás (TAG) deu início às obras da primeira fase do chamado Gasoduto Terminal Sergipe, que interligará o Terminal de Regaseificação Nanook, da Eneva, à malha nacional de gasodutos. A empresa contratada para realizar a construção é a Spiecapag Intech, que já está alcançando alguns marcos importantes no empreendimento. “Hoje, já temos mais de 5 km de pista aberta e desfilado próximo de 3 km. A atividade de soldagem em linha está alcançando seu nível de cruzeiro e já temos um pequeno trecho abaixado”, contou o diretor da Spiecapag Intech, Sébastien Prince. “As obras especiais estão começando com uma primeira sonda de perfuração em posição, aguardando as últimas liberações”, acrescentou. O executivo detalhou ainda que, no pico dos trabalhos, serão cerca de 340 funcionários indiretos e diretos – e boa parte dessa mão de obra será contratada na região. “O início de operação do gasoduto está previsto para o segundo semestre de 2024. É um grande desafio para TAG e a Spiecapag Intech, mas a escolha da TAG demostra uma relação de longo prazo de parceria e confiança”, afirmou. O gasoduto terá 25 km de extensão e 24 polegadas de diâmetro, passando pelos municípios de Barra dos Coqueiros, Santo Amaro das Brotas e Rosário do Catete.

Para começar nossa entrevista, poderia falar um pouco aos nossos leitores sobre como é a atuação da empresa no Brasil?

A Spiecapag Intech faz parte de um grande grupo de construção francês chamado Vinci. A nossa matriz, a Spiecapag, é uma empresa focada na construção e montagem de dutos de grande porte e extensão.

Aqui no Brasil, a filial tem quatro atividades principais. A primeira delas, que desenvolve de forma pioneira há 20 anos, é a perfuração direcional horizontal (HDD, na sigla em inglês). É uma metodologia não destrutiva para instalação de dutos embaixo de obstáculos naturais ou estradas em diversas formações geológicas, inclusive em rocha. A empresa também atende como EPCista na construção e montagem de projeto de dutos, atuando em todas as fases da obra desse tipo de empreendimento. A companhia realiza ainda a manutenção de dutos, executando serviços mais específicos, tais como inspeção e reparos de trincas, troca de trecho em operação com processo de trepanação, soldagem dupla calhas, entre outros. Além disso, também opera um trecho de um gasoduto de 18 km em Macaé (RJ), infraestrutura que faz interligação da Usina Termelétrica Marlim Azul com o Terminal Cabiúnas da Petrobrás.

Por fim, a Spiecapag Intech é distribuidor das marcas Seal For Life e 3x Engineering, que são produtos específicos de alto rendimento usado para revestimento anticorrosivo e manutenção de dutos.

Agora, poderia falar sobre como será a atuação da empresa na construção do gasoduto que ligará o Terminal de Armazenamento e Regaseificação de GNL da Eneva à malha da TAG?

Antes de falar da construção do gasoduto em si, é importante contextualizar o projeto como um todo. Atualmente, a Usina Termelétrica Porto de Sergipe I, operada pela Eneva, é alimentada com gás natural regaseificado pelo Terminal de Regaseificação Nanook. Hoje, quando há excedente de gás, esse combustível deixa de ser utilizado. A usina Porto de Sergipe I utiliza 6 milhões de m³ por dia quando despachada. Mas o Terminal de Regaseificação pode produzir até 21 milhões de m³ por dia.

Por isso, a TAG contratou a construção desse novo gasoduto – que irá transportar esse excedente de gás para a malha nacional. Esse é um projeto inovador para o mercado brasileiro, porque será a primeira vez que um empreendimento de geração térmica irá fornecer gás natural excedente para a malha de transporte nacional. É um cenário extremamente positivo trazendo mais autossuficiência e segurança energética para esse novo momento do mercado de gás natural do país.

A Spiecapag Intech foi contratada pela TAG para conduzir toda a construção do gasoduto. O início de operação do gasoduto está previsto para o segundo semestre de 2024. É um grande desafio para TAG e a Spiecapag Intech, mas a escolha da TAG demostra uma relação de longo prazo de parceria e confiança.

Esse é um projeto complexo e de longo prazo, o qual demanda uma empresa que tenha pleno conhecimento de todas as atividades de construção de dutos, recursos próprios e uma estrutura local adequada para atender um empreendimento de grande porte. Estamos muito felizes pela TAG ter nos escolhido para conduzir esse projeto.

Quais são os principais desafios em uma obra desse tipo?

Um dos principais desafios neste projeto são as áreas alagadas. O período de chuvas em Sergipe, que começou em maio, fez com que alguns lugares secos se transformassem em áreas alagadas. Nesse cenário, os trechos molhados e o barro dificultam a movimentação de máquinas pesadas. São fatores que foram levados em consideração durante o planejamento e a execução do projeto, de modo a garantir que o trabalho possa ser executado dentro do prazo. Nesse exato, momento estamos sofrendo atrasos na produção do projeto justamente porque estamos no período chuvoso.

Para otimizar da melhor forma a construção de um dutos as atividades precisam ser organizadas em linha, como uma indústria. As principais etapas da construção de um gasoduto são: desenvolvimento do projeto, licenciamento ambiental, fundiário estabelecimento da faixa de domínio e abertura de pista, recebimento e desfile de tubos, curvamento, soldagem e inspeção da qualidade de soldas, revestimento do duto, abertura de vala, abaixamento da coluna e cobertura. São atividades subsequentes, por isso que é importante organização durante a obra, para que assim que uma equipe concluir uma etapa do projeto, a equipe seguinte possa prosseguir o trabalho sem interrupção, como um trem e seus vagões andando de estação em estação. 

Outra particularidade e desafio desse tipo de projeto são as chamadas obras especiais e áreas de superfícies, como conexões e válvulas. Teremos que realizar algumas perfurações direcionais horizontais (HDD) e Tunnel Linner para atravessar rios, rodovias, ferrovias, etc. Já temos equipes específicas trabalhando nos pontos onde acontecem essas obras especiais.

Quantas pessoas estarão envolvidas na obra?

No pico da obra, teremos em torno de 340 funcionários indiretos e diretos. É muito importante mencionar que procuramos contratar e treinar a mão de obra local, ensinando a nossa cultura de zero acidentes. Segurança não é apenas uma prioridade, mas sim um valor para a Spiecapag Intech.

Adicionalmente, tanto para a TAG quanto para a Spiecapag Intech, é de extrema importância ajudar no desenvolvimento local. O governador de Sergipe, Fábio Mitidieri, e outros políticos do estado que estão trabalhando para o desenvolvimento da região são grandes apoiadores para o sucesso desse projeto. Isso porque uma obra dessa envergadura ajuda a movimentar a economia local – hotéis, turismo, restaurantes e outros estabelecimentos serão positivamente impactados pela obra.

A mão de obra local corresponde a cerca de 60% dos novos funcionários contratados para o projeto. Existe um trabalho de qualificação e treinamento dessa nova mão de obra, repassando nossos valores sobre segurança de trabalho. Em todo o mundo, o grupo Vinci emprega mais de 150 mil pessoas. Em todos os países onde atuamos, a cultura zero acidentes é um valor. Nesse sentido, contamos com o auxílio da TAG, que também possui uma forte cultura de Qualidade, Segurança Meio Ambiente e Saúde. Estamos trocando muitas experiências e o nível de colaboração que o projeto demanda está sendo muito benéfico para ambas as empresas.

No momento, em que fase está a execução da obra?

O contrato foi assinado em novembro do ano passado e a mobilização começou no mês seguinte. Em janeiro e fevereiro, realizamos a construção do canteiro de obras. Além disso, ainda em janeiro, já começamos a receber os tubos que estão sendo utilizados na obra. Antes da liberação total do serviço, também realizamos alguns serviços preliminares no sítio da obra. Hoje, já temos mais de 5 km de pista aberta e desfilado próximo de 3 km. A atividade de soldagem em linha está alcançando seu nível de cruzeiro e já temos um pequeno trecho abaixado. Por fim, as obras especiais estão começando com uma primeira sonda de perfuração em posição, aguardando as últimas liberações para iniciar o primeiro de muitos furos.