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Cocal inicia construção de segunda planta de biometano de resíduos de cana no oeste paulista

Com investimento de R$ 216 milhões, a nova unidade terá capacidade de produção de até 60 mil m3/dia durante a safra

FONTE: EPBR

BRASÍLIA – A Cocal, empresa do setor sucroenergético, inicia neste mês de julho a construção de sua segunda planta de biogás, na unidade de Paraguaçu Paulista (SP), no oeste do estado. A expectativa é iniciar as operações em abril de 2025.

Com investimento de R$ 216 milhões, a nova unidade será 100% destinada à conversão em biometano – biogás purificado – e terá capacidade de até 60 mil m3/dia durante a safra.

O volume é 140% maior em relação à planta de Narandiba (SP), a pioneira da empresa que iniciou suas atividades em 2022.

O empreendimento é desenvolvido em parceria com a empresa de tecnologia Geo Biogás & Tech. Usando equipamentos nacionais, o biogás será gerado a partir de vinhaça e torta de filtro – resíduos da industrialização da cana-de-açúcar – e outras matérias-primas.

Esses insumos poderão ser estocados garantindo a produção do biometano durante todo o ano – no período da safra e entressafra, afirma a Cocal. E, no futuro, gerar novos produtos tendo como base o gás renovável.

Toda distribuição do biometano da planta será feita via GNC (cilindros transportados por meio de carretas), o que permite o atendimento de qualquer cliente industrial ou comercial, independente da região.

“No atual cenário do Brasil com transporte dutoviário ainda em desenvolvimento, a carreta exerce uma função de ‘ponte’ que permite o escoamento da produção”, explica o diretor comercial e de novos produtos da Cocal, Andre Gustavo Silva.

Ele conta que tem clientes em Londrina (PR) e Araçatuba (SP), regiões que não estão conectadas às plantas, na malha de gasodutos. Além disso, o grupo espera que novas empresas da região sejam parceiras do projeto.


Biometano na frota

O biometano produzido na planta também será destinado para consumo interno pela frota da Cocal durante a safra, substituindo o consumo de diesel.

“Na última safra (22/23), deixamos de utilizar 300 mil litros de diesel com a substituição pelo biometano. Na atual, nossa expectativa é quadruplicar esse número com o equivalente acima de 1 milhão de litros de diesel”, conta o diretor.

A previsão é aumentar de 11 para 37 a quantidade de equipamentos rodando com o gás renovável como combustível.

“Quando a nova planta de biogás estiver pronta, teremos dado mais um importante passo em busca de nos tornarmos uma empresa zero carbono do agronegócio”, completa.

Biofertilizantes

O modelo de economia circular realizado em Narandiba será replicado em Paraguaçu Paulista.

Após a geração do biogás, as matérias utilizadas no processo voltam para a área de produção como biofertilizantes para a cana-de-açúcar. É uma forma de reduzir custos, já que o preço do fertilizante químico, em escala global produzido pela Rússia, disparou desde o início da guerra.

Emissão de CBIOs

Assim como em Narandiba, a planta em Paraguaçu Paulista será certificada para a comercialização créditos de descarbonização (CBIOs) do RenovaBio.

A Cocal é a primeira empresa a obter o certificado para o produto oriundo de resíduos agrosilvopastoris. A planta tem capacidade de produzir até 25 mil m3/dia de biometano.

O CBIO é um crédito de descarbonização de compra obrigatória pelas distribuidoras de combustíveis. O rateio é proporcional à venda de derivados de petróleo.

A emissão dos ativos, por sua vez, é feita por produtores de combustíveis renováveis, como etanol (a principal fonte), biodiesel e biometano.

É um dos pilares do RenovaBio, programa de descarbonização do setor brasileiro de transportes. Pela metodologia do programa, cada CBIO corresponde a 1 tonelada equivalente de carbono.