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Excelerate Energy mantém aposta no Brasil
Mesmo com cenário de baixa geração térmica, empresa segue com suas duas principais embarcações para transporte de GNL no país
FONTE: Valor Econômico
Mesmo com um cenário de baixa geração térmica motivada por reservatórios cheios nas hidrelétricas, a Excelerate Energy pretende manter no Brasil suas duas principais embarcações para transporte de gás natural liquefeito (GNL). As embarcações, que estão ancoradas na Baía de Guanabara (RJ) e em Pecém (CE), somam capacidade de armazenamento de 346,8 mil metros cúbicos (m3) de GNL e têm capacidade de regaseificar, cada uma, 30 milhões de m3 por dia. Manter as unidades no país é um sinal de aposta da companhia em realizar novos negócios, elevando a comercialização de GNL no país.
Há cerca de duas semanas, o presidente da Excelerate Energy, Steven Kobos, esteve no Brasil para, entre outras atividades, conversar com a nova administração da Petrobras a fim de entender as necessidades da companhia. A empresa tem contratos com a petroleira desde 2012, com entregas de GNL nos terminais de regaseificação na Baía da Guanabara, em Pecém e na Bahia.
Ao Valor, Kobos afirmou que o cenário energético mudou por causa do conflito entre Rússia e Ucrânia, o que elevou a procura por GNL diante das sanções impostas por países europeus contra os russos – em vigor desde janeiro. A maior demanda impactou nos preços do insumo no mercado internacional.
Embora ainda elevados, os preços internacionais estão se equilibrando, mas a demanda externa continua alta. Mesmo assim, disse Kobos, existe uma intenção grande da Excelerate de continuar investindo no Brasil e apoiando o mercado interno. “Estamos determinados a continuar fazendo negócios no Brasil”, afirmou o executivo.
No Brasil, a principal classe de consumo de gás natural é a geração termelétrica, seguida pela indústria. Por sinal, o governo tem atuado a fim de criar um movimento, ao qual denomina “neoindustrialização”, baseado, entre outras iniciativas, na redução dos preços do gás natural no país.
Os primeiros terminais de GNL foram implantados no país na segunda metade da década de 2000 pela Petrobras, mas posteriormente novas térmicas entraram em operação já contando com novos pontos de regaseificação.
Em 2021 entrou em vigor o “Novo Mercado de Gás”, marco regulatório que viabilizou abertura do mercado de gás natural no Brasil, permitindo a aquisição do insumo por distribuidoras e grandes consumidores de outros agentes, além da Petrobras.
Naquele mesmo ano, o cenário energético brasileiro era de alta escassez hídrica, com despacho de todas as térmicas instaladas no país. Por outro lado, no ano seguinte, as chuvas foram abundantes, mesmo no período seco, o que ajudou a recuperação dos níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas.
Kobos salientou que o país possui uma matriz energética “singular”, com grande volume de energia renovável. Mesmo assim, há uma demanda grande por gás natural no país.
“Nós queremos continuar no mercado brasileiro, é um excelente mercado. Queremos alocar os nossos melhores ‘assets’ no Brasil e continuaremos a fazer isso e sempre buscando a melhor maneira de fazê-lo”, afirmou Kobos. As atenções da companhia, neste caso, se voltam para a transição energética. Para o executivo, o Brasil está muito à frente de outros países em relação ao tema e o gás é um recurso importante para ajudar em projetos de descarbonização.
Além de visitar a Petrobras, Kobos esteve no navio de GNL (FRSU, na sigla em inglês) ancorado no Rio, em companhia da cônsul-geral dos Estados Unidos, Jacqueline Ward, entre outros compromissos.