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Iguá minimiza impacto de decretos e estuda leilões
Grupo prevê reduzir alavancagem neste ano
FONTE: Valor Econômico
A Iguá Saneamento segue interessada em disputar novos leilões, mesmo diante do cenário de rediscussão das normas do setor, afirma o presidente da companhia, Carlos Brandão. No alvo da empresa estão a PPP da Sanepar – com leilão marcado para julho deste ano -, a concessão de Porto Alegre, além de projetos em estudo em Sergipe e em Alagoas.
As mudanças trazidas pelos decretos federais, que alteraram parte da regulamentação do setor, não alteram a estratégia da Iguá, segundo Brandão. “Não impacta. O que mudou é a perspectiva do perfil do investimento, que deverá ser mais focado em PPPs do que em concessões plenas. Mas isso não altera nosso plano de crescimento.”
Ele avalia que ainda é preciso aguardar para ver como ficarão as normas do setor, que hoje vivem um cenário de incerteza. Desde abril, quando o governo federal alterou a regulamentação do saneamento, houve reações políticas, tanto de grupos que questionaram as mudanças no Supremo Tribunal Federal (STF), quanto por parte da Câmara dos Deputados, que recentemente aprovou um projeto de decreto legislativo para reverter parte as alterações. A discussão ainda terá que passar pelo Senado Federal.
A Iguá opera 18 concessões no país. A principal delas é o Bloco 2 do Rio de Janeiro, que inclui os bairros de Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Recreio dos Bandeirantes, além das cidades de Miguel Pereira e Paty dos Alferes. A empresa conquistou o lote em um leilão em 2021, em que ofereceu outorga de R$ 7,3 bilhões. Além disso, se comprometeu com investimentos de R$ 3 bilhões – em 2023, a expectativa é fazer obras no valor de R$ 324 milhões.
Desde a vitória no leilão do Rio, porém, o grupo não conquistou novos projetos. A Iguá chegou a disputar a licitação de duas PPP no Ceará, mas não levou os contratos, que ficaram com a Aegea.
A empresa enfrenta um desafio financeiro, já que sua alavancagem (medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda ajustado) encerrou 2022 em 8,6 vezes.
Apesar do indicador elevado, a maior parte da dívida, que soma um total de R$ 5,6 bilhões, vence apenas em 2025 – basicamente os R$ 4 bilhões do empréstimo-ponte contratado para o projeto no Rio. Neste momento, a empresa avalia antecipar a troca de uma parte dessa dívida, para diversificar o perfil do endividamento.
Além disso, segundo Brandão, há uma perspectiva de redução rápida da alavancagem, dado que o contrato do Rio, ainda em fase inicial, deverá ampliar a geração de caixa. A expectativa é reduzir o indicador a um patamar entre 6 vezes e 6,5 vezes neste ano.
Além disso, segundo Brandão, há uma perspectiva de redução rápida da alavancagem, dado que o contrato do Rio, ainda em fase inicial, deverá ampliar a geração de caixa. A expectativa é reduzir o indicador a um patamar entre 6 vezes e 6,5 vezes neste ano.
Um aporte adicional de recursos também poderá vir por meio da entrada de novo sócio, que a Iguá negocia desde o fim de 2022, conforme revelado pelo Pipeline à época. A ideia seria fazer uma transação primária de até R$ 3 bilhões. Sobre a operação, Brandão preferiu não comentar.
A Iguá é controlada pela IG4 Capital e tem como acionistas principais os fundos de pensão canadenses AIMCo (Alberta Investment Management Corporation) e CPPIB (Canada Pension Plan Investment Board) – este último entrou no capital da empresa às vésperas do leilão do Rio, para capitalizar a companhia.