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Governo de Sergipe e empresas apresentam oportunidades do estado no setor de óleo e gás
Entre palestras e reuniões de negócios, lideranças do estado e empresas que já atuam na região foram recebidas pelos representantes da indústria na capital paulista
FONTE: Valor Econômico
Para cada ponto percentual de aumento da participação da indústria na economia de um país, o Produto Interno Bruto (PIB) cresce 2,35 pontos percentuais. Isso porque o setor consome produtos e serviços de outras áreas da economia, gera empregos e investe em inovação. Ainda assim, nas últimas três décadas, a indústria brasileira viu sua relevância diminuir. Daí a relevância da implementação de um amplo processo de industrialização com base no investimento do setor de óleo e gás e que estão transformando o estado de Sergipe.
Foi com estes argumentos que Josué Christiano Gomes da Silva, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), deu início ao dia de trabalhos do Sergipe Day, na sede da entidade, na Avenida Paulista, na última terça-feira, dia 25. O evento contou com a participação das principais lideranças do estado, assim como de empresas do setor de petróleo, gás e fertilizantes, que já atuam na região. Com realização da Editora Globo, o Sergipe Day teve patrocínio do Governo de Sergipe, Banese, Commit Gás, SERGAS, TAG, VLI Logística e Eneva.
“É importante a disposição de Sergipe em investir em industrialização. É um estado localizado de forma privilegiada no centro do Nordeste, rico nas mais diversas formas de energia, que investe em gás natural e, com a descoberta de novos campos de exploração em seu litoral, logo vai fornecer o equivalente a 20% da demanda nacional deste insumo”, afirmou Silva.
Confira a íntegra do evento, que foi transmitido pelo YouTube do Valor Econômico:
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O evento contou com as presenças de empresas como Mosaic Fertilizantes, ATGÁS, Duratex, Braskem, Dexco, Shell Energy, Noxis Energy, Votorantim Cimentos, Energy Platform, entre muitas outras.
Investimentos como política pública
Com a recente descoberta de novos campos em águas ultraprofundas no litoral sergipano, o estado passará a ser a mais importante fronteira de exploração e produção petrolífera no país, depois do pré-sal. A expectativa é que nos próximos anos, Sergipe seja responsável por, aproximadamente, 20% de todo o gás produzido no país, ressaltou o governador, Fábio Mitidieri: “Queremos que nossa sociedade se beneficie desse bem natural que é o gás. Não queremos dormir no berço esplêndido dos royalties, mas promover a transformação econômica e social que esse setor pode nos trazer”, afirmou. “A busca ativa por novos investimentos é uma política pública do governo.”
O governador destacou as oportunidades de negócios geradas a partir do uso do gás natural, especialmente para as indústrias que já consomem o insumo como matéria-prima ou como fonte de geração de energia e calor. “Muitas indústrias precisam do gás para ampliar os seus negócios. E Sergipe pode garantir esse abastecimento.”
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Valmor Barbosa, secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, destacou que o estado acelerou a regulamentação do setor de gás, alinhado à nova lei federal, e listou as condições estruturais favoráveis que a região: “Contamos com 2.200 quilômetros de rodovias asfaltadas, todas recuperadas, além do Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial (PSDI) e de uma ampla diversidade de fontes energéticas limpas. Com isso, temos visto empresas de grande porte se instalar na região. Há espaço para outras se somarem ao esforço de industrialização do estado”, afirmou.
“Sergipe está começando a viver a sua segunda redenção. A primeira foi com o petróleo na década de 1960. Agora, vamos aproveitar a riqueza que nos cerca para ancorar um novo parque industrial no estado”, analisou Laércio Oliveira, senador por Sergipe e relator da Nova Lei do Gás, ao enfatizar que a segurança jurídica é um compromisso cumprido à risca no estado.
Empresas empreendedoras em Sergipe
Após a abertura com autoridades, a plateia recebeu informações detalhadas a respeito das ações em desenvolvimento no estado, resultado da parceria com o setor privado. Confira as propostas das empresas que se apresentaram no Sergipe Day:
Petrobras
Francisco Queiroz, gerente executivo de E&P de terra e águas rasas, detalhou um dos projetos mais importantes para a companhia atualmente, e também para o estado: o Projeto Sergipe Águas Profundas (SEAP), que está em estágio inicial de implementação e prevê a exploração de novos campos, a 100 quilômetros da costa, em profundidades que chegam a 3 mil metros. “É um ativo estratégico, que será explorado em dois sistemas, apoiados por plataformas marítimas que terão a largura de um campo de futebol e o comprimento de três”, detalhou. Com a contratação de dois navios-plataformas para o SEAP, a expectativa é de produção de 240 mil barris/dia de petróleo e 18 milhões de metros cúbicos de gás por dia.
Eneva
“Sergipe vai ser uma nova fronteira de óleo e gás no Brasil e estamos participando ativamente deste momento”, analisou Marcelo Cruz Lopes, diretor executivo de Marketing, Comercialização e Novos Negócios da companhia. A Eneva atua no Hub Sergipe, instalado em Barra dos Coqueiros, na região metropolitana de Aracaju (SE), e que conta com uma usina com capacidade de geração de 1,6 GW e uma Unidade Flutuante de Armazenamento e Regaseificação de Gás Natural (FSRU) com capacidade de regaseificação de 21 MMm³.
Commit Gás
A Commit Gás é vinculada à SERGAS, uma companhia de direito privado, sociedade de economia mista, vinculada à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia. “Gás natural é indutor de desenvolvimento. É o combustível da transição energética, socialmente responsável e economicamente relevante”, argumentou, em sua fala, Álvaro Moraes, diretor técnico e comercial da SERGAS. Para ele, as obras em implementação na região, somadas à exploração dos novos campos, vão proporcionar liquidez ao mercado e competitividade a Sergipe.
TAG
Assim como Dubai e Cingapura, Sergipe pode se tornar rapidamente um gerador de desenvolvimento econômico e social, apoiado num parque industrial alimentado pelo fornecimento de óleo e gás, avaliou Eduardo Farhat, managing diretor de infraestrutura para América Latina da TAG. “Para crescer, é preciso trazer para o sistema eficiência e escala”, argumentou. “Precisamos implementar a maior conexão possível do transporte de gás”. É o que a TAG está fazendo neste momento, ao conduzir uma obra de R$ 300 milhões para ligar o terminal de Sergipe à malha de gasodutos do estado.
VLI Logística
Empresas de estados vizinhos têm utilizado o Terminal Marítimo Inácio Barbosa (TMIB), que faz parte do portfólio da companhia e fica nos arredores da capital, Aracaju. “É um terminal sem filas. Só quem opera neste mercado sabe o valor, em tempo e dinheiro, deste diferencial”, resume Diego Zanela, diretor de operações do corredor Centro Leste da companhia. O TMIB movimenta fertilizantes, milho, farelo de soja, coque, cimento, trigo, cobre, minério de ferro, manganês. “O estado tem nos apoiado, e, de nossa parte, participamos do desenvolvimento de Sergipe”.
Unigel
Se hoje o Brasil importa fertilizantes, num futuro próximo pode passar a atender à demanda própria e de outros países. “Para isso, precisamos de gás natural a preço competitivo”, analisou Luiz Felipe Fustaino, diretor de relações com investidores, tesouraria e comunicação externa da Unigel. Em 2021, a empresa deu início à produção de amônia e ureia em Laranjeiras (SE). Desta forma, tornou-se o maior produtor nacional de fertilizantes nitrogenados. “Em pouco tempo de operações em Sergipe já identificamos a garra dos nossos colaboradores na região”, disse Fustaino.
Rodada de negócios
O evento se seguiu a um encontro de empresas interessadas em investir no estado. Seus representantes tiveram a chance de se sentar à mesa com o governador e sua equipe a fim de tirar dúvidas e ouvir propostas. Foi um momento de levar adiante as conversas iniciadas durante a manhã.
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Em agosto, Sergipe organiza um novo encontro, desta vez em Aracaju. Trata-se do Sergipe Oil & Gas, que vai novamente colocar o estado na vanguarda dos diálogos a respeito do segmento. Para saber como foi a primeira edição, clique aqui.