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Indústria global empolgada com eólicas, mas há risco de suprimentos pela frente

2023 deve ser o primeiro ano a exceder 100 GW de adições

FONTE: EPBR

Lançado nesta segunda (27/3), relatório do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês) espera instalações recordes nos mercados onshore e offshore até 2025, com 680 GW de nova capacidade prevista para 2027.

“Após um ano decepcionante em 2022, um ambiente político em rápida evolução preparou o cenário para um período de implantação acelerada nos próximos anos, com o setor definido para instalar 136 GW por ano até 2027, atingindo uma taxa composta de crescimento de 15%”, diz o documento.

Com uma expansão de 9%, 2022 foi o terceiro melhor ano de todos os tempos para a energia eólica: foram 78 GW adicionados. A capacidade global alcançou 906 GW.

China, Estados Unidos, Brasil, Alemanha e Suécia lideram esse ranking, representando 71% das instalações no ano passado.

Coletivamente, os cinco ficaram 3,7% abaixo de 2021, com China e EUA, os dois maiores mercados, perdendo uma participação combinada de 5% em comparação com o ano anterior.

Foi o segundo ano consecutivo em que ambos os países perderam participação de mercado.

 2023 deve ser o primeiro ano a exceder 100 GW de adições, considerando a previsão de crescimento ano a ano de 15% do GWEC Market Intelligence.

Rumo a 2 terawatts em 2030

Em termos de capacidade, as projeções para 2030 estão mais otimistas que as do relatório anterior.

Agora são esperados 143 GW adicionais até o final da década, alcançando 1,2 TW de nova capacidade entre  2023 e 2030 — isso é 13% a mais que as previsões anteriores 1,08 TW de 2022 a 2030).

As principais razões por trás dessa atualização incluem a reforma do sistema de energia na Europa para substituir o gás russo no cenário de guerra, as estratégias chinesas para expandir a participação de renováveis na sua matriz e um aumento de instalação antecipado de dez anos nos EUA, impulsionado pela aprovação da Lei de Redução da Inflação (IRA).

Esse bom momento, no entanto, pode esbarrar no fornecimento de matérias-primas críticas.

Agir agora para evitar surpresas

Um dos destaques do relatório é a urgência de aumentar o investimento na cadeia de suprimentos em todo o mundo, sob risco de rupturas que podem atrapalhar novas adições a partir de 2026.

O mapeamento mostra que tanto os EUA quanto a Europa provavelmente verão gargalos no fornecimento de turbinas e componentes já em 2025, como resultado da corrida verde das duas economias.

E alerta para o risco de medidas comerciais protecionistas sobre os preços.

“Os formuladores de políticas precisam agir de forma decisiva para corrigir as barreiras regulatórias e de mercado para permitir que o investimento flua para novas fábricas para evitar futuros gargalos. Além disso, precisamos de uma colaboração global muito mais ativa para aprimorar e reduzir os riscos do fornecimento de matérias-primas críticas”, defende Ben Backwell, CEO do GWEC.

Destaques do GWEC

  • América Latina deve instalar 26,5 GW de energia eólica onshore nos próximos cinco anos. Brasil, Chile e Colômbia contribuem com 78% das adições;

  • Na América do Norte, espera-se que 60 GW de capacidade eólica onshore sejam adicionados nos próximos cinco anos, dos quais 92% serão construídos nos EUA e o restante no Canadá;

  • Europa assistirá forte crescimento nos mercados estabelecidos, como Alemanha, Espanha, Reino Unido, França, Itália e Turquia. Projetos onshore vão decolar novamente a partir de 2024;

  • Para África e Oriente Médio a expectativa é que 17 GW de nova capacidade sejam adicionados nos próximos cinco anos (2023–2027), dos quais 5,3 GW virão da África do Sul, 3,6 GW do Egito, 2,4 GW da Arábia Saudita e 2,2 GW do Marrocos;

  • No mundo, a indústria eólica offshore instalará mais de 25 GW em um único ano pela primeira vez em 2025, e as instalações devem acelerar rapidamente depois disso.

Mais eólica

Brasil e China negociam a criação de um fundo que financiará a indústria verde e o desenvolvimento de energia renovável em ambos os países, relata a Reuters, citando a ministra Marina Silva e o assessor de política externa Celso Amorim.

“Nossa expectativa é que possamos ter uma agenda de mudanças climáticas que seja estratégica para o mundo porque é, sem dúvida, um dos maiores desafios da humanidade hoje”, disse a ministra do Meio Ambiente à agência internacional.

A proposta pode ser anunciada durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Xi Jinping na terça-feira (28), embora Silva e Amorim tenham dito que ainda faltam alguns detalhes.

Curtas

Transição com armazenamento

A ISA Cteep inaugurou na última quinta (23/3) o primeiro projeto de armazenamento de energia em baterias em larga escala do sistema de transmissão brasileiro. A previsão é atender cerca de dois milhões de consumidores de energia no litoral de São Paulo. São mais de 180 racks de baterias com 30 MW de potência, capazes de entregar 60 MWh por duas horas.

Eletrificando 1

A californiana Bravo Motor fechou uma parceria com a ANN para construção da sua primeira fábrica no Brasil para produção de veículos, baterias entre outros componentes de mobilidade elétrica. Com investimentos estimados em R$ 25 bilhões em 10 anos, a Colossus Cluster será instalada em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e o início da produção piloto deve ocorrer ainda em 2023.

Eletrificando 2

A empresa de limpeza pública Sustentare vai passar a usar dois caminhões elétricos nas ruas do centro de São Paulo. Os modelos e-Delivery da Volkswagen são os primeiros a operar na região para coleta de resíduos e manutenção de monumentos históricos. Os veículos vão rodar cerca de 110 quilômetros por dia, em dois turnos, e estão equipados com compactador e com um implemento que executa uma lavagem mais técnica de monumentos.

Energia e mineração com diversidade

O Ministério de Minas e Energia (MME) realiza na próxima quarta (29) o I Seminário de Planejamento Estratégico para Gestão da Diversidade, Equidade e Inclusão. Objetivo é debater boas práticas de incentivo à liderança feminina.

Participam Camila Gualda Sampaio Araújo (Eletrobras); Camila Valver (Pacto Global da ONU); Renata Szczerbacki (Petrobras) e Stella Bijos Guimarães, pesquisadora no Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM).

Evento presencial na sede da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). É necessário fazer inscrição neste link.

Eólica no RN

Na última quinta (23) a Aneel emitiu autorização para a operação comercial de 6,2 MW do Conjunto Eólico Santo Agostinho operado pela Engie — é o primeiro aerogerador do empreendimento. Localizado nos municípios de Lajes e Pedro Avelino, no Rio Grande do Norte, quando concluído Santo Agostinho terá capacidade instalada de 434 MW, com 14 parques eólicos e 70 aerogeradores. O investimento foi de cerca de R$ 2,3 bilhões.

Melhores em ESG

Pesquisa da Humanizadas com a USP mostra como andam a cultura e o clima organizacional, meio ambiente, conscientização de lideranças, relacionamento com clientes, parceiros e fornecedores nas organizações brasileiras.

Foram  avaliadas 198 empresas — Arezzo, Mercur, Banco BV, Magalu, Elo7, entre outras –, que juntas somam R$ 221 bilhões em faturamento, empregam 108 mil pessoas e impactam 51 milhões de clientes e 232 mil fornecedores e parceiros. Veja na íntegra (.pdf)