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Escassez de madeira limita anúncio de novas fábricas de celulose, diz Suzano

Para a companhia, não haveria matéria-prima suficiente para implantação de mais uma fábrica de grande porte entre 2024 e 2028 na América do Sul

FONTE: Valor Econômico

Volumes adicionais de celulose de fibra curta, provenientes de novas fábricas ou projetos de expansão, ainda não chegaram ao mercado e a escassez de madeira na América do Sul deve frear anúncios de novas capacidades na região nos próximos anos, indicou ontem o comando da Suzano.

“Nossa visão é que não tem madeira para novos projetos no curto prazo na região”, disse o presidente da companhia, Walter Schalka. Segundo o executivo, diante da maior procura pelo insumo, não haveria condições para implantação de mais uma linha de grande porte entre 2024 e 2028. Maior produtora do mundo, a Suzano está investindo R$ 19,3 bilhões em uma nova fábrica, em Ribas do Rio Pardo (MS). A chilena Arauco também vai investir R$ 15 bilhões em uma unidade fabril no Estado.

Do lado da oferta global, disse o diretor comercial de celulose e de gestão e gente da Suzano, Leonardo Grimaldi, os volumes do projeto Mapa, da Arauco no Chile, e da UPM no Uruguai vão chegar gradualmente ao mercado, provavelmente com mais força no segundo semestre. Ao mesmo tempo, a previsão é de crescimento orgânico de cerca de 1 milhão de toneladas na demanda global de fibra curta neste ano. Diante disso, a expectativa é de equilíbrio “saudável” entre oferta e procura no curto prazo. “Paradas em fábricas continuarão trazendo pressão adicional na oferta, assim como o aumento de custos de produção”, acrescentou.

Na avaliação do executivo, à medida que os preços da celulose se aproximem do custo caixa de produção, sobretudo os consumidores asiáticos vão acelerar a recomposição de estoques da fibra. “Os consumidores anteciparam a nova oferta e isso está pressionando a curva de preços. Mas o aumento de custos também elevou o custo marginal da indústria”, ponderou.

Conforme Grimaldi, os estoques da Suzano permanecem abaixo do nível operacional considerado ótimo, após o forte volume de vendas visto no quarto trimestre. No fim do ano, a companhia reduziu em US$ 40 por tonelada os preços da celulose vendida na China, o que estimulou a entrada de pedidos.

“Temos notado maior otimismo nos clientes [na China] e melhora das expectativas. Em janeiro, recebemos pedidos acima dos níveis vistos em novembro e dezembro e, em fevereiro, vemos ritmo em linha com o histórico”, disse. Na Europa, apesar do enfraquecimento no mercado de papel de imprimir e escrever, o de tissue segue estável.

Depois do aumento de 25% no quarto trimestre, a Suzano espera maior estabilidade no custo caixa de produção em 2023, segundo o diretor de operação de celulose, Aires Galhardo. “Olhando para a frente, vemos uma potencial redução gradual do custo caixa, especialmente se os preços das commodities recuarem”, disse.