.

Energisa vai buscar novos ativos de transmissão

Companhia avalia participar de leilões de transmissão em 2023, apostando na sinergia entre todos os negócios do grupo

FONTE: Valor Econômico

Cinco anos depois da primeira concessão, a Energisa se prepara para o leilão de linhas de transmissão que será realizado na sexta-feira, enquanto o foco da companhia recai sobre os certames de 2023, cujos lotes serão de maior valor, voltados para escoamento de energia de eólicas e solares do Nordeste do país. Com a atuação, a empresa quer mostrar ao mercado que tem fôlego para crescer em um mercado com diversos concorrentes, apostando na sinergia entre todos os negócios do grupo.

O leilão desta semana vai ofertar seis lotes, que totalizam 710 quilômetros de novas linhas de transmissão, com previsão de investimentos de R$ 3,51 bilhões. Já o primeiro dos dois leilões de transmissão de 2023, cujo edital está sob consulta pública na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), negociará nove lotes que somam 6,1 mil quilômetros de extensão de linhas e investimentos totais de R$ 16 bilhões. Há ainda a previsão de um segundo certame, em dezembro de 2023.

O olhar da Energisa, nos leilões do ano que vem, se volta para o Nordeste do país e para o norte de Minas Gerais, área com elevado potencial de insolação. São regiões em que a instalação de centenas de projetos eólicos e solares demandam mais transmissão para escoar a energia dessas usinas. Quatro leilões de infraestrutura de transmissão que estão sendo estruturados pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para ocorrerem em 2023 e 2024 devem garantir pelo menos R$ 50,3 bilhões de investimentos até 2030 no Nordeste.

A Energisa elevou em dez vezes a receita de transmissão de 2017 a 2022, de R$ 83 milhões para cerca de R$ 800 milhões, especialmente após a aquisição da empresa de transmissão Gemini, em fevereiro, por R$ 822,5 milhões, levando a companhia a totalizar R$ 3,8 bilhões em ativos em operação e em implantação, diz Gabriel Mussi Moraes, diretor-presidente de geração e transmissão do grupo Energisa. “Hoje, a Gemini está completamente integrada”, afirma o executivo.

A Energisa viu a receita anual permitida (RAP), como é conhecido no meio o faturamento com tarifas de transmissão, mais do que dobrar entre janeiro e setembro por causa da compra da Gemini. A empresa não descarta novas aquisições, a fim de elevar o portfólio, incluindo ativos com outorga perto do fim e que venham a ser relicitados. O portfólio da Energisa conta hoje com 12 concessões em nove Estados, sendo que sete deles estão em pleno funcionamento. Os cinco restantes devem iniciar operação comercial entre março de 2024 e agosto de 2027 – e, se possível, com antecipação dos respectivos cronogramas, salienta Mussi.

Os próximos negócios precisam ter sinergia com empreendimentos da companhia, sejam distribuidoras, sejam outras linhas de transmissão da companhia, sejam ainda com projetos de geração de acordo com Mussi, responsável pela implantação do zero do braço de transmissão da companhia. “A Energisa não mede esforços em planejamento, visando sempre o melhor ativo”, disse Mussi.

Um dos segredos do bom desempenho da transmissão da companhia é a antecipação da entrada em operação das linhas num período entre 12 e 18 meses, o que significa mais receita no caixa da companhia. Para financiar projetos, a empresa analisa opções que vão além do tradicionalmente utilizado pela infraestrutura, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Alternativas como o Banco do Nordeste (que vem crescendo na concessão de crédito para tais projetos) e debêntures de infraestrutura estão sempre no radar da companhia, afirmou o executivo.