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TotalEnergies compra um terço do braço de geração da Casa dos Ventos, dizem fontes

O negócio, que está em vias de ser anunciado, giraria na casa de R$ 4,2 bilhões, entre dinheiro, e assunção de dívidas

FONTE: Valor Econômico

A petroleira francesa TotalEnergies adquiriu 34% de participação no braço de geração da Casa dos Ventos, uma das principais empresas de projetos eólicos do país, apurou o Valor com fontes próximas. O negócio, que está em vias de ser anunciado, estava estimado em R$ 4,2 bilhões, entre dinheiro e assunção de dívidas. A parceria busca elevar o potencial de investimentos de ambas as empresas em energias renováveis.

O negócio, considerado um dos maiores do setor de energia neste ano, envolve um portfólio de usinas eólicas e solares que totalizam 6,2 gigawatts (GW) de capacidade instalada, sendo 1,7 GW de usinas em operação ou em construção e outros 4,5 GW de projetos em desenvolvimento ou em carteira.

Do total, 700 megawatts (MW) já estão em operação comercial e 1 GW está em construção, com entrada em operação entre 2023 e 2024. Dos 4,5 GW em desenvolvimento, 1,5 GW seria implantado para iniciar a operação a partir de 2025 e outros 3 GW entre 2026 e 2027. Procuradas, Casa dos Ventos e TotalEnergies não comentaram a transação.

A TotalEnergies tem plano de investimento em energias renováveis, no âmbito da transição energética, com a meta de alcançar 17 GW em operação comercial até 2030 e ser carbono neutro até 2050. A petroleira criou um braço de geração renovável, a TotalEren, e protocolou no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) pedidos de licenciamento de três eólicas offshore, com capacidade instalada total de 9 GW.

Além da geração renovável, a TotalEnergies tem como meta elevar a participação do gás natural para 50% no mix de vendas da companhia até 2030. A proporção de petróleo nesse mix caiu de 66% em 2015 para 55% em 2019 e deve permanecer em 30% em 2030.

A Casa dos Ventos, que possui até 20 GW em projetos eólicos e solares em carteira, foi fundada em 2007 e é controlada pelo empresário Mário Araripe, ex-dono da fábrica de jipes Troller, como uma desenvolvedora de empreendimentos que eram vendidos para empresas interessadas no novo mercado que começava a se formar. Cerca de um quarto dos empreendimentos renováveis em operação no país nasceu na companhia.

Entre os anos de 2013 e 2014, a empresa entrou no negócio de geração ao vender 1 GW em leilões de energia, divididos em cinco complexos eólicos. Os parques foram vendidos para a Cubico (empresa formada por ativos que pertenciam ao Santander), para a Actis (depois renomeada para Echoenergia, vendida em outubro de 2021 à Equatorial Energia) e para a empresa controlada pelo Votorantim e pelo Canada Pension Plan (CPP) – a qual passou a se chamar Auren Energia ao incorporar a Cesp.

Em 2015, a empresa passou a desenvolver projetos solares fotovoltaicos, inclusive em versões híbridas, que utilizam áreas dos parques eólicos da empresa, reduzindo custos com transmissão. A partir de 2018, a Casa dos Ventos passou a estruturar projetos para venda no mercado livre, tendo entre seus clientes a Vulcabrás e a Baterias Moura.

A compra coloca a TotalEnergies como um “player” relevante no segmento, especialmente ao contar com usinas eólicas no Nordeste, onde se encontram os melhores potenciais de vento do país. Da mesma forma, a operação capitaliza a Casa dos Ventos para a implantação de novas usinas eólicas e solares que estão no portfólio, num momento em que se busca geração renovável para dar suporte a projetos de hidrogênio verde.

Em paralelo, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou o financiamento de R$ 690 milhões para quatro parques eólicos da Casa dos Ventos na Bahia (Ventos de São Januário 16, 17, 18 e 19).

Os quatro parques somam capacidade instalada de geração de 288 MW . Os recursos serão utilizados na aquisição de aerogeradores nacionais, realização de obras civis e prestação de serviços técnicos especializados, disse o BNDES. Colaborou Alessandra Saraiva, do Rio.