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Siemens Gamesa traz maior aerogerador do mundo ao Brasil

Novo modelo será produzido no país, considerado um dos mais estratégicos para a empresa

FONTE: Valor Econômico

Mesmo com a crise global sobre as cadeias de suprimentos pressionando as margens das fabricantes, a Siemens Gamesa demonstrou fôlego no Brasil ao anunciar ao mercado o maior aerogerador do mundo para atender o setor de energia eólica nacional. Trata de um equipamento de 7 megawatts (MW) de capacidade instalada para geração em terra.

Entretanto, a produção começa apenas em 2026 e o novo equipamento só deve operar no mercado em 2027. A versão anterior, de 6,2 MW, já está operando e já foram comercializadas cerca de 200 unidades no país. Em 2024, este modelo passa a ter 6,6 MW.

Ao Valor, o diretor-geral da Siemens Gamesa no Brasil, Felipe Ferrés, conta que o anúncio foi feito com antecedência ao mercado para dar tempo de terminar o desenvolvimento tecnológico, tropicalizar e qualificar os fornecedores no Brasil. “Começamos agora a ofertar esta nova tecnologia aos clientes. O Brasil é o quarto maior mercado de eólicas do mundo e um dos países foco da Siemens Gamesa”, diz Ferrés.

Dos atuais 24 gigawatts (GW) de capacidade instalada, hoje a companhia detém 25% do mercado nacional e disputa o segmento com Vestas, GE, WEG, Nordex Acciona e Wobben. Assim como todas as plataformas desenvolvidas, a Gamesa diz que leva em consideração as realidades climáticas do Brasil, mas pretende comercializar este o equipamento outras regiões.

“Quando se passa uma máquina de 6,2 MW para 7 MW, o custo é praticamente igual, mas com o modelo maior se gera 20% mais energia e mais receita para o cliente, por isso o modelo econômico é melhor”, explica.

O executivo não abre o aporte financeiro que precisará fazer. Ele explica que o investimento será em equipe, aumentando em torno de 15% o time para atender a América Latina, aproximadamente 150 pessoas, e na cadeia de mais de 80 fornecedores regionais.

A Siemens Gamesa está se reestruturando no mundo e o Brasil faz parte de uma região estratégica, por isso decidiram fazer uma área de atendimento da América Latina. A crise da cadeia de suprimentos global, os recentes preços da energia e o ambiente inflacionário também prejudicaram a empresa, juntamente com todas as concorrentes, cujos contratos tendem a ser de longo prazo e vulneráveis à forte variação dos custos.

“Covid e custos de matéria-prima impactaram e a cadeia de suprimentos explodiu. No Brasil não é diferente. O investimento está sendo executado conforme os contratos, mas os resultados sofreram. Dentre isso vimos algumas mudanças, como a saída da GE do mercado, e a Siemens Gamesa com um novo acionista, a Siemens Energy, se for aceita a proposta que está em negociação [A Siemens Energy fez oferta por todas ações da Gamesa, mas o processo ainda está em negociação]”, conta.