.
Ainda muito distante do ideal, equilíbrio da balança comercial dos produtos químicos apresenta leve melhora
Ainda muito distante do ideal, equilíbrio da balança comercial dos produtos químicos apresenta leve melhora
FONTE: PetroNotícias
Os índices de volume dos produtos químicos de uso industrial mostraram um desempenho positivo no mês de julho em relação ao mês anterior. Para produção, a alta foi de 2,98%; para vendas internas, houve elevação de 0,99% e a utilização da capacidade instalada subiu para 68%, o que equivale a dois pontos acima do valor registrado em junho, em decorrência do retorno de operação das empresas que realizaram paradas programadas para manutenção entre abril e maio. O consumo aparente nacional (CAN), resultado da soma da produção com as importações menos as exportações, também apresentou melhora em julho, com a variável crescendo 5,8%. A alta da demanda local, sobretudo, foi puxada pela recuperação do volume das importações em julho, período em que as compras no mercado externo subiram expressivos 8,4%, na comparação com o mês anterior. Em relação aos preços praticados no mercado doméstico, o IGP Abiquim-FIPE registrou alta nominal de 0,26% em julho, após ter tido elevação de 0,04% em junho de 2022, seguindo o comportamento dos preços dos produtos químicos no mercado internacional.
De acordo com Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, a economia mundial está passando por um período de incertezas e dificuldades e sofrendo com a alta dos preços e com a escassez de recursos energéticos, sobretudo em decorrência do conflito entre Rússia e Ucrânia, com consequente impacto na inflação, nos juros e no encarecimento da logística internacional. “A indústria química, que tem sua base de produção ancorada em matérias-primas como nafta e gás natural, sofre com esse cenário adverso. No Brasil, cerca de 70% da nafta consumida localmente e metade do gás demandado vem sendo supridos por importações.” Ela diz ainda que antes da guerra, os preços do gás no Brasil já custavam o dobro do americano e o triplo do europeu, mas, atualmente esses valores estão sendo pressionados pela forte alta na cotação do GNL, que teve a sua referência multiplicada por quatro nos primeiros seis meses deste ano e sem perspectivas de arrefecimento no curto prazo, bem como a alta do petróleo. “Em julho de 2022, o Real se valorizou 0,95%, em relação ao dólar, e os preços do petróleo Brent e da nafta petroquímica no mercado internacional, convertidos para reais, apresentaram queda de 6,29% e aumento de 1,21%, respectivamente, na comparação com o mês de junho”, complementa Coviello.
No acumulado de janeiro a julho de 2022, o consumo aparente nacional (CAN) recuou 1,4% sobre igual período do ano passado. Por outro lado, tanto o índice de produção quanto o de vendas internas cresceram +0,05% e +1,03%, respectivamente. Neste mesmo período, o volume exportado recuou 4,8%. Como resultado, a participação do produto importado alcançou 42% do mercado interno no acumulado de janeiro a julho de 2022, contra 45% em igual período do ano passado. Nos últimos doze meses, até julho de 2022, o índice de quantum da produção acumulou elevação de 0,34% e o das vendas internas caiu 4,68%. Neste último caso, porém, houve melhora na taxa anualizada das vendas internas em relação ao resultado anterior, quando havia exibido queda de 5,26%. O volume de importações também recuou, com resultado de -2,4%. O destaque vai para as exportações, que cresceram 5,9%, mas com forte desaceleração em relação aos doze meses anteriores, até junho de 2022, ocasião em que as exportações exibiam alta de 10%. No que se refere à demanda doméstica por químicos, a variável apresentou elevação de 1,4% na média dos últimos doze meses, até julho de 2022.
Apesar do cenário atual de dificuldades, segundo último dado divulgado no relatório Focus, do Banco Central, a perspectiva de crescimento do PIB brasileiro para este ano é de 2,1%, tendo esse resultado evoluído positivamente pela nona semana consecutiva. “A se confirmar esse cenário e levando em conta a elasticidade histórica da química em relação ao PIB, bem como o uso de produtos do segmento em praticamente todas as demais cadeias, espera-se um crescimento da demanda por químicos pelo menos 50% superior ao do PIB para este ano, sendo que as séries dos índices de produção e de vendas internas da Abiquim-FIPE já mostram essa tendência”, afirmou Fátima.