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Canpack vai montar fábrica de latas em MG
Grupo polonês vai investir R$ 710 milhões em Poços de Caldas, na terceira unidade de embalagem de alumínio, e R$ 360 milhões em Manaus, para tampas
FONTE: Valor Econômico
Terceiro maior mercado de latas de alumínio para bebidas do mundo e líder na reciclagem dessa embalagem metálica, o Brasil tem atraído a construção de novas fábricas para atender o crescimento da demanda. Nesse caminho, a polonesa Canpack anuncia hoje, em Poços de Caldas, sua quarta unidade industrial no país, onde chegou em 2016.
O investimento na fábrica mineira, que a coloca no “coração” da região Sudeste, o grande mercado brasileiro para as quatro multinacionais que atuam no país, será de R$ 710 milhões (US$ 140 milhões). Somado ao aporte de R$ 360 milhões (US$ 70 milhões) anunciado recentemente para uma fábrica de tampas em Manaus, a companhia vai investir quase R$ 1,1 bilhão.
Presente em 17 países, com 28 fábricas e atuando com embalagens de alumínio (bebidas), de aço (alimentos) e de vidro, a Canpack fatura US$ 3 bilhões ao ano. O negócio de latas de alumínio é o maior deles – mais de dois terços da receita total. Sediada em Cracóvia, emprega 8,5 mil pessoas e é 100% controlada pela americana Giorgi Global Holdings Inc.
A companhia foi a última das quatro fabricantes desse setor a entrar no país – as outras três são Ball, Crown e Ardagh. Atualmente, tem uma fatia de mercado na casa dos 10%. “Estamos investindo com olhar no longo prazo, até uma década, pois esse é um mercado que não para de crescer”, disse ao Valor André Balbi, diretor global de operações (COO), brasileiro com longa carreira na indústria de latas.
Segundo Balbi, Poços de Caldas, no sul de Minas Gerais, foi escolhida por ser logisticamente estratégica e marcar a entrada da empresa na região Sudeste. A Canpack está presente hoje no Nordeste (Maracanaú-CE) e no Centro-Oeste (Itumbiara-GO).
A unidade mineira começa a ser construída no quarto trimestre num terreno de 160 mil m2. Com capacidade de fabricar 1,3 bilhão de latas ao ano, o início de operação está previsto para o fim do primeiro trimestre de 2024. Serão empregadas 140 pessoas.
Desde que chegou ao Brasil, em dezembro de 2016, com a aquisição da Metalic – única produtora de latas (de aço) da CSN – por US$ 110 milhões, o grupo polonês está somando investimentos de quase US$ 600 milhões no país, informa Paulo Dias, diretor-geral da Canpack no Brasil.
Logo que chegou ao país, fez a conversão da fabrica cearense para latas de alumínio e investiu na sua expansão. Ao mesmo tempo começou a construir a unidade de Itumbiara. Recentemente foram aplicados mais US$ 25 milhões.
A unidade de Manaus ficará pronta com 50% da capacidade (2,3 bilhões de tampas) no final de 2023 e a outra metade ao longo de 2024. “Dependemos da disponibilidade de equipamentos, cujas entregas estão levando até 24 meses para serem entregues”, afirmou Dias. Com a instalação, a Canpack poderá atender plenamente o Brasil e sua fábrica de latas na Colômbia. A empresa também produz tampas no Ceará (4,2 bilhões de unidades ao ano).
No todo, a empresa ficará com capacidade instalada de 5,5 bilhões de latas e de 6,5 bilhões de tampas por ano ao fim de março de 2024. Esses volumes, explica Dias – também com longa atuação no setor – podem ser ajustados conforme os formatos das latas pedidos pelos clientes. São fabricantes de cervejas, refrigerantes, sucos, soft drinks, espumantes, vinhos, chás, água de coco, água tônica, água, entre outras bebidas.
“A nossa unidade em Poços de Caldas, quando definida, já contava com 85% da capacidade contratada”, destaca Balbi. “Vamos crescer junto com os clientes”.
Minas Gerais tem atraído, com incentivos, vários produtores de bebidas e de latas, com destaque para cervejarias. As fabricantes de latas seguiram a mesma trilha, tornando o Estado um polo. Desde 2019, quatro unidades: Frutal, Uberaba, Juiz de Fora e Poços.
O mercado brasileiro de latas de alumínio vem crescendo ininterruptamente desde 2017. No ano passado, as vendas somaram 33,4 bilhões de unidades, alta de 5,2% ante 2020, de acordo com a Abralatas (entidade do setor). Segundo Dias, a expectativa para este ano é “um dígito baixo”, ou seja, menos de 5%. Já são cerca de 30 fábricas no país (com capacidade total em torno de 45 bilhões.
No comércio de cervejas, a lata tem participação da ordem de 60% – manteve parte do que ganhou na pandemia. Três conceitos impulsionam a expansão da lata, diz Balbi: conveniência, reciclagem (98,7%, no país) e circularidade (rede faz com que vire lata de novo em 60 dias) e sustentabilidade (um produto de consumo mais ‘amigo’ do meio ambiente).
O uso da lata tem um forte vínculo com o verão, a praia, Carnaval, Copa do Mundo e outros eventos, como Rock in Rio. “Este semestre, afirma Dias, deve compensar o primeiro semestre fraco pois terá pela frente vários eventos. Ele disse que a Canpack vem avaliando esses dois investimentos desde 2018. “Agora, estamos transformando em realidade”.
Com as fábricas de Manaus e Poços de Caldas, a empresa terá 23 unidades de latas do metal, das quais cinco integradas com produção de tampas – EUA, Brasil (Maracanaú), Dubai e Polônia (duas). Manaus é a sexta de tampas, fazendo unicamente isso.
Segundo os executivos, a empresa recebeu de Minas Gerais e Poços de Caldas os mesmos incentivos oferecidos a todos que investem no Estado. “É um ambiente de negócios atrativo”.