Setor de alumínio bate recorde de consumo e retoma investimentos

FONTE: Valor Econômico

Demanda interna cresceu 10,9% no ano passado, alcançando 1,58 milhão de toneladas; aportes previstos somam R$ 30 bilhões de 2021 a 2025

A indústria de alumínio no país, que atua desde a mineração de bauxita a produtos transformados e reciclagem, reverteu, no ano passado, o impacto negativo da pandemia de covid-19 no desempenho de 2020. Encerrou 2021 com crescimento de 10,9% no consumo interno de material acabado do metal. O balanço acaba de ser finalizado pela Abal, associação que representa as empresas – nacionais e estrangeiras – que têm operações no país.

“O setor de alumínio vive o seu melhor momento no Brasil, num cenário de muitas mudanças aqui e mundialmente ”, disse ao Valor a presidente da Abal, Janaina Donas, primeira mulher a assumir o comando da entidade. Ela foi alçada ao cargo de presidente-executiva em agosto.

Donas cita o recorde de consumo no mercado brasileiro, a retomada de investimentos, o religamento de unidade que estava paralisada por falta de competitividade desde 2015 e as iniciativas de empresas de investir em fontes de energia renováveis e na substituição de combustíveis fósseis.

A executiva diz que o desempenho de alguns segmentos de consumo contribuiu fortemente para o resultado: embalagens, incluindo as latinhas para bebidas; de transportes, que reportou o melhor desempenho (25,3% de alta); construção civil (21,8%) e o de bens de consumo, que cresceu 16,9%. O senão, no ano passado, ficou para o de eletricidade – um recuo de 11,3%. Houve uma desaceleração nos projetos de linhas de transmissão de energia no país, derrubando a venda de cabos fabricados em alumínio em mais de 15%.

Para 2022, a previsão é de novo crescimento, porém, mais comedido – 4,9%. Donas admite um “otimismo cauteloso” para o ano diante do cenário local e global. “Vemos uma acomodação na demanda no setor de embalagens, que representa 40% do consumo total; ainda há problema de falta de semicondutores no setor automotivo; e as eleições, que geram mais volatilidade na economia, além da inflação e taxa de juros em alta”.

A elasticidade de demanda por alumínio, em tempos normais, costuma ser, conforme economistas, de duas a duas vezes e meia o PIB local, diz a executiva. Se o consumo, de fato, crescer conforme o projetado, baterá novo recorde, com 1,66 milhão de toneladas. O maior volume de consumo havia sido em 2013, ano em que vários setores atingiram marcas recordes – aço, cimento, bens de capital.

Uma questão que preocupa também é a entrada de produtos laminados estrangeiros por meio de práticas desleais de comércio, principalmente da China. As importações, no geral, cresceram 12,7% no ano passado, informa a Abal. “Estamos unindo forças com outras organizações internacionais para combater essas práticas”. O setor, via Abal, já moveu ações antidumping e contra subsídios do governo chinês.

Donas diz que há condições de o país voltar a ser protagonista no alumínio. “Temos a quarta maior reserva de bauxita do mundo e 85% da produção é transformada aqui (alumina e metal primário), somos terceiro maior produtor de alumina e temos os melhores índices de reciclagem de alumínio”.