Leilão Codesa: Quadra Capital vence certame com oferta de R$ 106 milhões
FONTE: Valor Econômico
A Quadra já atua no setor de infraestrutura, porém, com foco no mercado de crédito. Agora, a gestora dará um passo adicional, ao assumir o capital do negócio
A Quadra Capital, por meio do FIP (Fundo de Investimento em Participações) Shelf 119, venceu a disputa pela Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa) e assumirá a primeira operação privada de uma autoridade portuária no país. Após uma longa disputa por viva-voz, grupo propôs o pagamento de uma outorga inicial de R$ 106 milhões pelo ativo.
Além do consórcio, participou da concorrência o consórcio Beira-mar, formado por Vinci e Serveng, que terminou com um lance de R$ 101,1 milhões. O valor mínimo definido em edital era simbólico, de apenas R$ 1.
A Quadra já atua no setor de infraestrutura, porém, com foco no mercado de crédito. Agora, a gestora dará um passo adicional, ao assumir o capital do negócio. A gestora tem cerca de R$ 6 bilhões sob gestão, com recursos principalmente de investidores nacionais qualificados, como family offices, e uma parcela menor de investidores internacionais.
O FIP pelo qual participou do leilão é controlado unicamente pela gestora, segundo fontes. Porém, a gestora já tem acordos costurados com parceiros operacionais, que irão participar da gestão da nova Codesa.
A sessão pública foi realizada na sede da B3, em São Paulo, com a presença do ministro de Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que faz hoje seu último leilão antes de se desligar do cargo para concorrer ao governo de São Paulo.
Além da outorga inicial, o novo operador do porto terá que pagar R$ 327 milhões pela aquisição das ações da Codesa. Com a vitória, o grupo poderá explorar por 35 anos, prorrogáveis por mais cinco, os portos de Vitória e Barra do Riacho.
Os investimentos estimados somam R$ 335 milhões em obras e ao menos R$ 520 milhões de custos com manutenção ao longo da concessão. A concessão também prevê outros compromissos: haverá o pagamento de 25 parcelas de R$ 24,75 milhões, a partir do sexto ano de contrato, e uma contribuição variável, equivalente a 7,5% da receita bruta.
Trata-se da primeira desestatização no país de uma companhia docas. O setor portuário brasileiro já está habituado a terminais privados ou arrendados, mas as autoridades portuárias — responsáveis pela gestão e desenvolvimento das áreas comuns dos portos — são totalmente estatais.