Suzano aplica R$ 890 mi em terminais portuários
FONTE: Valor Econômico
Suzano elevou investimentos após fusão com Fibria, na busca por maior eficiência operacional, e acabou se protegendo também da crise na logística global
Desde que consumou a fusão com a Fibria, no início de 2019, a Suzano elevou os investimentos em terminais portuários e, na busca por maior eficiência operacional, acabou se protegendo também do caos na logística global desencadeado com a pandemia de covid-19. Em quatro anos, incluindo os R$ 120 milhões previstos para 2022, a maior produtora mundial de celulose de eucalipto terá destinado cerca de R$ 890 milhões apenas para essa conta.
“Esse tem sido um diferencial para melhor atender aos clientes em um momento atípico”, diz o diretor de florestal, logística e suprimentos da companhia, Carlos Aníbal de Almeida. No ano passado, a companhia embarcou 10,6 milhões de toneladas de celulose a clientes em diferentes regiões, em meio a um ambiente logístico “muito desafiador”.
Conforme o executivo, portos seguem congestionados ao redor do mundo e navios, com atraso na chegada, com reflexo em toda a cadeia. Antes da guerra na Ucrânia, havia expectativa de que pudesse haver início de normalização no segundo semestre. Agora, há mais incertezas. “Com a guerra, não temos mais visibilidade”, afirma.
A Suzano prevê inaugurar neste mês o novo berço de atracação no Porto do Itaqui, em São Luís, por onde é escoada a produção de celulose da fábrica de Imperatriz – a unidade tem capacidade nominal de 1,5 milhão de toneladas por ano.
Ali, os investimentos superam R$ 300 milhões e, durante as obras, foram abertos cerca de 700 postos de trabalho. O projeto no terminal inclui um novo armazém, que deve entrar em operação em meados do ano.
Conforme Aníbal, os testes de comissionamento já foram iniciados. Com o investimento no berço 99, a companhia passa a ter preferência de movimentação sobre outras cargas. Por mês, em três diferentes terminais brasileiros – Maranhão, Espírito Santo e São Paulo (Santos) -, a operação da Suzano conta com 30 a 40 navios, dos quais 10 dedicados.
Entre 2020 e 2021, conta o executivo, os investimentos em terminais portuários somaram R$ 400 milhões, “todos conectados para aumento de eficiência operacional”. “Foi um momento de demanda aquecida, mas de complexidade crescente para atender aos clientes. Agora, com sete fábricas e três terminais, temos flexibilidade operacional.”
Ao mesmo tempo, o alongamento do ciclo de navegação e a persistente escassez de contêineres – há produtores de celulose que embarcam sua produção por contêiner – também contribuíram para o maior aperto entre oferta e demanda da fibra no mercado global, que se refletiu em recuperação dos preços.
Na semana passada, o preço líquido da celulose de fibra curta na China estava em US$ 674,57 por tonelada, com alta de US$ 64,90 em um mês, segundo a Fastmarkets Foex. Na fibra longa, a alta em um mês foi de US$ 56,30, a US$ 886,61 por tonelada. Em relatório do início do mês, a equipe de análise do Citi destacou que os prazos de entrega de celulose de eucalipto da América do Sul para a China aumentaram significativamente em relação ao período pré-pandemia. Grandes produtores sul-americanos que dependem da disponibilidade de contêineres para embarcar seus produtos têm enfrentado dificuldades, apurou o Valor.
Na Suzano, após Itaqui, o próximo grande investimento em terminais portuários virá com a construção da nova fábrica de celulose, em Ribas do Rio Pardo (MS).