MAHA INVESTIRÁ MAIOR PARTE DE SEU ORÇAMENTO GLOBAL NO BRASIL
FONTE: Brasil Energia
A Maha Energy, petroleira que opera os campos de Tiê, na Bacia do Recôncavo, e Tartaruga, na Bacia de Sergipe-Alagoas, investirá US$ 47 milhões em suas operações globais neste ano, dos quais cerca de 60% a 65% no Brasil. Por trás dessa concentração, de acordo com o COO (diretor executivo de Operações) Alan Johnson, estão os bons resultados obtidos. “Nossas atividades serão focadas no Brasil, de onde vem nossa maior produção”, disse. De fato, no ano passado 61% das reservas 2P da petroleira encontravam-se em área nacional.
Estão no país, mais precisamente no campo de Tiê, os três poços onshore mais relevantes (Tie-4, Tie-1 e Tie-2). Nas palavras de Johnson, a joia da coroa, e para onde as atenções se voltarão nos próximos dois anos. Por essa razão, a Bacia do Recôncavo deverá receber a maior parte dos investimentos previstos para o Brasil no período.
Os planos de perfuração da Maha para 2022 abrangem o poço de Tiê-5 Água Grande, e um segundo poço em Tartaruga. A empresa já começou a perfuração de Tiê-5 em 25 de janeiro deste ano, mas o projeto passou por mudanças expressivas, a fim de evitar os problemas de perfuração encontrados em Tiê-4, que tornou-se um poço vertical. Passado os imprevistos, Tiê-4 produziu cerca de 4,6 mil boe/d com bomba submersível elétrica (ESP) durante o teste do poço. É o quarto produtor perfurado desde que a companhia comprou o ativo da Gran Tierra, em 2017, conforme disse Luciana Borges, diretora da Maha e presidente da ABPIP.
Os volumes produzidos por Tie-4 serão maiores que os dos demais poços verticais do ativo, entre os quais estão alguns dos mais expressivos produtores de óleo onshore do país. Os resultados surpreenderam a própria direção da empresa. “Foi significativamente superior ao esperado”, comemorou Johnson. “Encontramos reserva de melhor qualidade, que demonstrou possuir uma formação mais extensa que o previsto e um óleo de qualidade melhor. A mãe natureza sempre nos trás surpresas”. A produção chegou a 5 mil boe nesse único, o que é quase um poço offshore. Para 2022, a produção média prevista do campo de Tiê oscila entre 4 mil e 5 mil boe.
Tiê-5, poço horizontal que drenará a parte norte do campo no nível de Água Grande, traz expectativas de apresentar resultados tão promissores quanto os de Tiê-4 e também será concluído usando ESP. Em termos de tecnologia, os planos incluem injeção de água após a perfuração (Enhance Oil Recovery). “Dessa forma conseguimos otimizar o retorno do reservatório” disse o COO, acrescentando: “Em vez de recuperar 15% do óleo, recuperamos 50%.” O campo de Tiê, segundo ele, é um bom exemplo dos efeitos positivos da tecnologia.
A Maha instalou naquele campo, em 2021 dois grandes compressores para fornecer capacidade de reinjeção de qualquer gás natural associado não vendido. O sistema de compressão permite manter a produção de petróleo, mesmo se a extração de gás associada for interrompida. Tiê foi adquirido pela empresa em 2017, quando produzia 1,3 mil bpd e mantinha instalações de processamento classificadas para lidar com até 2 mil bpd. Atualmente, após a ampliação das instalações de processamento, foi possível ampliar o volume diário para 5 mil bpd. O petróleo produzido em Tiê tem como um de seus compradores a Dax Oil, pequena refinaria em Camaçari, na Bahia, com quem a Maha mantém longo relacionamento. O volume excedente é vendido a Petrobras
As atividades em Tartaruga, em produção desde 1994, incluem a perfuração de um segundo poço, que também será horizontal, opção ainda pouco explorada nos poços onshore no Brasil. “Queremos aplicar essa tecnologia aqui para aumentar as taxas de produção e a lucratividade”, disse Johnson.
Para 2023, a empresa permanecerá investindo em Tartaruga, em poços horizontais, e em Tiê. O segundo poço horizontal do campo (Tiê-6), planejado para atingir o reservatório Sergi, será perfurado após a perfuração dos poços de injeção de água. Além disso, a companhia aportará recursos em infraestrutura na superfície para transportar o óleo, cuja produção é esperada para os próximos dois a três anos. O campo contabiliza mais de 1 milhão de barris desde sua descoberta.
Em relação ao gás natural, a produção da molécula, na Maha, está associada à de petróleo, conforme explica Borges, e sua extração ocorre tanto no campo de Tiê, entre 100 mil m³/dia e 120 mil m³/dia, como no de Tartaruga, em volumes ainda muito reduzidos. Embora não seja o foco da companhia, o volume de gás aumentou significativamente com a produção de Tie-5.
O produto obtido tem dois destinos para sua monetização; a venda para a CDGN, uma das maiores empresas de comercialização de Gás Natural Comprimido (GNC) do Brasil, negociado com seus clientes que o transforma em combustível; para a Brasil GTW, que atua no processamento de gás natural para geração de energia elétrica. Outra parte do gás e usada para consumo interno da planta e o excedente reinjetado, contribuindo, assim, para a manutenção de pressão do poço.
“É um bom destino para garantir maior produtividade, já que nosso objetivo principal e a produção de óleo”, disse Luciana Borges. Segundo ela, a estratégia da empresa de monetizar seu gás não é nova, começou antes da abertura do mercado, quando iniciaram negociações com a CDGN.
Em relação ao Novo Mercado de Gás, a executiva observa que há muito o que fazer em termos de regulação e de equalização das normas federais e estaduais, além da questão do acesso à infraestrutura para tornar o mercado de gás mais efetivo. Apesar disso, mantém expectativas positivas. “Estamos nessa direção e no fim do processo veremos que será um jogo win-win. Todos ganharão”, concluiu.