Hidrelétricas serão menos da metade da matriz elétrica até 2031, aponta EPE

FONTE: Valor Econômico

Com isso, outras fontes renováveis devem ganhar espaço: previsão é que a participação da geração solar cresça para 4%, em 2031, enquanto a eólica deve passar a 11%

As usinas hidrelétricas passarão a ser responsáveis por menos de metade da oferta de eletricidade brasileira até 2031, segundo o relatório do plano decenal de energia (PDE) elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O plano entrou em consulta pública a partir desta segunda-feira (24).

A fonte hidrelétrica, responsável por 58% da matriz elétrica do país em 2021, deve passar a ter uma participação de 45% ao final do período do PDE. No começo do século, a fonte hídrica representava 83% da capacidade instalada do país.

Com isso, outras fontes renováveis devem ganhar espaço. A previsão é que a participação da geração solar cresça de 2% ao final de 2021 para 4% em 2031, enquanto a eólica deve passar de 10% para 11% no período.

O PDE é um plano elaborado pela EPE com a indicação das perspectivas de expansão do setor de energia ao longo de uma década. Segundo a estatal de planejamento, um dos principais objetivos ao longo da elaboração do plano foi incorporar as lições aprendidas com a crise hídrica que o Brasil viveu no ano passado. Em 2021, o país passou pela pior estiagem em 91 anos, o que afetou os reservatórios das hidrelétricas e gerou incertezas sobre o suprimento de energia.

De acordo com as estimativas do plano, o Brasil vai alcançar uma capacidade de geração de energia de 275 gigawatts (GW) em 2031, frente aos 200 GW ao final de 2021. O crescimento, no entanto, deve ser acompanhado de uma redução na participação de fontes renováveis na matriz elétrica, que deve sair dos atuais 85% para 83% ao final do período, incluindo a geração centralizada, a autoprodução e a geração distribuída.

Energia nuclear

Há também previsão de expansão da participação da energia nuclear na matriz elétrica, para 2% do total, devido à entrada em operação da usina de Angra 3 (RJ) e à previsão de uma nova termelétrica nuclear no plano, conforme antecipado pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, ao final do ano passado. Com a entrada em operação das duas novas usinas, a expectativa é que a capacidade de geração nuclear brasileira cresça dos atuais 1,9 GW para 4,39 GW até 2031.

A expansão da geração elétrica vai ser necessária para fazer frente ao crescimento da demanda no Sistema Interligado Nacional (SIN), que deve chegar a 97,2 gigawatts médios (GWm), frente aos 69,69 GWm de 2021.

Investimentos

Ao todo, a estimativa é que o setor de energia vai demandar investimentos da ordem de R$ 3,25 trilhões entre 2021 e 2031, dos quais a maior parte vai para o segmento de petróleo e gás, que devem absorver R$ 2,66 trilhões no período.

O mercado de gás deve atrair R$ 117,63 bilhões em investimentos em gasodutos de transporte e escoamento, além de terminais de regaseificação e unidades de processamento.

Já o segmento de energia elétrica deve receber R$ 528 bilhões na década, com destaque para a expansão do parque de geração centralizada de energia, que deve demandar R$ 292 bilhões. A área de transmissão de energia prevê investimentos totais de R$ 100,7 bilhões, sendo R$ 51,8 bilhões referentes a empreendimentos já outorgados.

Outros R$ 60 bilhões devem ser direcionados para a oferta de biocombustíveis líquidos.

A previsão é que produção de petróleo chegue a 4 milhões de barris por dia até 2028, patamar que deve ser mantido até 2031. O pico de produção de gás natural é esperado para 2028, próximo de 195 milhões de metros cúbicos por dia.