PEQUENAS EMPRESAS GERARAM 78% DOS NOVOS EMPREGOS EM 2021 E TÊM POTENCIAL PARA CRESCER EM 2022, DIZ SEBRAE

FONTE: Petronotícias

Depois de ouvir 30 diferentes personalidades dos setores de óleo, gás e energia, o Projeto Perspectivas 2022 chega ao fim nesta segunda-feira (17). Para concluir essa série especial de entrevistas, vamos abordar um dos principais elos da nossa economia – as pequenas empresas. O convidado de hoje para tratar desse tema é o gerente do Sebrae-RJ, Renato Regazzi, que revela um dado muito interessante. Em 2021, uma fatia de 78% de todos os empregos gerados no Brasil veio de companhias de pequeno porte. “O empreendedorismo foi o grande colchão de absorção da crise. Isso, levando em conta apenas os dados formais. Se pensarmos também nos informais, no empreendedor autônomo, esses números aumentam consideravelmente”, opinou. Regazzi sustenta ainda que o setor de energia brasileiro tende a crescer, especialmente devido ao avanço da transição energética. Nesse cenário, muitas oportunidades na cadeia produtiva devem surgir para as pequenas empresas, em parceria com as grandes companhias.

Como foi o ano de 2021 para as pequenas empresas do Brasil?

A evolução não foi boa para ninguém. Passamos pelo segundo ano da pandemia e a economia, como um todo, foi impactada. As pequenas empresas, devido ao seu porte, acabam sendo as mais impactadas. Porém, é interessante notar que do total de empregos gerados em 2021, uma parcela de 78% veio das pequenas empresas. Isso mostra que a pequena empresa é um colchão econômico e social, absorvendo grande parte do impacto da crise.

Em 2021, o Brasil bateu o recorde de abertura de empresas – foram mais de 3,7 milhões. Isso é natural, porque muitas pessoas perderam seus empregos e se aventuraram no empreendedorismo, que é uma saída importante, justa, íntegra e de grandes realizações. Porém, essas pessoas têm que se preparar. Muitos dos que estão indo para o empreendedorismo não tiveram ainda experiência ou informação para tal. Daí a importância da capacitação.

O empreendedorismo foi o grande colchão de absorção da crise. Isso, levando em conta apenas os dados formais. Se pensarmos também nos informais, no empreendedor autônomo, esses números aumentam consideravelmente. 

Se o Sebrae fosse consultado, o que iria sugerir para o governo melhorar a nossa economia e dar mais força às pequenas empresas?

Nós temos uma boa parceria com os governos federal, estaduais e municipais. Existe um trabalho muito grande do governo federal, bem liderado e executado, visando o aumento da produtividade da pequena empresa. O Sebrae está fazendo parcerias com o governo federal nesse sentido.

O que eu acrescentaria de sugestão seria a questão do desenvolvimento local. Ou seja, a retomada da visão do local e do território. Essa é a grande virada que podemos fazer, do ponto de vista do desenvolvimento econômico e social. Através do território, nós podemos qualificar singularidades ou questões genuínas que só existem em determinada localidade.

Isso pode ser aplicado desde a indústria, passando por comércio, serviços e agricultura, culminando nas indicações geográficas. O mercado consumidor quer pagar por um produto genuíno e singular. Quando determinado produto ou serviço só existe em uma região específica, o mercado paga um preço premium. Acho que isso seria uma grande virada para o desenvolvimento regional. 

A indicação geográfica já acontece muito dentro da área do agronegócio, em produtos altamente qualificados como a cachaça, o vinho, o queijo, o mel, etc. Essa relação do produto com o local pode realmente criar marcas globais com o nome de regiões brasileiras.

Quais são as suas perspectivas e das pequenas empresas para 2022?

As expectativas são positivas. Obviamente, temos esse balde de água fria da variante ômicron. Alguns especialistas dizem que essa variante representaria o fim da pandemia. Mas não podemos afirmar nada em relação a isso. No entanto, de modo geral, existe uma perspectiva de retomar a economia, de modo a usar os ativos físicos, principalmente o turismo, que foi muito impactado. Existe ainda um movimento de crescimento que vai continuar acontecendo, principalmente na área de tecnologia, que ajudou muito a salvar empresas, principalmente na questão do e-commerce, do online e das redes sociais.

Importante mencionar também a economia do mar. Foi sancionada recentemente a chamada BR do Mar e o Brasil é um país virado para o Oceano Atlântico. Cerca de 70% da nossa população mora na área litorânea. No entanto, nosso país ainda aproveita pouco a nossa Amazônia Azul. Se conseguirmos olhar nossa Amazônia Azul como recurso, de forma sustentável, teremos grandes perspectivas para o ano de 2022.

Para finalizar, vou mencionar o setor de energia, que vem crescendo bem. Vamos ter, até 2050, uma grande participação do petróleo como fonte energética, sendo substituído por outras fontes ao longo do tempo. O gás natural é a bola da vez porque é uma energia de transição. O Brasil está criando marcos regulatórios para isso, o que é importantíssimo. Nós ainda aproveitamos pouco o gás em nosso país, sendo que essa fonte pode ser um grande motor de desenvolvimento energético.

Vale ressaltar ainda a energia nuclear, que é considerada de baixo impacto em carbono. É uma fonte que pode entrar como um vetor a ser analisado. Além disso, estamos vendo um crescimento exponencial das fontes eólica e solar e do biodiesel. O Brasil é um exemplo mundial de matriz energética diversificada. Temos uma das melhores matrizes energéticas do mundo. Temos potencial para ser uma potência global energética, com todos os tipos de matrizes, fazendo a transição para as energias de baixo carbono. Tudo isso gerando emprego e renda e muitas oportunidades na cadeia produtiva para as pequenas empresas em parceria com as grandes companhias, por meio do encadeamento produtivo.