Transição no Brasil será suave e com espaço para O&G e bioenergia, diz relatório

FONTE: EPBR

Lançado o relatório Tendências e incertezas da Transição Energética no caso brasileiro aponta que a transição será suave e gradual, com óleo, gás e biocombustíveis desempenhando papéis relevantes na matriz nos próximos anos.

O diagnóstico é um trabalho do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e uma continuidade do Plano Nacional de Energia 2050 (PNE 2050).

Ficou muito claro que não bastava tropicalizar o debate da transição energética. Tínhamos que estabelecer uma visão original com a inserção do Brasil nesse contexto global”, diz Thiago Barral, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Segundo o estudo, pela ótica da oferta, as indústrias de óleo e gás (O&G) e bioenergia apresentam oportunidades para uma possível estratégia de descarbonização.

“Enquanto a indústria de bioenergia apresenta alto grau de maturidade no país, a indústria de O&G, com grande capacidade de investimento e desenvolvimento tecnológico — em comparação com outros setores — pode, na busca pela diversificação de seu portfólio, alocar capital relevante em energias renováveis”, diz o documento.

Um dos exemplos é a experiência em projetos offshore da indústria de O&G, que poderia ser aproveitada em novas energias, como eólica offshore.

Lá fora, algumas petroleiras inclusive já estão investindo nesse caminho. Equinor, Ørsted e Boskalis aderem a consórcio de eólica offshore para hidrogênio verde

O aproveitamento da infraestrutura também diminuiria o esforço de capital necessário para a introdução de novos energéticos.

Outros exemplos são o desenvolvimento de tecnologias de CCUS (Carbon, Capture, Utilization and Storage) e a transformação das refinarias tanto para oferta de hidrogênio azul (produzido pela reforma a vapor do gás natural com CCUS), quanto para processar biomassa e produzir diesel verde e combustível sustentável de aviação (SAF).

Já as malhas de dutos podem ser aproveitadas para transporte de biometano e, futuramente, de hidrogênio, reduzindo gradualmente a intensidade de carbono dos consumidores de gás, diz o levantamento.

Esse aproveitamento também poderia apoiar o desenvolvimento do mercado de biometano no país. “Somente no estado de São Paulo existem cerca de 66 usinas sucroenergéticas localizadas a menos de 20 km da malha de gasodutos”, completa.

No caso da bioenergia, o diagnóstico indica como uma vantagem a possibilidade de compartilhamento dos sistemas de distribuição e o aproveitamento de toda infraestrutura já desenvolvida pela indústria de O&G, o que favorece o aumento da mistura de biocombustíveis nos combustíveis fósseis.

“Investimentos em uma infraestrutura dutoviária permitem escoar até 6 bilhões de litros de etanol por ano das regiões produtoras para os grandes centros urbanos, o que torna a opção por veículos híbridos interessante para o mercado nacional”.

Ao todo, o documento indica nove tendências, como eletrificação do consumo final de energia, aumento da oferta de biogás e biometano, uso de biocombustíveis para descarbonização do transporte aéreo e marítimo internacional e busca da indústria de óleo e gás por matérias-primas renováveis para processamento nos ativos de refino…

…e 25 incertezas sobre a transição no Brasil. A maior parte diz respeito à adequação dos incentivos e investimentos, custos de novas tecnologias e políticas públicas para as diferentes alternativas em estudo.