Petrobras aumenta investimentos em 24%

FONTE: Valor Econômico

Empresa vai desembolsar US$ 1 bilhão para ampliar capacidade da Rnest (PE) até 260 mil barris/dia em 2027

A Petrobras anunciou ontem um plano de investimentos de US$ 68 bilhões para o período entre 2022 e 2026. O montante representa aumento de 24% em relação ao orçamento do planejamento estratégico anterior (2021-2025), de US$ 55 bilhões, diante das perspectivas de melhora dos preços internacionais do petróleo. O foco continua sendo o pré-sal, mas o novo plano marca também o retorno dos investimentos no aumento da capacidade de refino.

A empresa anunciou ontem que investirá US$ 1 bilhão para a conclusão da segunda unidade da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco – projeto que havia sido tirado do plano de negócios da empresa em 2019, quando a companhia colocou à venda o ativo, que não atraiu interessados na primeira tentativa da petroleira de se desfazer da unidade. A ideia da estatal é aumentar a capacidade da Rnest de 115 mil para 260 mil barris/dia em 2027.

Apesar do aumento dos investimentos, os números do novo planejamento de negócios ainda são inferiores ao patamar de US$ 75 bilhões previstos no plano quinquenal antes da pandemia.

Ao todo, a Petrobras planeja destinar US$ 57 bilhões – o equivalente a 84% do plano de investimentos total para o período entre 2022 e 2026 – ao segmento de exploração e produção (E&P), o carro-chefe dos negócios da companhia. Esse montante representa acréscimo de 3,6% em relação aos US$ 55 bilhões previstos no planejamento anterior. O pré-sal continua sendo o foco da estatal para os próximos anos e absorverá 67% do orçamento total de E&P.

A previsão da Petrobras é acelerar o desenvolvimento de novos projetos. Para 2026, a meta é que a produção de petróleo da companhia atinja os 2,6 milhões de barris/dia. Isso representa aumento de 23,8% em relação aos 2,1 milhões de barris/dia esperados para 2021. A empresa considera a entrada em operação de 15 novas plataformas no período quinquenal, duas a mais que o número de novos projetos do planejamento 2021-2025.

Para 2022, no entanto, a companhia reduziu a meta de produção de 2,3 milhões de barris de petróleo por dia (barris/dia) previstos no plano anterior para 2,1 milhões de barris/dia. De acordo com a empresa, o volume foi revisado principalmente em função dos impactos relacionados à pandemia e dos desinvestimentos ocorridos no fim de 2021.

De saída dos campos em terra e em águas rasas, a expectativa da empresa é que os ativos em áreas profundas e ultra profundas passarão a representar 92% da produção total da companhia já em 2022 e 100% em 2026.

Apesar do foco na exploração e produção, houve aumento expressivo no segmento de refino. A previsão da empresa é investir US$ 6,1 bilhões na área entre 2022 e 2026, alta de 52% em relação aos números do plano anterior. Os valores incluem o projeto de integração entre a Refinaria Duque de Caxias (Reduc) e o polo GasLub (antigo Comperj), em Itaboraí (RJ) para a produção de derivados de alta qualidade e óleos básicos, além segunda unidade da Rnest.

O segmento de Comercialização e Logística receberá US$ 1,8 bilhão em 2022-2026, ante os US$ 2 bilhões do plano anterior, enquanto a área de Gás e Energia ficará com US$ 1 bilhão, em patamar estável.

A Petrobras anunciou também que manterá o programa de venda de ativos. Ao todo, a empresa pretende levantar de US$ 15 bilhões a US$ 25 bilhões com desinvestimentos entre 2022 e 2026, menos que o intervalo de US$ 25 bilhões a US$ 35 bilhões esperado para 2021-2025.

Na agenda de ESG (boas práticas ambientais, sociais e de governança, na sigla em inglês), a estatal prevê US$ 1,8 bilhão para descarbonização. Além disso, a Petrobras informou que está avançando na análise de possíveis novos negócios que possam reduzir a dependência das fontes fósseis e, ao mesmo tempo, sejam rentáveis. A companhia vai criar uma governança de aprovação para entrada em novos negócios focados em diversificar o portfólio. O plano, porém, não prevê investimentos nesses novos negócios.

A Petrobras informou ainda que a meta de desalavancagem foi excluída do novo plano. O planejamento estratégico anterior previa uma dívida bruta de US$ 60 bilhões em 2022, mas a estatal conseguiu antecipar a meta para este ano. A empresa se comprometeu a manter o endividamento abaixo de US$ 65 bilhões como gatilho da métrica de EVA – valor econômico adicionado, ferramenta de gestão adotada pela empresa.