Ultra vai focar em infraestrutura e energia
FONTE: Valor Econômico
Conglomerado vai buscar negócios na cadeia de gás natural, infraestrutura e vê potencial no setor de biocombustíveis
Após meses debruçado na compra da refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul, o grupo Ultra vai focar seu crescimento nos setores de infraestrutura e energia. Ao Valor, o presidente do grupo, Frederico Curado, afirmou que o conglomerado quer buscar negócios na cadeia de gás natural, infraestrutura e vê potencial no setor de biocombustíveis.
Os planos futuros da companhia, fundada originalmente com a venda de botijões de gás, estão sendo discutidos pelos acionistas do grupo.
A cadeia do gás está no radar da companhia, por meio da subsidiária Ultragaz. Neste contexto, o Ultra avalia comprar participações de estatais em distribuidoras de gás canalizado. Curado diz que os investimentos nesse setor serão concentrados no país. “Somos sondados sobre possibilidade de compras fora do Brasil, mas avaliamos que há muita oportunidade de crescimento aqui.”
Nos planos também estão o mapeamento do setor de infraestrutura e energia. Curado não vê o conglomerado fazendo investimentos em aeroportos e concessões de rodovias, mas afirma que os portos podem trazer oportunidades, sem dar mais detalhes.
Um dos maiores distribuidores de combustíveis do país, o grupo também poderá investir em biocombustíveis. “Não vejo o Ultra como uma usina de álcool, nem como donos de fazendas agrícolas. Mas há outras alternativas de entrar nessa área.”
O grupo anunciou este ano a venda de importantes ativos: Oxiteno, por US$ 1,3 bilhão para o grupo asiático Indorama; Extrafarma para a rede Pague Menos, por R$ 700 milhões, e ConectCar, para a Porto Seguro, por R$ 165 milhões. “Há três anos, começamos a avaliar o nosso portfólio. A Oxiteno já é uma empresa consolidada no Brasil, com subsidiárias fora, e não tinha mais por onde crescer por aqui”, afirmou o executivo.
No caso da Extrafarma, Curado afirmou que o negócio era muito diferente das outras divisões do grupo, assim como a ConectCar. Esses desinvestimentos, segundo ele, também ajudaram a companhia a reduzir o endividamento e dar mais fôlego para projetos futuros.
O projeto de entrar em refino coincidiu com a revisão estratégica do portfólio da companhia iniciado há três anos, mesma época que a Petrobras se comprometeu com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) de vender 8 refinarias.
O Ultra participou de análises de refinarias colocadas à venda e fez oferta vinculante pela Refap. No início do mês, Ultra e Petrobras anunciaram em comunicado que as negociações não tinham avançado. Curado não quis dar mais detalhes sobre esse assunto.
Segundo ele, o conglomerado poderá eventualmente voltar a avaliar o refino, caso a estatal decida fazer novo processo de venda. Para o executivo, no entanto, essas discussões só deverão ser retomadas a partir de 2023, após as eleições presidenciais.
Curado fará, a partir do início do ano que vem, parte do conselho de administração da companhia. Marcos Lutz, ex-grupo Cosan, que faz parte do colegiado, assumirá a gestão.
Lutz chega com o apoio dos acionistas para dar a nova guinada ao conglomerado. O executivo já tinha trabalhado na Ultracargo e também passou pela CSN – Lutz ajudou a arquitetar as mudanças de estratégia da Cosan, que entrou em ferrovia e distribuição de combustíveis. Em 2023, vai assumir a presidência do conselho, ocupado por Pedro Wongtschowski.