Setor de saneamento deve liderar expansão no biogás
FONTE: Valor Econômico
Hoje estão em atividade nove usinas de biogás em estações de tratamento de esgotos e 42 em aterros sanitários
Os resíduos provenientes da área de saneamento, os aterros e o tratamento de esgoto, respondem por 73% do volume de material orgânico para a geração de biogás hoje. “É o setor que deve responder com projetos de expansão de forma mais acelerada nos próximos anos”, afirma Tamar Roitman, gerente executiva da Associação Brasileira do Biogás (Abiogás).
Atualmente estão em atividade nove usinas de biogás em estações de tratamento de esgotos (ETEs) e 42 em aterros sanitários. O biogás é utilizado majoritariamente para a produção de eletricidade, mas já surgem as primeiras iniciativas de unidades produtoras de biometano – o biogás purificado em padrão de gás natural, que pode assim abastecer veículo, residências e servir como insumo industrial.
A Ecometano, empresa do Grupo MDC, é uma das pioneiras no aproveitamento de biogás de saneamento para gerar biometano. Em julho, a empresa anunciou um acordo com a Solví Essensis Ambiental para investimento de R$ 40 milhões numa planta de geração de biometano no aterro da Solví em Caieiras, na Grande São Paulo.
A unidade vai produzir inicialmente 60 mil metros cúbicos diários (m3 /dia) de biometano a partir de 2023, podendo chegar a 100 mil m3 /dia. A distribuição será feita por meio da rede de gasodutos paulistas.
“O biometano é um ótimo negócio para o gestor de aterros, pois permite a destinação socioambiental correta dos resíduos e ainda gera uma receita adicional de 15% a 20% para o negócio”, afirma Manuela Kayath, CEO do Grupo MDC.
Os cálculos de Kayath indicam que a usina em Caieiras evitará a emissão de aproximadamente 320 mil toneladas por ano de gás carbônico, quantidade equivalente a emissão anual média de 63 mil veículos leves. Além disso, o biometano produzido poderá substituir 60 mil litros de diesel por dia.
Caieiras é a terceira unidade produtora da Ecometano. A empresa produz biometano no Aterro Dois Arcos, em São Pedro da Aldeia (RJ), com capacidade para 15 mil metros cúbicos por dia, produção destinada ao abastecimento de veículos.
A outra unidade está instalada no Aterro Sanitário Municipal Oeste de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (CE), com capacidade para 90 mil m3 /dia, responsável pelo fornecimento de 20% do gás natural distribuído pela Companhia de Gás do Ceará (Cegás).
A unidade cearense receberá um investimento de R$ 15 milhões para ampliar sua capacidade para 115 mil m3 diários em 2022. “Já estamos em negociações avançadas para uma quarta unidade, mas ainda não podemos revelar o parceiro”, afirma Kayath.
Em setembro, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) concedeu a licença de operação para uma unidade de biometano da Zeg Biogás e Energia no aterro sanitário de Sapopemba, na zona leste da cidade de São Paulo, administrado pela Ecourbis Ambiental. O investimento de R$ 22 milhões permitirá a produção de 30 mil m3 /dia de biometano.
Já temos um acordo com a Multilixo para uma unidade com a mesma capacidade para ser instalada em 2022 no aterro da companhia em São José dos Campos”, afirma Daniel Rossi, CEO da Zeg.