Distribuidoras terão de importar combustíveis
FONTE: Tribuna do Norte
A Petrobras confirmou que não poderá atender todos os pedidos de fornecimento de combustíveis para novembro, que teriam vindo acima de sua capacidade de produção. Com o barril do petróleo a mais de US$ 80 (cerca de R$ 447), a Petrobras deixou para as distribuidoras a incumbência de complementar com importação o volume adicional à produção nacional necessário para suprir a demanda interna de combustíveis.
O custo excedente com importação será repassado para o consumidor que, no fim das contas, deve pagar mais caro pelos combustíveis nas bombas, ainda que a Petrobras não reajuste seus preços nas refinarias. A alta foi estimada em 17% pela Associação das Distribuidoras de Combustíveis (Brasilcom).
Os executivos das distribuidoras garantem que não há risco de desabastecimento. A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) também diz que não. O complemento à Petrobras será garantido por outros países. Na prática, o que está acontecendo é que a Petrobras está deixando para as distribuidoras o compromisso de importação, antes assumido por ela. Uma parcela da demanda interna sempre foi coberta com produtos trazidos de outros países. Com o petróleo e os seus derivados em alta, esse custo estava sendo absorvido pela estatal. Ao deixar a importação para as distribuidoras, a Petrobras se desfaz desse custo.
Em comunicado, a Petrobras afirmou que recebeu uma “demanda atípica” de pedidos de fornecimento de combustíveis para o próximo mês, muito acima dos meses anteriores e de sua capacidade de produção, e que apenas com muita antecedência conseguiria se programar para atendê-los, e que não está descumprindo contratos.
Segundo a estatal, os pedidos extras solicitados para novembro vieram 20% acima da sua capacidade de suprimento no caso do diesel e 10% acima em relação à gasolina, uma demanda “atípica” tanto em termos de volume como no prazo para fornecimento. “Além disso, não houve, do ponto de vista do mercado, qualquer fato que justificasse esse acréscimo de demanda”, afirmou a empresa.
“Atualmente, há dezenas de empresas cadastradas na ANP aptas para importação de combustíveis. Portanto, essa demanda adicional pode ser absorvida pelos demais agentes do mercado brasileiro”, disse a Petrobras, em nota. Essa mudança de postura da empresa foi comemorada pelos importadores, que veem nela uma oportunidade para ganhar espaço no mercado interno de combustíveis. “Ao reduzir a importação, a Petrobras institucionaliza o mercado livre de combustíveis no Brasil”, afirmou Sérgio Araújo, presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
Em geral, a entidade critica a estatal. A luta da Abicom, em geral, é para que a Petrobras suba os seus preços, em linha com o mercado internacional, e, com isso, permita que concorrentes disputem participação de mercado. Dessa vez, no entanto, a associação aplaudiu a petrolífera.
A medida não agrada, no entanto, um grupo de distribuidoras. Seis delas recorreram à ANP reclamando de cortes nos pedidos de fornecimento de derivados de petróleo. No dia 11 de outubro, segundo a Associação das Distribuidoras de Combustíveis Brasilcom – que representa mais de 40 distribuidoras regionais de combustíveis – a petroleira teria avisado diversas associadas sobre “uma série de cortes unilaterais nos pedidos feitos para fornecimento de gasolina e óleo diesel” para novembro. Para a associação, “as reduções promovidas pela Petrobras chegariam, em alguns casos, a mais de 50% do volume solicitado para compra”.
A ANP também afastou risco de desabastecimento. “Não há indicação de desabastecimento no mercado nacional de combustíveis, nesse momento. A ANP segue realizando o monitoramento da cadeia de abastecimento e adotará, caso necessário, as providências cabíveis para mitigar desvios e reduzir riscos”, afirmou o órgão regulador.
A Petrobras e o governo federal vêm sofrendo pressões de diversos segmentos da sociedade devido a um avanço expressivo dos preços dos combustíveis no país neste ano, que têm refletido cotações internacionais. Nesse contexto, a petroleira tem reajustado os preços em intervalos maiores nos últimos meses, evitando repassar volatilidades externas.
O Brasil não produz o volume de combustíveis necessário para abastecer o País e depende de importações. A Petrobras, nos últimos anos, vem buscando praticar preços de mercado, para garantir que as compras externas não tragam prejuízos.
Parque de refino
A petroleira destacou, em comunicado na segunda-feira, que está operando seu parque de refino com fator de utilização de 90% no acumulado de outubro, contra 79% no primeiro semestre do ano. Em 2020, o fator de utilização das refinarias também ficou em cerca de 79%, superior ao registrado em 2019 (77%) e 2018 (76%), mesmo considerando paradas programadas nas refinarias Reduc, RPBC, Regap, Rlam, Repar e Revap, que foram postergadas de 2020 para 2021 em função da pandemia.
“Nos últimos anos, o mercado brasileiro de diesel foi abastecido tanto por sua produção, quanto por importações realizadas por distribuidoras, terceiros e pela companhia, que garantiram o atendimento integral da demanda doméstica”, disse a Petrobras.
Em uma semana, gasolina sobe 2,67% no RN
Em uma semana, o preço médio da gasolina C Comum, no Rio Grande do Norte subiu 2,67%, um aumento de R$ 0,18. O valor passou de R$ 6,675, na semana de 03 a 10 de outubro para R$ R$ 6,853, de 10 a 16/10, segundo a mais recente pesquisa realizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Com isso, o Estado subiu um posto no ranking das gasolinas mais caras do Brasil, e somente o Piauí tem preço médio mais alto para a gasolina comum (R$ 6,936).
Natal também aparece com a segunda gasolina mais cara entre as capitais e encher um tanque de 40 litros sai mais de R$ 30 mais caro em solo potiguar do que em Pernambuco e Paraíba. Na comparação mensal, o preço médio da gasolina comum no RN subiu 3,52 em quatro semanas e 25,47% em seis meses.
Em comparação à Paraíba e Pernambuco, os estados vizinhos seguem com preços melhores do que o RN, mas também registraram alta. Enquanto na semana de 03 a 10/10, a gasolina comum era vendida, em média, a R$ 5,963 na Paraíba e R$ 5,996 em Pernambuco, os preços agora saltaram para R$ 6,163 e R$ 6,186, respectivamente. O levantamento foi o primeiro a captar totalmente o efeito do reajuste recente da gasolina nas refinarias pela Petrobras, já que os novos preços passaram a valer em 9 de outubro.
Entre as capitais, somente Teresina tem um preço médio mais alto do que Natal. A capital piauiense vende a gasolina comum a R$ 6,934, enquanto Natal tem litro custando R$ 6,884. Macapá é a capital com a gasolina mais “barata”, custando R$ 5,514. Na comparação com as capitais vizinhas a Natal, Recife vende o combustível a R$ 6,079, enquanto João Pessoa tem preço médio de R$ 6,153. Para comparar, encher um tanque de 40 litros em Natal custa R$ 275,36, enquanto a mesma quantidade de gasolina sai por R$ 243,16 em Recife, R$ 246,12 em João Pessoa e R$ 220,56 em Macapá.
No País, a gasolina também avançou, com o preço médio do litro pulando de R$ 6,117 para R$ 6,321 de uma semana para outra, alta de 3,33%. Já o preço do diesel se manteve praticamente estável na semana passada, com o preço médio subindo 0,3% em relação ao da semana anterior, para R$ 4,976 o litro. No RN, a alta foi de 0,76%, com o preço médio indo a R$ 5,401.
Os preços médios do etanol hidratado subiram em 18 Estados e no Distrito Federal na semana entre 10 e 16 de outubro. Em outros oito Estados, os preços recuaram. Nos postos pesquisados pela ANP, o preço médio do etanol subiu 0,92% na semana ante à anterior, de R$ 4,775 para R$ 4,819 o litro. No RN, o aumento foi de 0,37%, com o preço médio saindo de R$ 5,724 para R$ 5,745.