No mundo, o gás natural voltou; no Brasil, ainda não aconteceu

Governo precisa estabelecer políticas focadas em regulações menos intervencionistas e mais em soluções de mercado

FONTE: Estadão.

Durante o CeraWeek 2025, o maior evento do setor de energia mundial, o
secretário de Energia dos Estados Unidos, Chris Wright, fez um discurso simples e
pragmático derrubando uma série de mitos.

Sua definição de energia é simples. “Energia é o facilitador de tudo o que fazemos.
Energia não é um setor da economia, é o setor que possibilita todos os outros
setores. Energia é vida.”

Mantendo um tom pragmático, deixa claro o que se deve esperar do governo Trump
em relação à agenda da transição energética. “O governo Trump tratará a mudança
climática pelo que ela é, um fenômeno físico global que é um efeito colateral da
construção do mundo moderno. Nós de fato aumentamos a concentração
atmosférica global de CO2 em 50% num processo que mais que dobrou a
expectativa de vida humana, tirando quase todos os cidadãos do mundo da pobreza
extrema, lançando a medicina moderna, telecomunicações, aviões, trens e
automóveis.”

Durante todo o seu discurso, chamou a atenção para a importância do gás natural
como a fonte de energia que perpassa diferentes setores da economia, e que é a
principal aposta dos Estados Unidos na produção de energia. O gás natural hoje
fornece 25% da energia primária global.

Nos Estados Unidos, o gás natural é a maior
fonte de aquecimento residencial e responsável por 43% da eletricidade do país.
Embora a penetração das energias eólica e solar tenha aumentado
significativamente, hoje elas fornecem aproximadamente 3% da energia primária
global. Portanto, o governo Trump vai criar políticas que incentivem o aumento da
oferta de gás e investimentos em terminais de Gás Natural Liquefeito (GNL) para
exportação, em particular para a Europa.

Assim como em sua simples e pragmática introdução, Chris Wright termina seu
discurso da mesma maneira, dizendo: “Nada disso será possível sem políticas
energéticas racionais e bem pensadas e uma avaliação verdadeiramente honesta das
mudanças climáticas”.
O Brasil está demorando muito a entender a importância do gás natural como a
energia que traz segurança e, ao mesmo tempo, é essencial para a reindustrialização
e a transição energética.
O governo precisa estabelecer políticas pragmáticas que tenham prioridades
focadas em regulações menos intervencionistas e mais em soluções de mercado,
como regulações que reduzam o monopólio da Petrobras e tragam transparência
aos preços do escoamento e processamento do gás. Caso contrário, continuaremos
tendo redução da oferta, da demanda e preços altos. E o Brasil perderá a
oportunidade de ter no gás natural uma presença de destaque na sua matriz
energética, como ocorre nos Estados Unidos e nas principais regiões econômicas do
mundo.

E como bem disse o secretário em seu discurso: “Além dos problemas óbvios de
escala e custo, não há nenhuma maneira física pela qual a energia eólica, solar e as
baterias possam substituir os inúmeros usos do gás natural. Precisamos de mais
energia. Muito mais energia. Isso deveria ser óbvio”.