Cofco triplica sua capacidade no porto de Santos

FONTE: Revista OE.

Está programada para março a inauguração da primeira fase da construção do STS 11, terminal agrícola de granéis sólidos vegetais que promete ser um dos maiores do porto de Santos. Com essa obra, que exigirá R$ 1,7 bilhão em investimentos, e novos aportes em ativos ferroviários, estimados em R$ 1,2 bilhão, a empresa prevê triplicar sua capacidade de movimentação no País.

Em 2022, a Cofco International Brasil venceu a licitação para a construção do STS 11. Como parte do contrato de arrendamento, a empresa, uma das maiores tradings do mundo, investirá na modernização e expansão das instalações do terminal. Desde então a companhia vem avançando com as obras.

A primeira fase, que será concluída neste mês, consiste na entrega do pátio, área que contará com quatro moegas ferroviárias e sete tombadores para o armazenamento e abastecimento dos navios. Após a conclusão dessa etapa, a empresa iniciará a construção das conexões de todos os equipamentos do terminal.

De acordo com Sérgio Ferreira, diretor de operações da Cofco International, a ampliação da capacidade, com o aproveitamento da estrutura local para otimizar a produção e amplificar os resultados operacionais da companhia, é um dos destaques da obra. “O Terminal Export Cofco (TEC) se notabiliza tanto por sua capacidade operacional, como pela implementação de tecnologias mais avançadas, alinhadas com práticas sustentáveis do mercado. Entre os destaques estão os transportadores de última geração”, afirma o executivo.

Os investimentos no terminal incluem obras em dois berços de atracação, incluindo reforço de cais, dragagem de aprofundamento e aquisição de dois shiploaders (carregadores de navios) com capacidade de 3 mil toneladas por hora cada um. Já o pátio de descarregamento será composto por quatro linhas ferroviárias, com alimentação de três moegas com capacidade de 1,5 mil toneladas por hora.

Segundo Ferreira, a construção do terminal, especialmente em sua primeira fase, enfrentou desafios significativos em relação às condições climáticas adversas, como as estações chuvosas. “Apesar das intempéries, com a adoção de técnicas inovadoras, a equipe conseguiu manter um ritmo acelerado de obras”, diz.

Com a obra concluída, a previsão é receber três composições de até 120 vagões, sendo que o terminal receberá também cargas por caminhões. Entre os diferenciais da construção, todos os transportadores serão completamente fechados, o que é mais sustentável e reduz perdas, segundo a empresa. Além disso, o fluxo de caminhões e vagões será automatizado.

“Assim que o terminal estiver finalizado, a Cofco operará 14 milhões de toneladas por ano, transformando o TEC no principal terminal do porto de Santos e o único a concentrar as operações de todas as cargas da companhia”, aponta Ferreira. Hoje, a empresa exporta cerca de 4,5 milhões de toneladas pelo porto de Santos. Mas a utilização de terminais de terceiros mantinha seus custos entre 10% e 15% superiores aos dos concorrentes.

Em seus planos, a companhia deve exportar pelo porto de Santos entre 70% e 80% dos produtos que origina no País para o exterior. O restante continuará a sair pelo Arco Norte, por meio dos terminais com a Hidrovias do Brasil, em que os contratos de “take or pay” estão mantidos. Segundo a Cofco, o investimento proporcionará mais opções aos agricultores e criará novas oportunidades para a companhia cooperar com parceiros da indústria local e empresas de logística.

STS-11 será o maior terminal portuário da Cofco fora da China, superando o até agora líder, localizado em Rosário, na Argentina, com capacidade para 6 milhões de toneladas anuais. Com o terminal totalmente operacional, o que deve acontecer em 2026, a Cofco irá triplicar sua capacidade portuária no Brasil.

Com isso, será possível colocar em prática os planos da empresa de aumentar as exportações, encerrando um dos problemas desde que ela chegou ao País, em 2014, que é não ter uma saída própria para os produtos originados daqui. Só em 2025, a Cofco tem a expectativa de movimentar pelo novo terminal 8 milhões de toneladas de grãos, açúcar e farelo de soja.

“A Cofco tem enorme potencial de crescimento e um plano robusto para se tornar cada vez mais relevante nos mercados em que atua na América Latina, principalmente no Brasil. A companhia seguirá investindo no País com foco em sua estratégia de aumentar a capacidade de originação com crescimento sustentável no longo prazo”, salienta o CEO da companhia.

Empresa investe R$ 1,2 bilhão na compra de vagões e locomotivas

Um exemplo da sua aposta no Brasil, segundo Sérgio Ferreira, é o investimento de R$ 1,2 bilhão na compra de 979 vagões e 23 locomotivas para operação logística, que será realizada pela Rumo, para atender o aumento da demanda no novo terminal do Porto de Santos. Entre os equipamentos adquiridos, estão locomotivas modelo AC44, da Wabtec, e vagões HPT, da Greenbrier Maxion, que serão entregues até dezembro deste ano.

“Os ativos adquiridos têm a capacidade de transportar até 4 milhões de toneladas de grãos e açúcar da região Centro-Oeste, onde a Cofco possui armazéns e indústria de esmagamento, e do interior de São Paulo, onde a companhia tem quatro usinas de açúcar, para o TEC, no porto de Santos.

Ainda segundo o executivo, o investimento em ativos ferroviários possibilitará o crescimento da Cofco de forma sustentável, “reforçando seu compromisso de investir no agronegócio brasileiro atrelado à estratégia em reduzir emissões e alcançar as metas da companhia, aprovadas pelo Science Based Targets initiative (SBTi) de emissões relacionadas ao uso de terra e remoções associadas a fluxos de bioenergia, com base na pegada global da Cofco International”.

Segundo Eudis Furtado, vice-presidente Comercial da Rumo, a parceria com a Cofco demonstra a confiança de uma relação robusta entre as empresas. “A Cofco já é uma parceira comercial importante para a Rumo. Agora, a partir desse inédito contrato no transporte de grãos e açúcar, juntas, conseguiremos expandir nossa participação dentro do porto de Santos, que é o mais importante do País. Além disso, estamos contribuindo para otimizar a logística nacional e diminuir o custo Brasil”, assinala.

Cofco International é uma empresa global de agronegócios que compra, armazena, vende, processa e distribui commodities agrícolas essenciais, entre grãos, oleaginosas, açúcar, algodão e café. Com sede em Genebra, na Suíça, ela emprega cerca de 11 mil profissionais, em 37 países, e possui ativos em todos os continentes, com negociações em mais de 50 países. A companhia é uma plataforma de agronegócios da Cofco Corporation, uma das maiores empresas agrícolas e de alimentos da China, com atuação global.