Mais um capítulo na disputa pela Bamin tende a impulsionar o desenvolvimento de Ilhéus
FONTE: McKinsey & Company
A Bahia Mineração (BAMIN) tornou-se alvo de uma disputa acirrada entre grandes players do setor mineral. A mineradora britânica Brazil Iron Limited entrou oficialmente na corrida pela aquisição dos ativos da BAMIN, juntando-se a outras empresas que já avaliaram a compra, como Vale e Cedro Mineração. A movimentação promete impactar o setor de minério de ferro no Brasil, especialmente na Bahia, onde os ativos estratégicos da BAMIN estão localizados.
O que está em jogo?
A BAMIN, atualmente controlada pelo grupo cazaque Eurasian Resources Group (ERG), opera a Mina Pedra de Ferro, localizada em Caetité (BA), e detém concessões sobre um trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), além de uma participação no Porto Sul, em Ilhéus. A empresa está à venda há anos, mas o alto custo de operação tem sido um obstáculo para a conclusão do negócio.
A venda da BAMIN é vista como essencial para a viabilização do projeto de infraestrutura mineral na região, mas enfrenta desafios significativos. O investimento necessário para tornar o empreendimento operacional gira em torno de R$ 30 bilhões. A obra é considerada desafiadora e de retorno de longo prazo, o que tem gerado ceticismo entre analistas do setor.
Quem são os interessados?
A Brazil Iron Limited, que já opera na Bahia, vê na BAMIN uma oportunidade de expansão. A empresa britânica assinou um acordo de confidencialidade (NDA) e encaminhou ao acionista controlador uma proposta de compra. Segundo fontes do setor, a oferta teria atendido às expectativas do ERG, que busca recuperar investimentos superiores a US$ 1 bilhão já realizados no país.
A Vale, maior mineradora do Brasil, está articulando uma proposta em consórcio com BNDESPar (braço de investimentos do BNDES) e empresas privadas, como a Cedro Participações. A expectativa é que parte dos recursos do acordo firmado entre o Ministério dos Transportes e a Vale, relacionado à repactuação das concessões ferroviárias, seja direcionada para a Fiol. A Cedro pode deter até 30% do negócio, enquanto o BNDESPar pode ficar com 20%, mas os detalhes ainda estão em discussão.
Entretanto, apesar das negociações frequentes, fontes indicam que a decisão sobre o consórcio da Vale deve ocorrer entre meados e o fim de 2025. Enquanto isso, a Brazil Iron corre por fora, tentando consolidar sua oferta com parceiros estrangeiros.
Por que essa disputa importa?
O Brasil é um dos maiores exportadores de minério de ferro do mundo, com um diferencial importante: a produção de minérios de alto teor. O concentrado da BAMIN contém mais de 65% de ferro e baixos níveis de contaminantes, características fundamentais para a produção de aço de baixo carbono, cada vez mais valorizado no mercado global.
Com a demanda por minério de ferro de alta qualidade em crescimento, poucos projetos no mundo oferecem características semelhantes à da Mina Pedra de Ferro. Isso explica o interesse de grandes empresas e o potencial impacto da negociação no setor.
Impactos para Ilhéus e região
Caso a Brazil Iron ou outra empresa concretize a compra da BAMIN, os investimentos podem impulsionar a economia da Bahia, especialmente nas cidades de Caetité e Ilhéus. A conclusão da Fiol e a ampliação do Porto Sul são fatores-chave para tornar o projeto viável, beneficiando a logística regional e gerando empregos diretos e indiretos.
A venda da BAMIN também é vista como crucial para destravar o leilão de um novo corredor ferroviário entre o Centro-Oeste e a costa baiana. A concessão, já em consulta pública, prevê a continuidade da Fiol até Mara Rosa (GO) e um trecho da Fico (Ferrovia de Integração Centro-Oeste), com investimento total de R$ 29 bilhões.
E agora, quem levará a BAMIN?
A corrida pela BAMIN segue aberta e pode ganhar novos capítulos em breve. A Brazil Iron surge como forte candidata, mas sua capacidade financeira para assumir o projeto é questionada por especialistas. O consórcio da Vale ainda precisa viabilizar sua oferta, enquanto outros investidores podem surgir.
Independentemente de quem vencer a disputa, o resultado deverá redefinir o cenário da mineração na Bahia e no Brasil, com possíveis impactos na infraestrutura e na economia regional. O mercado segue atento aos próximos desdobramentos, que podem transformar o futuro da BAMIN e dos investimentos logísticos no país.
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