Sem armazenamento, energia se perde e consumidor paga a conta, alerta Absae
Executivos, investidores e deputados se reuniram para discutir soluções que evitem desperdício de energias renováveis
FONTE: Canal Solar.
Lideranças do setor elétrico, investidores, parlamentares do setor elétrico se reuniram na última semana, em Brasília (DF), para debater o futuro do mercado de armazenamento de energia no Brasil.
O encontro, promovido pela Absae (Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia), teve como pauta central a inclusão de baterias no Leilão de Reserva de Capacidade, a criação de um marco regulatório mais consistente e a previsão de investimentos da ordem de R$ 40 bilhões no setor.
Segundo as lideranças presentes no encontro, o Brasil enfrenta hoje um paradoxo energético: apesar do crescimento acelerado da geração eólica e solar, a falta de infraestrutura para armazenamento resulta em desperdício de eletricidade.
Esse cenário , segundo a Absae, obriga o governo a manter em operação usinas térmicas, que são mais caras e poluentes.
“Hoje, o Brasil tem energia renovável sobrando, mas sem uma estratégia eficiente de armazenamento, essa eletricidade se perde e o consumidor paga a conta”, disse Markus Vlasits, presidente da associação.
Estimativas com base no leilão de 2021 indicam uma redução de 900 milhões de reais por GW por ano em comparação com soluções baseadas em usinas térmicas.
“Sem baterias, continuaremos queimando combustíveis fósseis desnecessariamente, gerando custos elevados para o consumidor e prejudicando a transição energética”, destacou Adalberto Moreira, vice-presidente da Absae.

Apoio parlamentar à regulação
Deputados federais participaram do evento e reforçaram a necessidade de avanço regulatório no setor. O deputado Diego Andrade (PSD-MG), que assumirá a presidência da Comissão de Minas e Energia da Câmara, disse que “investir em armazenamento significa gerar empregos, reduzir tarifas e garantir segurança energética”.
Já Vitor Lippi (PSDB-SP), afirmou que o armazenamento de energia é essencial para reduzir as emissões de carbono e tornar o setor mais eficiente.
“Tecnologias como baterias podem substituir as térmicas a diesel, reduzindo custos e tornando o sistema mais sustentável. Mas precisamos de um ambiente regulatório que estimule esses investimentos”, destacou.
Governo sinaliza diálogo, mas sem definição concreta
Apesar da pressão do setor, o MME (Ministério de Minas e Energia) ainda não confirmou a inclusão do armazenamento no Leilão de Reserva de Capacidade deste ano.
O ministro Alexandre Silveira, que era esperado no evento, não compareceu devido a um compromisso no Palácio do Planalto, mas agendou uma nova reunião com executivos e investidores para a próxima quarta-feira (26).
“A sinalização do Governo é positiva, mas precisamos de um compromisso firme. Cada dia sem definição significa mais desperdício de energia renovável e maior custo na conta de luz do consumidor”, alertou Elbia Gannoum, presidente da ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica).
Com a pressão crescente de investidores e congressistas, o setor aguarda uma decisão concreta do governo federal sobre a inclusão das baterias no leilão de capacidade.